Medicalização, risco e controle social

Autores

  • Myriam Mitjavila Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Serviço Social

DOI:

https://doi.org/10.1590/0103-20702015015

Resumo

O artigo examina as relações entre o funcionamento do risco como dispositivo biopolítico e os processos de medicalização de comportamentos desviantes nas sociedades contemporâneas. Analisam-se algumas estratégias e tecnologias biopolíticas de medicalização do crime e da periculosidade criminal, do ponto de vista do papel do risco como elemento articulador das dimensões microfísica e biopolítica da medicalização da vida social e das conexões entre saber médico e controle social.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AmericanPsychiatric Association. (2014), Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (dsm-5). Porto Alegre, Artmed.

Ayres, Ricardo. (1995), Epidemiologia e emancipação. São Paulo/Rio de Janeiro, Hucitec/Abrasco.

Beck, Ulrich. (1997), “La reinvención de la política: hacia una teoría de la modernización reflexiva”. In: Beck, Ulrich; Giddens, Anthony & Lash, Scott. Modernización reflexiva: política, tradición y estética en el orden social moderno. Madri, Alianza Editorial.

Boltanski, Luc. (1974), Puericultura y moral de clase. Barcelona, Laia.

Caponi, Sandra (2009), “Biopolítica e medicalização dos anormais”. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 19 (2): 529-549.

Carrara, Sérgio et al. (2009), “A política de atenção à saúde do homem no Brasil: os paradoxos da medicalização do corpo masculino”. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 19 (3): 659-678.

______. (2010), “A história esquecida: os manicômios judiciários no Brasil”. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 20 (1): 16-29.

Castel, Robert. (1981), La gestion des risques: de l’antipsichiatrie a l’apres-psychanalyse. Paris, Éditions du Minuit.

Cohn, Amélia. (2013), “Ciências sociais e saúde pública/coletiva: a produção do conhecimento na sua interface”. Saúde Soc., 22 (1). Disponível em www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902013000100003&lng=en&nrm=iso, consultado em 12/2/2015.

Collier, Stephen J. (2011), “Topologias de poder: a análise de Foucault sobre o governo político para além da ‘governamentalidade’”. Revista Brasileira de Ciência Política, 5: 245-284.

Conrad, Peter. (1975), “The discovery of hyperkinesis: notes on the medicalization of deviant behavior”. Social Problems, 23 (1): 12-21.

Conrad, Peter & Schneider, Joseph. (1992), Deviance and medicalization: from badness to sickness. Filadélfia, Temple University Press.

Conrad, Peter & Barker, Kristin. (2010), “The social construction of illness: key insights and policy implications”. Journal of Health and Social Behavior, 51 (supl.): 67-79.

Crawford, Robert. (1980), “Healthism and the medicalization of everyday life”. International Journal of Health Services, 10 (3): 365-388.

Darmon, Pierre. (1991), Médicos e assassinos na Belle Époque: a medicalização do crime. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

Davis, Joseph. (2006), “How medicalization lost its way”. Society, 43 (6): 51-56.

Donnangelo, Cecilia. (1979), Saúde e sociedade. São Paulo, Duas Cidades.

Donzelot, Jacques. (1986), A policia das famílias. Rio de Janeiro, Graal.

Douglas, Mary & Wildavsky, Aaron. (1982), Risk and culture. Oxford, Basil Blakwell.

______. (1990), “Risk as Forensic Resource”. Daedalus, 119 (4): 11-16.

Feeley, Malcolm & Simon, Jonathan. (1992), “The new penology: notes on the emerging strategy of corrections and its implications”. Criminology, 30 (4): 449-474.

Foucault, Michel. (2014) Do governo dos vivos. São Paulo: wmf Martins Fontes.

______. (1976), “La crisis de la medicina o la crisis de la antimedicina”. Educación Médica y Salud, 10 (2):152-169.

______. (1991), Historia de la sexualidad 1: la voluntad de saber. Cidade do México, Siglo xxi.

______. (1992), “Poder-corpo”. In: Machado, Roberto (org.). Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal.

______. (2005), Em defesa da sociedade. São Paulo, Martins Fontes.

______. (2009), Segurança, território, população. São Paulo, Martins Fontes.

Freidson, Eliot. (1978), La profesión médica: un estudio de sociología del conocimiento aplicado. Barcelona, Península.

Giddens, Anthony. (1995), Modernidad e identidad del yo: el yo y la sociedad en la época contemporánea. Barcelona, Península.

Grattet, Ryken. (2011), “Societal reactions to deviance”. Annual Review of Sociology, 37: 185-204.

Halfmann, Drew. (2011), “Recognizing medicalization and demedicalization: discourses, practices and identities”. Health, 16 (2): 186-213.

Hare, R. (1991), The revised psycholopaty checklist. Toronto, Multi-Health Systems.

Harris, Ruth. (1993), Assassinato e loucura: medicina, leis e sociedade no fin de siècle. Rio de Janeiro, Rocco.

Horwitz, Allan V. & Wakefield, Jerome C. (2007), The loss of sadness: how psychiatry transformed normal sorrow into depressive disorder. Oxford, Oxford University Press.

Katz, Janet & Abel, Charles. (1984), “The medicalization of repression: eugenics and crime”. Contemporary Crises, 8 (3): 227-241.

Kemshall, Hazel. (2006), “Crime and risk”. In: Taylor-Gooby, Peter & Zinn, Jens (orgs.). Risk in social science. Oxford, Oxford University Press.

Kemshall, Hazel & Wood, Jason. (2008), “Risk and public protection: responding to involuntary and ‘taboo’ risk”. Social Policy & Administration, 42 (6): 611-629.

