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Resumo

A Sankofa chega ao seu nono número reforçando o seu objetivo de divulgar a produção acadêmica relacionada aos estudos de História da África e da Diáspora africana. Ainda que os debates em torno da questão racial tenham frequentado constantemente as páginas dos principais jornais da imprensa brasileira, os canais de divulgação para textos sobre o tema continuam restritos, comprometendo a difusão do conhecimento sobre as experiências negras. Através da Sankofa, procuramos contribuir com o campo, promovendo um espaço privilegiado para esse debate por meio de uma diversidade de disciplinas e abordagens. Iniciamos o número com o artigo de Karine Teixeira Dasmaceno que procura compreender a construção da invisibilidade de mulheres pobres, trabalhadoras e negras de Feira de Santana na virada do século XIX para o XX. O objetivo é, através do cruzamento de processos e recenseamentos, o de problematizar a ausência dessas figuras nos registros históricos, sublinhando o silêncio em relação à cor, que fez desaparecer as mulheres negras do período. Diferentemente de Dasmaceno, Cristian Souza de Sales se preocupa com as representações sobre o corpo feminino negro. Em seu artigo, demonstra como a poesia de Miriam Alves elaborou imagens sobre as mulheres negras que confrontavam as representações etnocêntricas e falocêntricas que circularam pelo imaginário dos brasileiros. José Jorge Siqueira discute o impacto da transição do trabalho escravo para o trabalho livre sobre a população negra do Vale do Paraíba. Através de inventários, de informações da imprensa da região e de dados do recenseamento, o historiador demonstra, a partir de uma perspectiva estrutural, a persistência e o recrudescimento das desigualdades raciais na Primeira República. Já Vinícius Melleu Cione nos apresenta a luta anticolonial em Angola, fazendo um exame de autores que pensaram sobre a autodeterminação dos povos, destacando intelectuais angolanos engajados na luta pela libertação nacional como José Luandino Vieira e Pepetela, que trataram dessa questão em suas obras. No último artigo da seção, Márcio Paim aborda o conceito de raça em uma outra perspectiva, traçando a trajetória dos estudos sobre evolução humana da consolidação da Antropologia até a introdução das ciências médicas, apresentando evidências de estudos da genética que desconstroem os mitos raciais sobre o continente africano e suas populações. Na seção Tendências e Debates, Jacimara Souza Santana faz observações sobre os desafios da aplicação da lei n. 10.639/03, que versa sobre inclusão da História da África e da Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares. Em seu texto, a autora discute a dificuldade dos profissionais para tratar da temática étnico-racial nas salas de aulas, apontando, através de experiências do cotidiano, possibilidades para o enfrentamento dos estereótipos no espaço escolar. Por fim, finalizamos com duas resenhas. Na primeira delas, Nelson Aprobato Filho analisa o livro de John Frederick Walker, Ivory’s ghosts: the white gold of history and the fate of elephants, onde se discute a relação do homem com o marfim no continente africano em uma história de cerca de 35.000 anos. Já Mauro Dillmann Tavares e Fernando Ripe resenham o livro Cavalo de Santo: religiões afro-gaúchas, de Mirian Fichtner. A obra da fotógrafa brasileira registra imagens das religiões de matriz africana no estado do Rio Grande do Sul, revelando vigor dessas práticas religiosas no sul do país.

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Publicado

2012-07-06

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