Contribuição para o estudo da cronologia dentária no zebu

Autores

  • Armando Chieffi Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Zootecnia Especial e Exterior dos Animais Domésticos, São Paulo, SP
  • Orlando Marques de Paiva Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos, São Paulo, SP
  • João Soares Veiga Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos, São Paulo, SP

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-5066.v3i4p251-269

Palavras-chave:

O artigo não apresenta palavras-chave.

Resumo

Com o objetivo de apresentar contribuição para o estudo da cronologia dentária no Zebu, estabelece-se, neste trabalho, a época de substituição dos dentes incisivos caducos pelos permanentes. As primeiras observações foram colhidas nas Exposições de Animais de Bauru (Est. de S. Paulo — Abril de 1946) e de Uberaba (Est. de Minas Gerais — Abril de 1946), prosseguindo na de Ribeirão Preto (Est. de São Paulo — Julho de 1946). Outros exames foram realizados em animais de propriedade de criadores de Taquaritinga (Est. de São Paulo — Julho de 1946) e Bauru (Est. de São Paulo — Novembro de 1946) e nos exibidos durante os certames nacionais em São Paulo (Est. de São Paulo — Outubro de 1946) e em Belo Horizonte (Est. de Minas Gerais — Agosto de 1947). Foram examinados 708 exemplares, 428 dos quais julgados em condições de aproveitamento. Eliminaram-se: animais sem “muda” com idade inferior a 18 meses; animais com “bôca feita” cuja idade ultrapassava 60 meses e, finalmente, indivíduos não registrados. Ao tomar como ponto de referência os limites indicados, adotou-se a tabela de MAGLIANO, por ser habitualmente seguida na prática. Visando estabelecer a época da queda das pinças de ieite ficharam-se, também, todos os exemplares que, embora não apresentando incisivos permanentes, haviam superado o limite para a troca das pinças, prefixado pela tabela utilizada. Anotados os dados relativos à raça, nome e sexo dos animais, procedeu-se ao exame dos dentes, assinalando-se a presença dos incisivos permanentes. A propósito, cumpre esclarecer ter-se considerado realizada determinada “muda”, desde que apenas um dos incisivos, a ela correspondente, tivesse irrompido. A idade real era colhida nos Livros Genealógicos e particulares de registro e acrescentada às fichas individuais. Dentre os 428 exemplares reunidos para estudo, 237 pertenciam à raça Gir, sendo 113 machos e 124 fêmeas; 191 à raça Nelore, compreendendo 51 machos e 140 fêmeas. Catalogadas as observações de acôrdo com a raça e a seguir segundo a "muda” e sexo, empregou-se método de estudo estatístico, visando estabelecer as respectivas médias. Como, mediante a aplicaçãodo “t test”, não se apurou significância estatística, relativamente às diferenças raciais e sexuais, em nenhuma das substituições, foi possível a junção, por "muda”, de tôdas as variáveis em média única. As conclusões são as seguintes:

1.°) — A queda das pinças de leite não se verifica antes dos 661.3 ± 11.5 dias (22 meses) no Gir e antes dos 690.9 ± 8.4 dias (23 meses) no Nelore, considerando-se machos e fêmeas englobadamente. As raças Gir e Nelore, em conjunto, ofereceram média equivalente a: 671.7 ± 2.6 dias (22.4 meses).

2.°) — A substituição das pinças de leite em bovinos da raça Gir ocorre, em média, nos machos aos 843.1 ± 36.5 dias (28.1 meses), nas fêmeas aos 827.8 ± 30.7 dias (27.6 meses); ou seja, englobadamente, aos 833.9 ± 23.4 dias (27.8 meses). No Nelore, a queda das pinças de leite dá-se, nos machos, aos 809.6 ± 21.3 dias (27 meses), nas fêmeas aos 875.7 ± 16.4 dias (29.2 meses), ou seja, conjuntamente, aos 859.9 ± 13.5 dias (28.7 meses). A média global para animais Gir e Nelore, de ambos os sexos, foi encontrada igual a 845.2 ± 11.6 dias (28.2 meses).

3.°) — Seguindo-se a mesma ordem de apresentação de valores, os dados referentes à substituição dos primeiros médios são: Raça Gir — machos: 1013.4 ± 27.2 dias (33.8 meses); fêmeas: 1099.4 ± 39.2 dias (36.6 meses); global: 1056.4 ± 24.5 dias (35.2 meses); ± 39.2 dias (36.6 meses); global: 1056.4 ± 24.5 dias (35.2 meses). Raça Nelore — machos: 1049.5 ± 21.1 dias (35 meses); fêmeas: 1069.5 ± 27.4 dias (35.6 meses); global: 1065.6 ± 22.4 dias (35.5 meses). Para as duas raças, englobadamente: 1061.3 ± 8.2 dias (35.4 meses).

4.°) — A substituição dos segundos médios processa-se da seguinte maneira: Raça Gir — machos: 1229.6 ± 39.0 dias (41 meses); fêmeas: 1202.9 ± 49.9 dias (40.1 meses); global: 1218.0 ± 30.6 dias (40.6 meses). Raça Nelore — machos: 1221.8 ± 63.1 dias (40.7 meses); fêmeas: 1333.6 ± 35.8 dias (44.5 meses); global: 1304.1 ± 31.8 dias (43.5 meses). Para as duas raças, englobadamente: 1257.0 ± 22.8 dias (41.9meses).

5.°) — A substituição dos cantos é realizada da forma que se segue: Raça Gir — machos: 1440.2 ± 80.5 dias (48 meses); fêmeas: 1634.5 ± 88.1 dias (54.5 meses); global: 1555.0 ± 64.9 dias (51.8 meses). Raça Nelore — machos: 1536.6 ± 33.6 dias (51.2 meses); fêmeas: 1474.3 ± 35.5 dias (49.1 meses); global: 1498.0 ± 25.6 dias (49.9 meses). Para as duas raças, englobadamente: 1522.0 ± 31.0 dias (50.8meses).

6.°) — A precocidade dentária, considerada independentemente da produção econômica, foi apreciada sob três diferentes aspetos, correspondentes ao início, duração e término do período das "mudas” :

a) Quanto ao início da substituição dos dentes caducos pelos definitivos, nenhuma raça é tão retardada quanto o são as raças Gir e Nelore;

b) Considerando-se a duração média do período de substituição dos dentes caducos, os bovinos das raças indianas estudadas podem ser classificados como precoces em diferentes graus, segundo as várias tabelas;

c) Levando-se em aprêço o término do período das "mudas” dos dentes de leite, o Gir e o Nelore “fazem a bôca” com sensível ganho de tempo sôbre os indivíduos considerados como tardios. Em resumo, o Gir e o Nelore iniciam com apreciável atraso a substituição das pinças de leite e graças a processo de aceleração das “mudas” seguintes, recobram o equilíbrio, “fazendo a boca” com evidente antecipação face aos animais qualificados como tardios.

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Publicado

1948-06-15

Edição

Seção

NÃO DEFINIDA

Como Citar

Contribuição para o estudo da cronologia dentária no zebu. (1948). Revista Da Faculdade De Medicina Veterinária, Universidade De São Paulo, 3(4), 251-269. https://doi.org/10.11606/issn.2318-5066.v3i4p251-269