Análise etiológica, demográfica e histopatológica pulmonar em autópsias de pacientes com HIV/SIDA – cerca de duas décadas de pesquisa comparando resultados antes e após a introdução de terapia anti-retroviral
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p25-33Palavras-chave:
Síndrome de imunodeficiência adquirida, Insuficiência respiratória/mortalidade, Terapia antirretroviral de alta atividade, Lesão pulmonar/patologia, Autópsias, Masculino.Resumo
Objetivos: Foram estudadas 489 autópsias de pacientes com HIV/SIDA, cuja causa da morte foi insuficiência respiratória aguda, a fim de descrever os dados demográficos, etiológicos e os achados histológicos pulmonares para as diferentes doenças associadas à infecção pelo HIV, comparando períodos pré e pós introdução de esquemas antiretrovirais. Métodos: Obtiveram-se dados referentes a idade, gênero e principais doenças associadas a HIV/SIDA encontradas nas autópsias. Os achados histopatológicos pulmonares foram classificados em: dano alveolar difuso, edema agudo de pulmão, hemorragia alveolar e pneumonia intersticial aguda. A probabilidade de que determinada doença associada à HIV/SIDA desenvolvesse padrão histopatológico pulmonar específico foi determinada por regressão logística. Resultados: Um total de 355 homens foi estudado. A mediana da idade foi 37 anos. Broncopneumonia esteve presente em 43,3% dos pacientes e pneumocistose em 38%. Análise histopatológica mostrou dano alveolar difuso em 31% e pneumonia intersticial aguda em 23%. A análise multivariada mostrou uma associação significativa entre dano alveolar difuso e: tuberculose miliar, cirrose e sepse grave e, entre pneumonia intersticial aguda e: pneumocistose e citomegalovirose. Houve aumento da prevalência de broncopneumonia, sepsee cirrose, e queda em pneumonia por Pneumocystisjirovecie citomegalovirose. Conclusões: Consoante com a literatura, nosso estudo mostrou queda da mortalidade por insuficiência respiratória aguda relacionada a algumas infecções oportunistas associadas ao HIV/SIDA, provavelmente devido a combinações eficazes de terapias antiretrovirais. No entanto, observou-se um aumento na prevalência de broncopneumonia, sepse e/ou choque séptico e cirrose hepática nas autópsias. O mais prevalente padrão pulmonar histopatológico foi dano alveolar difuso, que sugeriu uma associação positiva com tuberculose miliar, sepse e cirrose hepática.