Volume 1
Edição nº 12
2012
Seção:
EDITORIAL

Editorial

Revista Sala Preta


Prezados leitores,

Com imensa satisfação, colocamos no ar a Edição Nº12 - Volume 1 da Sala Preta, que, a partir deste ano, passa a ter periodicidade semestral. O que significa duas vezes mais reflexões instigantes e análises provocativas propostas anualmente pela Revista. Neste volume refinamos as inovações inauguradas com nossa edição eletrônica, em busca de soluções que façam valer o novo suporte: abertura no corpo do texto de links para artigos que tratem de temáticas semelhantes publicados em outros periódicos brasileiros e estrangeiros, possibilitando ao leitor adensar o conhecimento sobre o assunto, além de estabelecer uma profícua rede com algumas das principais revistas acadêmicas na área de Artes Cênicas; links para vídeos ou sítios informativos que ampliem o conhecimento sobre determinado conceito, autor ou espetáculo citado nos artigos; e um rico dossiê com textos, fotos e vídeos de espetáculos em destaque no panorama brasileiro.

Nesta edição, a Sala Preta apresenta na Seção Em Pauta artigos que pensam, sob diferentes perspectivas, a noção de ação cultural no campo das Artes Cênicas. Beatriz Cabral trata a questão enfocando a quebra da reprodução de comportamentos (habitus) que impedem a ampliação da percepção, seja no espaço escolar ou no âmbito da recepção artística. Jean-Gabriel Carasso discute e diferencia os conceitos de ação cultural e de ação artística. Isabel Marques aborda o tema a partir das experiências formativas em dança, contrapondo as inovações práticas e teóricas na área com a manutenção dos mesmos e caducos modelos educacionais durante o último século. Suzana Viganó traça análise crítica de algumas práticas de ação cultural implementadas nos últimos anos, sejam ligadas ao poder público ou ao terceiro setor. Maria Lúcia Pupo oferece recorte significativo das experiências de ação cultural surgidas em decorrência das modalidades de contrapartida social propostas pelos grupos teatrais da cidade de São Paulo relacionadas ao Programa Municipal de Fomento ao Teatro. Igor de Almeida Silva pensa as práticas de mediação teatral visando a formação de espectadores a partir de dossiês pedagógicos preparados para a abordagem de espetáculos do Théâtre du Soleil. Marina Coutinho parte da prática teatral de estudantes de teatro da UNIRIO em favelas no Rio de Janeiro para pensar o sentido e a potência do teatro em sua relação com a sociedade nos dias que correm. Heloise Baurich Vidor coloca em interface o papel do mediador teatral e o contexto escolar visando ao estabelecimento de campo fértil para a instauração de processos teatrais, e, buscando associar cultura e educação, aponta a escola como espaço vigoroso para abrigar tais ações.

A Revista traz também, na Seção Sala Aberta, que, como o próprio nome sugere, acolhe artigos sobre temáticas variadas, textos que abordam questões pungentes acerca das artes da cena. Felisberto Sabino da Costa relata e analisa experiência significativa a partir das máscaras utilizadas no teatro de Bali. Oferecemos ainda, em versão integral para a língua portuguesa, o artigo “O ator e a supermarionete”, escrito pelo encenador inglês Edward Gordon Craig. Marie-Madeleine Mervant-Roux traça bases históricas para pensar o conceito de “teatro amador” nos dias atuais. Arthur Belloni, em face das recentes alterações na cena teatral, pergunta se a noção de encenação é de fato insubstituível, apontando para o desfecho da compreensão do fazer teatral centrado na figura do encenador. Walter Lima Torres Neto retoma a questão do direito ao teatro, a partir do texto sobre o direito à literatura, escrito por Antonio Candido em 1988.

No Dossiê Espetáculo, apresentamos, neste volume, artigos que analisam o espetáculo “Orfeu Mestiço – Uma Hip Hópera Brasileira”, uma criação do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, escritos por pesquisadores como: Valmir Santos, Beth Néspoli, Jerusa Pires Ferreira, Kil Abreu e Luiz Fernando Ramos. Além de depoimentos que abordam o histórico e a proposta estética do Núcleo, que é referência na cena teatral brasileira, pela contundência de suas invenções cênicas e por sua pesquisa de linguagem – o Teatro hip hop, propostos pelos seguintes artistas do Bartolomeu: Claudia Schapira, Roberta Estrela D´Alva, Eugênio Lima e Luaa Gabanini. O Dossiê traz ainda um Ensaio de Imagens, com farta coletânea de fotos de “Orfeu Mestiço”, e, ao final, disponibiliza o vídeo integral do espetáculo. Na Seção Entrevistas, exibimos a primeira parte da conversa com o encenador José Celso Martinez Correa, que, ao completar setenta e cinco anos de vida, prepara a segunda temporada do espetáculo “Macumba Antropofágica”, e nos brinda com sua inteligência e amplo conhecimento do teatro. Na Seção O Que Você Está Lendo?, convidamos o encenador e dramaturgo Sérgio de Carvalho para discorrer sobre suas recentes leituras e seus atuais interesses e inquietações acerca do fazer teatral.

Convidamos o leitor a desfrutar essa nova edição da revista, feita com o cuidado de sempre.

Boa leitura!

Os editores.


Data de Recebimento:
26 de março de 2012
Data de Aceite:
25 de junho de 2012
Data de Publicação:
30 de Junho de 2012