Evolução laboratorial da colestase multifatorial em pacientes pediátricos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i5p309-314Palavras-chave:
Colestase, Icterícia Neonatal, Recém-Nascido.Resumo
Introdução: No fígado imaturo do recém-nascido (RN) a colestase neonatal pode ocorrer em associação a um ou vários fatores de risco, sem patologia subjacente. Esta condição denomina-se colestase neonatal multifatorial transitória. Prematuridade, restrição de crescimento intra-uterino ou situações que levam a maior estresse oxidativo (isquemia, comprometimento hemodinâmico, infecções, intervenções cirúrgicas, pausa alimentar, alimentação parenteral e fármacos) estão relacionadas com sua gênese. Objetivo: Avaliar a evolução da colestase neonatal multifatorial quanto a sua duração, assim como verificar as alterações médias das enzimas hepáticas, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), e canaliculares, gamaglutamiltransferase (GGT), e da bilirrubina direta (BD), comparando ainda a duração da colestase nos pacientes que fizeram uso do ácido ursodesoxicólico (UDCA) com o tempo de evolução dos que não o fizeram, no intuito de caracterizar melhor essa condição clínica e de chamar a atenção do profissional de saúde sobre sua natureza transitória, evitando dessa maneira a solicitação de exames mais específicos, onerosos e desnecessários. Método: Estudo transversal, com 32 pacientes de zero a 90 dias que apresentavam colestase neonatal multifatorial, acompanhados no ambulatório de hepatologia pediátrica do IMIP, no período de agosto de 2016 a agosto de 2017. Os dados foram coletados através de consulta ao prontuário. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do software “R” v.3.3.1. Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo masculino (59,38%). A idade média de início da colestase foi de 35,5 dias, e a de término de 171,3 dias. A média de duração da colestase foi de 135,8 dias. O valor médio da BD do início e término da colestase foi de 6,05 e 0,29 mg/dL, respectivamente. Com relação às enzimas hepáticas e canaliculares, as médias dos valores de AST, ALT e GGT do início foram 194,7, 123,8 e 387,9 U/L, e de término 69,1, 56 e 121,6 U/L, respectivamente. Apenas 11 pacientes fizeram uso do UDCA. O tempo médio de duração da colestase neste grupo foi de 114,1 dias. Aqueles que não usaram o UDCA, 21 pacientes, apresentaram icterícia colestática por um tempo médio de 147,1 dias. Conclusão: Diante dos resultados obtidos com a análise retrospectiva dos pacientes com diagnóstico de colestase multifatorial, chama a atenção a natureza transitória e benigna desta condição clínica, com duração média da colestase em torno de 136 dias de vida e declínio importante dos níveis das enzimas hepáticas e canaliculares após resolução do quadro
Downloads
Referências
Tufano M, Nicastro E, Giliberti P, Vegnente A, Raimondi F, Iorio R. Cholestasis in neonatal intensive care unit: Incidence, aetiology and management. Acta Paediatr. 2009;98(11):1756-61. doi: 10.1111/j.1651-2227.2009.01464.x.
Silva ES, Pó I, Gonçalves I. Colestase neonatal – protocolo de abordagem diagnóstica. Acta Pediatr Port. 2010;41(3):141-3.
Loomes KM, Erlichman J. Approach to evaluation of cholestasis in neonates and young infants. UpToDate. 2017 Jun [cited 2017 July 27]. Available from: https://www.uptodate.com/contents/approach-to-evaluation-of-cholestasis-in-neonates-and-young-infants?source=search_result&search=Definition%20of%20multifactorial%20cholestasis&selectedTitle=1~150
Best C, Gourley GR. Management of neonatal cholestasis. Therapy. 2009;6(1):75-81. https://doi.org/10.2217/14750708.6.1.75.
Fawaz R, Baumann U, Ekong U, Fischler B, Hadzic N, Karpen S, et al. Guideline for the evaluation of cholestatic jaundice in infants: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2017;64(1):154-68. doi: 10.1097/MPG.0000000000001334.
Carreira MSP. Fisiopatologia e fatores de risco associados ao desenvolvimento de colestase no período neonatal [dissertação]. Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto; 2014. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/0d33/e4df3e43154aa99f2280132187a47b7a47b5.pdf.
Pinto R, Silveira TR. Colestase neonatal: uma abordagem prática. Bol Cient Pediatr. 2016;05(3):92-102. Disponível em: http://www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/170118174030bcped_05_03_a05.pdf.
Carvalho E, Ivantes CAP, Bezerra JA. Atresia das vias biliares extra-hepáticas: conhecimentos atuais e perspectivas futuras. J Pediatr. 2007;83(2):105-20. https://dx.doi.org/10.2223/JPED.1607.
Nazer H. Cholestasis Treatment & Management. 2017 Aug [cited 2017 Oct 27]. In: Medscape. Available from: https://emedicine.medscape.com/article/927624-treatment
Albers M, de Gast-Bakker D, van Dam N, Madern G, Tibboel D. Male sex predisposes the newborn surgical patient to parenteral nutrition-associated cholestasis and to sepsis. Arch Surg. 2002;137(7):789-93. doi: 10.1001/archsurg.137.7.789.
Simões AP, Santos MC, Nunes A, Martins M, Bispo MA, Palminha JM. Colestase neonatal: contribuição da clínica e dos exames complementares para o diagnóstico diferencial (dez anos de experiência). Acta Pediatr Port. 1999;30(6):459-66.
Oswari H, Widjaja R, Rohsiswatmo R, Cleghorn G. Prognostic value of biochemical liver parameters in neonatal sepsis-associated cholestasis. J Paediatr Child Health. 2013;49(1):E6-11. doi: 10.1111/jpc.12053.
Repa A, Lochmann R, Unterasinger L, Weber M, Berger A, Haiden N. Aggressive nutrition in extremely low birth weight infants: impact on parenteral nutrition associated cholestasis and growth. PeerJ. 2016;4:e2483. doi: 10.7717/peerj.2483.
Chen C, Tsao P, Chen H, Chou H, Hsieh W, Chang M. Ursodeoxycholic acid (UDCA) therapy in very-low-birth-weight infants with parenteral nutrition-associated cholestasis. J Pediatr. 2004;145(3):317-21. doi: 10.1016/j.jpeds.2004.05.038.
Kim A, Lim R, Han Y, Park K, Byun S. Parenteral nutrition-associated cholestasis in very low birth weight infants: a single center experience. Pediatr Gastroenterol Hepatol Nutr. 2016;19(1):61-70. doi: 10.5223/pghn.2016.19.1.61.
Liu P, Guo L, Huang L, Zhao D, Zhen R, Yuan X, et al. Analysis of factors affecting the prognosis of neonatal cholestasis. Int J Clin Exp Med. 2015; 8(5): 8005-9. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4509307/.
Lane E, Murray K. Neonatal cholestasis. Pediatr Clin North Am. 2017;64(3):621-39. doi: 10.1016/j.pcl.2017.01.006.
Satrom K, Gourley G. Cholestasis in preterm infants. Clin Perinatol. 2016;43(2):355-73. doi: 10.1016/j.clp.2016.01.012.
Thibault M, McMahon J, Faubert G, Charbonneau J, Malo J, Mohamed I, et al. Parenteral nutrition-associated liver disease: a retrospective study of ursodeoxycholic acid use in neonates. J Pediatr Pharmacol Ther. 2014;19(1):42-8. doi: 10.5863/1551-6776-19.1.42.