Sobre Stabat Mater

espelhamento conservador em algumas formas do teatro contemporâneo

Autores

  • Paulo Bio Toledo Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v20i1p198-219

Palavras-chave:

Stabat Mater, Teatro contemporâneo, Crítica teatral

Resumo

O artigo é um exercício crítico sobre o espetáculo Stabat Mater, criado por Janaína Leite e uma equipe de colaboradoras, em 2019. A montagem se transformou, muito rapidamente, em uma espécie de marco teatral na cidade de São Paulo. Postulados como a “emergência do real”, a implicação da própria artista na substância da obra, mais a busca de uma zona de limiar, na qual se tensionasse a fronteira entre arte e vida, causam espanto e fascínio, porém é provável que também apresentem, como contraface, doses elevadas de idealismo e mistificação. São formulações estéticas fascinantes que reorientam a noção de política nas artes desde os anos 1970, ao mesmo tempo parecem acompanhar e reproduzir novos padrões de consumo cultural e trabalho atomizado vigentes no capitalismo contemporâneo. Em síntese, aquilo que por um lado aparece como transgressão e recusa da desordem do mundo, por outro apresenta um aspecto de realinhamento, adesão e fascínio pela barbárie.

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Biografia do Autor

  • Paulo Bio Toledo, Universidade de São Paulo

    Doutor em Artes Cênicas pela ECA-USP. Professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Publicado

2020-08-13

Edição

Seção

DEBATES CRÍTICOS

Como Citar

Toledo, P. B. (2020). Sobre Stabat Mater: espelhamento conservador em algumas formas do teatro contemporâneo. Sala Preta, 20(1), 198-219. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v20i1p198-219