Lane, Christopher. (2006), “How shyness became an illness: a brief history of social phobia”. Common Knowledge, 12 (3):388-408.

Laplantine, Françoise. (1991), Antropologia da doença. São Paulo, Martins Fontes.

Lupton, Deborah. (1993), “Risk as moral danger: the social and political functions of risk discourse in public health”. International Journal of Health Services, 23 (3): 425-435.

Machado, Roberto et al. (1978), Danação da norma. Rio de Janeiro, Graal.

Maluf, Sônia Weidner. (2010), “Gênero, saúde e aflição: políticas públicas, ativismo e experiências sociais”. In: Maluf, Sônia Weidner & Tornquist, Carmen Susana (orgs). Gênero, saúde e aflição: abordagens antropológicas. Florianópolis, Letras Contemporâneas.

Mark, Vernon H. et al. (1967), “Role of brain disease in riots and urban violence”. Journal of the American Medical Association, 201 (11): 895.

Menéndez, Eduardo. (1985), “El modelo médico dominante y las posibilidades de los modelos antropológicos”. Desarrollo Económico. 24 (96): 593-604.

______. (1987), “Estratificación social y condiciones de morbimortalidad: algunas reflexiones sobre la crisis y la recuperación teórica de esta relación”. Desarrollo Económico, 27 (105): 87-106.

Mitjavila, Myriam. (2002), “O risco como recurso para a arbitragem social”. Tempo Social, 14 (2): 129-145.

______. (2010), “Medicalização do crime: olhares e estratégias da psiquiatria forense na avaliação da periculosidade criminal”. In: Caponi, Sandra et al. (orgs.). Medicalização da vida: ética, saúde pública e indústria farmacêutica. Palhoça, Editora Unisul.

Mitjavila, Myriam & Echeveste, Laura. (1994), “Sobre a construção social do discurso médico em torno da maternidade”. In: Costa, Albertina de Oliveira & Amado, Tina (orgs.). Alternativas escassas: saúde, sexualidade e reprodução na América Latina. São Paulo, Fundação Carlos Chagas/Editora 34.

Mitjavila, Myriam & Vecinday, Laura. (2011), “El enfoque de riesgo como dispositivo individualizador en el campo social”. In: Lorente, Belén (org.). Transformaciones del estado social: perspectivas sobre la intervención social en Iberoamérica. Buenos Aires, Miño y Dávila.

Morana, Hilda. (2008), Identificação do ponto de corte para a escala pcl-R (Psychopaty Checklist Revised) em população forense brasileira: caracterização de dois subtipos da personalidade; transtorno global e parcial. Tese de doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo.

Morana, Hilda et al. (2006), “Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers”. Revista Brasileira de Psiquiatria, 28 (supl. 2): 74-79.

Nelkin, Dorothy & Tancredi, Laurence. (1989), Dangerous diagnostics: the social power of biological information. Nova York, Basic Books.

Nye, Robert A. (2003), “The evolution of the concept of medicalization in the late Twentieth Century”. Journal of History of the Behavioral Sciences, 39 (2): 115-129.

O’malley, Pat. (2004), Risk, uncertainty and government. Londres, Glasshouse/Cavendish.

O’Malley, Pat & Hutchinson, Steven. (2007), “Reinventing prevention: why did ‘crime prevention’ develop so late?”. British Journal of Criminology, 47 (3): 373-389.

Rose, Nikolas. (1996), “The death of the social? Re-figuring the territory of government”. Economy and Society, 25 (3): 327-328.

______. (2007), “Beyond medicalisation”. The Lancet, 369 (9562): 700-702.

Rose, Nikolas & Rabinow, Paul (2006), “O conceito de biopoder hoje”. Política & Trabalho: Revista de Ciências Sociais, 24: 27-57.

Rose, Nikolas et al. (2006), “Governmentality”. Annual Review of Law and Social Sciences, 2: 83-104.

Schweda, Mark & Pfaller, Larissa. (2014), “Colonization of later life? Laypersons ‘and users’ agency regarding anti-aging medicine in Germany”. Social Science & Medicine, 118: 159-165.

Scott, Susie. (2006), “The medicalisation of shyness: from social misfits to social fitness”. Sociology of Health & Illness, 28 (2): 133-153.

Simon, Jonathan. (2007), Governing through crime: how the war on crime transformed American democracy and created a culture of fear. Oxford, Oxford University Press.

Singer, Paul. (1981), Prevenir e curar: o controle social através dos serviços de saúde. Rio de Janeiro, Forense Universitária.

Starr, Paul. (1991), La transformación social de la medicina en los Estados Unidos de América. Cidade do México, Fondo de Cultura Económica.

Taborda, José G. (2004), “Exame pericial psiquiátrico”. In: Taborda, José G. et al. (orgs.). Psiquiatria forense. Porto Alegre, Artmed.

Tomaz, Kleber. (2013), “Laudo aponta doença mental e compara filho de pms a Dom Quixote”. Disponível em g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/09/laudo-aponta-doenca-mental-e-compara-filho-de-pms-dom-quixote.html, consultado em 12/2/2015.

Valverde, Mariana. (1997), “‘Slavery from within’: the invention of alcoholism and the question of free will”. Social History, 22 (3): 251 -268.

Webster, C. D. et al. (1995), The hcr-20 scheme: the assessment of dangerousness and risk. Vancoover, Simon Fraser University/British Columbia Forensic Psychiatric Services Commission.

Downloads

Publicado

2015-06-01

Edição

Seção

Dossiê - Ciências Sociais e Saúde

Como Citar

Mitjavila, M. (2015). Medicalização, risco e controle social . Tempo Social, 27(1), 117-137. https://doi.org/10.1590/0103-20702015015