Tribunais da sociedade: um estudo das estruturas decisórias do direito por meio dos sistemas organizacionais

Autores

  • Marco Antonio Loschiavo Leme de Barros Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v114p299-332

Palavras-chave:

Tribunais, Teorias das organizações, Sociologia do Direito, Teoria dos Sistemas

Resumo

O artigo descreve, inspirado pela teoria dos sistemas sociais de Niklas Luhmann, a dinâmica dos tribunais na sociedade moderna. É destacado as implicações da constatação que tribunais podem ser observados tanto como centro do sistema jurídico quanto como uma organização periférica do sistema político e do econômico. Trata-se, em verdade, de observar os tribunais da sociedade. Por ocasião desta observação, uma nova tipologia é apresentada para lidar com a descrição dos tribunais nas sociedades modernas, tais como as ideias de cortes originais, deferenciais, consequencialistas e catalisadoras. Nesse sentido o texto avança em diferentes estudos das teorias das organizações para sustentar uma perspectiva funcionalista que permite lidar com o fato organizacional social. Trata-se de uma observação da atuação do tribunal por sua própria estrutura e função, não se limitando às operações de outros sistemas funcionais, como em soluções descritivas sobre as cortes como instâncias de controle ou de programação.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marco Antonio Loschiavo Leme de Barros, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

    Doutor pelo Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Universidade de São Paulo. Professor titular da Universidade Paulista e pesquisador da Universidade de São Paulo.

Referências

ARANTES, Rogério Bastos. Judiciário & política no Brasil. São Paulo: Editora Sumaré, 1997.

ARGUELHES, Diego Werneck; FALCÃO, Joaquim; SCHUARTZ, Luis Fernando. Jurisdição, incerteza e Estado de Direito. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 243, p. 79-112, jan. 2006.

ARGUELHES, Diego Werneck; RIBEIRO, Leandro Molhano. Criatura e/ou criador: transformações do Supremo Tribunal Federal sob a Constituição de 1988. Revista Direito GV, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 405-440, maio/ago. 2016.

ARIDA, Pérsio et al. Credit, interest, and jurisdictional uncertainty: conjectures on the case of Brazil. In: GIAVAZZI, Francesco; GOLDFAJN, Ilan; HERRERA AGUILERA, Santiago. Inflation targeting, debt, and the Brazilian experience, 1999 to 2003. Cambridge, MA: MIT Press, 2005.

BAECKER, Dirk. The form of the firm. Organization, London, UK, v. 13, n. 1, p. 109-142, 2006.

BARROS, Marco Antonio Loschiavo Leme de. Tribunais, complexidade e decisão: o argumento consequencialista no direito brasileiro. 382 f. 2018. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

BESIO, Cristina; MEYER, Uli. Heterogeneity in world society: how organizations handle contradicting logics. In: HOLZER, Boris; KASTNER, Fatima; WERRON, Tobias. From globalization to world society: neo-institutional and systems-theoretical perspectives. New York: Routledge, 2015. p. 237-257.

BORA, Alfons. Technoscientific normativity and the “iron cage” of law. Science, Technology, & Human Values, v. 35, n. 1, p. 3-28, Jan. 2010.

BURNS, Tom; STALKER, G. M. The management of innovation. London: Tavistock, 1966.

BURRELL, Gibson. Modernism, post modernism and organization analysis 2: the contribution of Michel Foucault. Organization Studies, London, v. 9, n. 2, p. 221-235, April 1988.

BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de; BUSTAMANTE, Evanilda Nascimento de Godoi. Jurisdição constitucional na era Cunha: entre o passivismo procedimental e o ativismo substancialista do STF. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 346-388, jan./mar. 2016.

CAMPILONGO, Celso Fernandes. Política, sistema jurídico e decisão judicial. São Paulo: Max Limonad, 2002.

CHASIN, Ana Carolina da Matta. A assimilação da arbitragem no Brasil: disputas em torno da constituição de uma justiça extraestatal. 198 f. 2015. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

CUNHA, Luciana Gross (coord.). Índice de confiança na justiça brasileira – ICJBrasil. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2017.

DE GIORGI, Raffaele. Ciência do direito e legitimação: crítica da epistemologia jurídica alemã de Kelsen a Luhmann. Tradução de Pedro Jimenez Cantisano. Curitiba: Juruá, 2017.

DUTRA, Roberto Torres. Diferenciação funcional e a sociologia da modernidade brasileira. Política & Sociedade: Revista de Sociologia Política, Santa Catarina, v. 15, n. 34, p. 77-109, set./dez. 2016.

