Epidemiologia dos transtornos de ansiedade em regiões do Brasil

uma revisão de literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i6p415-422

Palavras-chave:

Transtornos de ansiedade, Brasil, Epidemiologia, Carga de doenças, Efeitos psicossociais da doença, Serviços de saúde, Prevalência

Resumo

Objetivo: Identificar a frequência, os fatores determinantes e o uso de serviços de saúde disponíveis para o tratamento dos transtornos ansiosos no Brasil. Métodos: As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados: PubMed, LILACS e Google Acadêmico, cobrindo os 10 últimos anos. Os descritores foram: “epidemiologia”, “transtornos de ansiedade”, “prevalência” e “Brasil”. Foram selecionados os artigos com dados originais, de amostras representativas da comunidade. Critérios de inclusão: os transtornos de ansiedade devem ter sido avaliados por meio de entrevistas diagnósticas padronizadas. Resultados: A prevalência-ano de transtornos ansiosos em algumas regiões do Brasil (principalmente regiões sudeste e sul) foi elevada, chegando a 19,9% e prevalência-vida de 28,1% na região metropolitana de São Paulo. A razão de prevalência, ou a relação entre a taxa no último ano e ao longo da vida, foi de 0,71, mostrando a alta persistência dos transtornos ansiosos. Alguns fatores sociodemográficos e a comorbidade com outros transtornos mentais (principalmente com a depressão) e fïsicos foram associados com a ansiedade. Os quadros mais persistentes foram os mais associados com a comorbidade física e doenças crônicas. Somente 23% dos indivíduos entrevistados (com a maior procura entre os pacientes com transtorno do pânico) obtiveram alguma forma de tratamento de saúde no ano anterior à entrevista. Discussão: Nas regiões incluídas na presente revisão, os transtornos ansiosos representam a condição psiquiátrica mais prevalente entre os estudos que avaliaram outros transtornos mentais, cujo curso apresentou alta persistência ou cronicidade. Em comparação com países de alta renda, há alguns indícios que a proporção de indivíduos que obtiveram alguma forma de tratamento no nosso meio seja menor. Com base nos dados levantados, constatou-se que grande parte dos estudos avaliados comenta sobre a importância de implementar serviços públicos abrangentes, a fim de fornecer uma rede de apoio para as necessidades da população.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Vitor Iglesias Mangolini, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina FMUSP

    Acadêmico de Medicina na Faculdade de Medicina da USP, Nucleo de Epidemiologia Psiquiatrica (LIM-23), Instituto de Psiquiatria, Hospital das Clinicas HCFMUSP, Faculdade de Medicina, Universidade de Sao Paulo,
    SP BR.

  • Laura Helena Andrade, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina FMUSP

    Doutora em Psiquiatria, Médica assistente do Instituto de Psiquiatria, Nucleo de Epidemiologia Psiquiatrica (LIM-23), Instituto de Psiquiatria, Hospital das Clinicas HCFMUSP, Faculdade de Medicina, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, BR.

     

  • Yuan-Pang Wang, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina FMUSP

    Doutor em Psiquiatria, Médico assistente do Instituto de Psiquiatria, Nucleo de Epidemiologia Psiquiatrica (LIM-23), Instituto de Psiquiatria, Hospital das Clinicas HCFMUSP, Faculdade de Medicina, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, BR.

Referências

1. Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME). GBD Compare Data Visualization. Seattle, WA: IHME, University of Washington; 2016 [cited 2017 Oct 11]. Available from: http://vizhub.healthdata.org/gbd-compare.
2. GBD 2016 DALYs and HALE Collaborators. Global, regional, and national disability-adjusted life-years (DALYs) for 333 diseases and injuries and healthy life expectancy (HALE) for 195 countries and territories, 1990-2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet. 2017;390(10100):1260-344. doi: 10.1016/S0140-6736(17)32130-X.
3. Viana MC, Teixeira MG, Beraldi F, Bassani Ide S, Andrade LH. São Paulo Megacity Mental Health Survey - a population-based epidemiological study of psychiatric morbidity in the São Paulo metropolitan area: aims, design and field implementation. Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(4):375-86. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462009000400016.

