Cosmopoéticas do espectador selvagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.160501

Palavras-chave:

cinema, história, genocídios indígenas, arquivo, montagem

Resumo

Com base na análise das formas cinematográficas de reconstituição da história em Serras da desordem, Corumbiara e Taego Ãwa, identifico a importância da figura dos espectadores indígenas para a compreensão das imagens que os filmes criam e mobilizam. Argumento que o contracampo efetivo, virtual ou espectral dos espectadores indígenas constitui uma figura discursiva operante nos filmes e nas relações que estabelecem com o arquivo da história. A figura do espectador selvagem desencadeia o que denomino montagem anarquívica, perturbando o ordenamento do arquivo histórico produzido pela violência do genocídio e insinuando possibilidades de criação de um mundo comum.

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Biografia do Autor

  • Marcelo Rodrigues Souza Ribeiro, Universidade Federal da Bahia

    Professor de História e Teorias do Cinema e do Audiovisual na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Coordenador do grupo de pesquisa Arqueologia do Sensível e membro do Laboratório de Análise Fílmica. Desenvolve e orienta pesquisas sobre imagem, história e direitos humanos. Tem experiência de pesquisa, ensino e extensão em cinema, fotografia, artes, cultura visual, comunicação, antropologia, antropologia audiovisual e estudos da imagem.

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Publicado

2020-05-04

Como Citar

Cosmopoéticas do espectador selvagem. (2020). Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 47(53), 110-129. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.160501