Teorias Francesas do Século XVII: Números e Paixões - Pensamentos de Platão, Mersenne e Descartes

Autores

  • Rodrigo Lopes IA/UNESP

DOI:

https://doi.org/10.11606/rm.v14i1.115260

Palavras-chave:

Antiguidade, Números, Música Francesa, Século XVII

Resumo

A França do século XVII e da primeira metade do século XVIII é marcada por traços comuns que correspondem não só a ideias artísticas ou técnicas; a música está integrada num todo social e cultural, envolvida com a mentalidade e ideias correntes, não possuindo independência nos diversos domínios onde está inserida. Nesses domínios, a música é também parte integrante de um mundo cósmico e universal como um todo, subjugada ao absolutismo monárquico e ao serviço de Deus. Na hierarquia social, o monarca está em seu ápice, e servi-lo é a maior honra e prestígio que se poderia ter. A compreensão do texto literário é um traço marcante neste período, e a música deve estar a serviço da palavra e da representação das paixões da alma. Essa representação está inserida numa certa teoria das paixões, sua origem é encontrada na concepção platônica da alma e do mundo; como Platão, muitos teóricos do século XVII acreditam que as proporções equilibram as diversas partes de nossa alma, sendo semelhantes às mesmas proporções que fundamentam o sistema musical. Assim, neste trabalho, procura-se observar alguns traços quanto à retórica das paixões e a especulação numérica a partir da análise de aspectos do Timeu de Platão, obra que unifica a doutrina pitagórica dos números e lhe dá um significado cosmológico, pela explicação das proporções matemáticas, onde o microcosmo humano é reflexo das leis do macrocosmo. Além disso, observar aspectos do pensamento de Mersenne que, tributário do pensamento de Platão e Zarlino, possui em sua escritura analogias com uma ordem universal, além de outras analogias místicas e religiosas como argumentos para validar suas ideias musicais como, por exemplo, a adoção da harmonia entre as consonâncias, como é descrito em sua Harmonie Universelle. Por fim, observar aspectos da nova concepção de ciência do pensamento de Descartes que, diferente dos outros, aborda a música por si mesma, como o é demonstrado em seu Compendium Musicae; nele, além de uma rede de analogias e símbolos de acordo com as propriedades do som, são avaliadas a recepção e a percepção do ouvinte perante os fenômenos sonoros. Pretende-se observar como o racionalismo cartesiano suplantou os outros pensamentos e como ele se estabeleceu, fortificando-se como um marco na estética musical.

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Publicado

2014-05-10

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Teorias Francesas do Século XVII: Números e Paixões - Pensamentos de Platão, Mersenne e Descartes. (2014). Revista Música, 14(1), 281-295. https://doi.org/10.11606/rm.v14i1.115260