Proposta de aprimoramento das técnicas de diagnóstico oftalmológico para motoristas profissionais no Brasil

Autores

  • Eduardo Costa Sá Hospital das Clínicas - FMUSP
  • Gustavo Ferreira Lessa Hospital das Clínicas - FMUSP
  • Luiz Lippi Rachkorsky Hospital das Clínicas - FMUSP

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v18i1p103-109

Palavras-chave:

Técnicas de diagnóstico oftalmológico, Oftalmopatias, Exame para habilitação de motoristas, Condução de veículo

Resumo

Introdução: Entre os acidentes automobilísticos que ocorrem em vias públicas, uma parte também pode ser considerada acidentes de trabalho, haja vista que a maioria dos envolvidos se encontra a serviço das empresas. O principal sistema orgânico utilizado no ato de dirigir é o sentido da visão, devendo este ser bem avaliado na obtenção e renovação da habilitação de motoristas profissionais. As estatísticas brasileiras apontam para um aumento global do número de óbitos por acidentes de trânsito, especialmente entre motoristas profissionais de veículos de grande porte entre 1998 e 2008. Em comparação com os Estados Unidos, o Brasil apresenta um maior índice global de óbitos no trânsito. Pela importância social e econômica desse grupo de motoristas, faz-se necessária a realização de uma avaliação oftalmológica mais estrita que na população em geral. Objetivos: Discutir sobre as diferenças entre os índices mínimos exigidos no exame oftalmológico para obtenção e renovação da carteira de habilitação profissional no Brasil e propor aprimoramento das técnicas de diagnóstico oftalmológico em motoristas profissionais no Brasil. Materiais e Métodos: Foi realizada uma revisão bibliográfica nas bases de dados Pubmed e SciELO em que foram selecionados os artigos publicados em português e inglês entre 1980 e 2011. As palavras-chave utilizadas foram: Técnicas de diagnóstico oftalmológico (Ophthalmological diagnostic techniques), Oftalmopatias (Eye diseases), Exame para habilitação de motoristas (Automobile driver examination) e Condução de veículo (Automobile driving). Foram pesquisados os sites do Código Nacional de Trânsito (Brasil) e do Federal Motor Carrier Safety Administration (Estados Unidos). Como critério de inclusão, foram selecionados apenas artigos sobre motoristas profissionais (categorias C, D e E no Brasil; e grupos A, B e C de motoristas de veículos comerciais nos Estados Unidos). Foram excluídas as publicações relacionadas a motoristas não profissionais (ACC, A e B no Brasil; e veículos não comerciais nos Estados Unidos). Nos países selecionados, foram avaliados dois indicadores utilizados nas técnicas de diagnóstico oftalmológico que fazem parte do exame para obtenção e renovação de habilitação de motoristas profissionais: acuidade visual (AV) e campo visual (CV). O teste de visão cromática é o mesmo nos dois países, não sendo, portanto, objeto de discussão neste estudo. Resultados: No Brasil, os parâmetros utilizados para a mensuração da acuidade visual são utilizados de forma mais rigorosa, assim como o campo visual. Os indicadores exigidos no Brasil devem ser mantidos, especialmente o campo visual, considerando-se que quanto maior a amplitude do campo visual, mais segura é a direção veicular. Sugere-se uma avaliação de triagem das habilidades visuais, cognitivas e motoras na ocasião do exame médico, como pode ser feito com a bateria de testes ADReS (Assessing Driving Related Skills). Softwares como o Driving Health Inventory e a medida do campo visual útil (Useful Field of View - UFOV) mantêm a expectativa de que em alguns anos eles possam ser aplicados nos motoristas profissionais, resultando em maior segurança no trânsito não apenas a esta classe de profissionais, mas a toda população. Conclusão: Os indicadores acuidade visual (AV) e campo visual (CV) utilizados no Brasil são mais estritos em relação aos do país norte-americano. Já a exigência quanto à visão cromática é a mesma nos dois países. Apesar da AV ser um indicador controverso na literatura quanto à capacidade de condução do motorista e de segurança no trânsito, já existem dados consistentes para que seja dada mais atenção ao exame de campo visual. Como proposto por Berson et al3, sugere-se, no Brasil, que na avaliação do campo visual sejam analisados 20o acima e 20o abaixo do eixo horizontal em cada olho. Propõe-se, ainda, também para esses índices, a padronização dos testes de limiar de visão noturna e de reação ao ofuscamento com determinação prévia de parâmetros de aptidão e inaptidão a serem aplicados pelo médico examinador.

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Publicado

2013-06-25

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Proposta de aprimoramento das técnicas de diagnóstico oftalmológico para motoristas profissionais no Brasil. (2013). Saúde Ética & Justiça , 18(1), 103-109. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v18i1p103-109