A paisagem mental da memória no cinema de Alain Resnais

Autores

  • Isadora Meneses Rodrigues Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.156684

Palavras-chave:

Paisagem mental, Espaço, Tempo, Memória

Resumo

Na primeira fase de sua carreira, Alain Resnais discutiu a falibilidade e criatividade da memória ao ser ativada por processos mentais. Partindo do pressuposto de que o diretor precisou manipular o espaço fílmico para esculpir o tempo dos processos de rememoração no cinema, este artigo pretende examinar as estratégias de espacialização do tempo da memória em L’année dernière à Marienbad (O ano passado em Marienbad, 1961), segundo longametragem de Resnais. À luz do conceito de paisagem mental, a análise sugere que os cenários do filme se desfazem e deixam de ser subservientes a ações que obedecem a cronologias rígidas por meio do contraponto entre som e imagem, da duração dilatada dos planos e da repetição.

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Biografia do Autor

  • Isadora Meneses Rodrigues, Universidade Federal de Pernambuco

    Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará. Tem interesse nas temáticas: comunicação e cultura, cinema, tradução intersemiótica e literatura comparada.

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Publicado

2020-07-09

Como Citar

A paisagem mental da memória no cinema de Alain Resnais. (2020). Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 47(54), 287-310. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.156684