4. Bandelow B. Epidemiology of depression and anxiety. In: Kasper S, den Boer JA, Sitsen AJM, editors Handbook on depression and anxiety. New York, NY: M. Dekker; 2003. p.49-68.
5. Coutinho LMS, Scazufca M, Menezes PR.. Métodos para estimar razão de prevalência em estudos de corte transversal. Rev Saúde Pública. 2008;42(6):992-8. doi: 10.1590/S0034-89102008000600003
6. Kessler RC, Andrade LH, Bijl RV, Offord DR, Demler OV, Stein DJ. The effects of co-morbidity on the onset and persistence of generalized anxiety disorder in the ICPE surveys. International Consortium in Psychiatric Epidemiology. Psychol Med. 2002;32(7):1213-25. doi: 10.1017/s0033291702006104.
7. Kessler RC, Avenevoli S, Costello EJ, Georgiades K, Green JG, Gruber MJ, et al. Prevalence, persistence, and sociodemographic correlates of DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey Replication Adolescent Supplement. Arch Gen Psychiatry. 2012;69(4):372-80. doi: 10.1001/archgenpsychiatry.2011.160.
8. American Psychiatric Association - APA. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-V). 5th ed. Washington (DC); 2013.
9. Almeida-Filho N, Mari J de J, Coutinho E, França JF, Fernandes J, Andreoli SB, et al. Brazilian multicentric study of psychiatric morbidity. Methodological features and prevalence estimates. Br J Psychiatry. 1997;171:524-9. doi: 10.1192/bjp.171.6.524.
10. Andrade L, Walters EE, Gentil V, Laurenti R. Prevalence of ICD-10 mental disorders in a catchment area in the city of São Paulo, Brazil. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2002;37(7):316-25. doi: 10.1007/s00127-002-0551-x.
11. Andrade LH, Wang Y-P, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, et al. Mental Disorders in Megacities: Findings from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. PLoS ONE. 2012;7(2):e31879. doi: 10.1371/journal.pone.0031879.
12. Viana MC, Andrade LH. Lifetime Prevalence, age and gender distribution and age-of-onset of psychiatric disorders in the São Paulo Metropolitan Area, Brazil: results from the São Paulo Megacity Mental Health Survey. Rev Bras Psiquiatr. 2012;34(3):249-60. doi: 10.1016/j.rbp.2012.03.001.
13. Blay SL, Fillenbaum GG, Mello MF, Quintana MI, Mari JJ, Bressan RA, Andreoli SB. 12-month prevalence and concomitants of DSM-IV depression and anxiety disorders in two violence-prone cities in Brazil. J Afect Disord. 2018;232:204-11. https://doi.org/10.1016/j.jad.2018.02.023.
14. Kemp AH, Brunoni AR, Nunes MA, Santos IS, Goulart AC, Ribeiro AL, et al. The association between mood and anxiety disorders, and coronary heart disease in Brazil: a cross-sectional analysis on the Brazilian longitudinal study of adult health (ELSA-Brasil). Front Psychol. 2015;6:187. doi: 10.3389/fpsyg.2015.00187.
15. Andrade LH, Benseñor IM, Viana MC, Andreoni S, Wang YP. Clustering of psychiatric and somatic illnesses in the general population: multimorbidity and socioeconomic correlates. Braz J Med Biol Res. 2010;43(5):483-91. doi: 10.1590/s0100-879x2010007500024.
16. De Lima MS, Hotopf M, Mari JJ, Béria JU, De Bastos AB, Mann A. Psychiatric disorder and the use of benzodiazepines: an example of the inverse care law from Brazil. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 1999;34(6):316-22.
17. Wang YP, Chiavegatto Filho AD, Campanha AM, Malik AM, Mogadouro MA, Cambraia M, Viana MC, et al. Patterns and predictors of health service use among people with mental disorders in São Paulo metropolitan area, Brazil. Epidemiol Psychiatr Sci. 2017;26(1):89-101. doi: 10.1017/S2045796016000202.
18. Chiavegatto Filho AD, Wang YP, Campino AC, Malik AM, Viana MC, Andrade LH. Incremental health expenditure and lost days of normal activity for individuals with mental disorders: results from the São Paulo Megacity Study. BMC Public Health. 2015;15:745. doi: 10.1186/s12889-015-2099-1.
19. Andrade LH, Baptista MC, Alonso J, Petukhova M, Bruffaerts R, Kessler RC, et al. Days out-of-role due to common physical and mental health problems: Results from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. Clinics. 2013;68(11):1392-9. doi: 10.6061/clinics/2013(11)02.
20. Kessler RC, Berglund P, Demler O, Jin R, Merikangas KR, Walters EE. Lifetime prevalence and age-of-onset distributions of DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey Replication. Arch Gen Psychiatry. 2005;62(6):593-602. doi: 10.1001/archpsyc.62.6.593.
21. Alonso J, Liu Z, Evans-Lacko S, Sadikova E, Sampson N, Chatterji S, et al. Treatment gap for anxiety disorders is global: Results of the World Mental Health Surveys in 21 countries. Depress Anxiety. 2018;35(3):195-208. doi: 10.1002/da.22711.
22. Wang PS, Lane M, Olfson M, Pincus HA, Wells KB, Kessler RC. Twelve-month use of mental health services in the United States: results from the National Comorbidity Survey Replication. Arch Gen Psychiatry. 2005;62(6):629-40. doi: 10.1001/archpsyc.62.6.629.

Downloads

Publicado

2019-11-27

Edição

Seção

Artigos de Revisão/Review Articles

Como Citar

Epidemiologia dos transtornos de ansiedade em regiões do Brasil: uma revisão de literatura. (2019). Revista De Medicina, 98(6), 415-422. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i6p415-422