DUTRA, Roberto Torres; CAMPOS, Mauro Macedo. Por uma sociologia sistêmica da gestão de políticas públicas. Conexão Política, Teresina, v. 2, n. 2, p. 13-49, ago./dez. 2013. Disponível em: http://www.ojs.ufpi.br/index.php/conexaopolitica/article/view/2967/1720.

EHRLICH, Eugen. Fundamental principles of the sociology of law. New Brunswick: Transaction Publishers, 2009.

FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

GARDBAUM, Stephen. The new Commonwealth model of constitutionalism: theory and practice. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.

GROSSI, Paolo. Absolutismo jurídico (ou: da riqueza e da liberdade do historiador do direito). Revista Direito GV, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 191-200, jun./dez. 2005.

GUARNIERI, Carlo; PEDERZOLI, Patrizia. The power of judges: a comparative study of courts and democracy. Oxford: Oxford University Press, 2002.

HIRSCHL, Ran. Towards juristocracy: the origins and consequences of the new constitutionalism. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2007.

HOLZER, Boris; KASTNER, Fatima; WERRON, Tobias. From globalization to world society: neo-institutional and systems-theoretical perspectives. New York: Routledge, 2015.

LUHMANN, Niklas. Introdução à teoria dos sistemas. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

LUHMANN, Niklas. O direito da sociedade. Tradução Saulo Krieger. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

LUHMANN, Niklas. Organización y decisión. In: LUHMANN, Niklas. Organización y decisión: autopoiesis, acción y entendimiento comunicativo. Introducción y traducción de Darío Rodríguez Mansilla. Barcelona: Anthropos, 2005.

LUHMANN, Niklas. Social systems. Translated by John Bednarz Jr. with Dirk Baecker. Stanford, CA: Stanford University Press, 1995.

LUHMANN, Niklas. The future cannot begin: temporal structures in modern society. Social Research, Baltimore, v. 43, n. 1, p. 130-152, Spring 1976.

OLIVEIRA, Fabiana Luci de. O Supremo Tribunal Federal e a política no Brasil contemporâneo. Cadernos Adenauer, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 125-148, 2017.

PERROW, Charles. A society of organizations. Theory & Society, Basel, v. 20, n. 6, p. 725-762, Dec. 1991.

ROCHA, Leonel Severo; AZEVEDO, Guilherme de. Notas para uma teoria da organização da decisão jurídica autopoiética. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, São Leopoldo, v. 4, n. 2, p. 193-213, jul./dez. 2012.

SADEK, Maria Tereza. Judiciário: mudanças e reformas. Revista de Estudos Avançados, São Paulo, v. 18, n. 51, p. 79-101, maio/ago. 2004.

STICHWEH, Rudolf. Towards a general theory of function system crises. In: TEUBNER, Gunther; FEBBRAJO, Alberto; KJAER, Poul F. The financial crisis in constitutional perspective: the dark side of functional differentiation. Oxford: Hart Publishing, 2011. p. 43-60.

TAYLOR, Matthew M. Judging policy: courts and policy reform in democratic Brazil. Stanford: Stanford University Press, 2008.

TAYLOR, Matthew M. O judiciário e as políticas públicas no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 50, n. 2, p. 229-257, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/dados/v50n2/a01v50n2.pdf.

TEUBNER, Gunther. Bukowina global sobre a emergência de um pluralismo jurídico transnacional. Impulso: Revista de Ciências Sociais e Humanas, Piracicaba, n. 33, v. 14, p. 9-31, 2003.

TUSHNET, Mark V. Weak-form judicial review and “core” civil liberties. Harvard Civil Rights - Civil Liberties Law Review, Cambridge, MA, v. 41, n. 1, p. 1-22, Winter 2006. Disponível em: http://web.archive.org/web/20120218231236/http://www.law.harvard.edu/students/orgs/crcl/vol41_1/tushnet.pdf.

VIANNA, Luiz Wernek; BURGOS, Marcelo Baumann; SALLES, Paula Martins. Dezessete anos de judicialização da política. Tempo Social, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 39-85, 2007.

VIEIRA, Oscar Vilhena. Supremocracia. Revista Direito GV, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 441-463, jul./dez. 2008.

WALDRON, Jeremy. The core of the case against judicial review. The Yale Law Journal, New Haven, v. 115, n. 6, p. 1.346-1.406, 2006.

WEBER, Max. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do tipo ideal. In: CAMPOS, Edmundo (org.). Sociologia da burocracia. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. p. 15-28.

YOUNG, Katharine G. Constituting economic and social rights. Oxford: Oxford University Press, 2012.

Downloads

Publicado

2019-10-26

Edição

Seção

Trabalhos Acadêmicos

Como Citar

Tribunais da sociedade: um estudo das estruturas decisórias do direito por meio dos sistemas organizacionais. (2019). Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 114, 299-332. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v114p299-332