A sociologia das finanças e a nova geografia do poder no Brasil

Autores

  • Roberto Grün Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Engenharia de Produção

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000200007

Palavras-chave:

Governança corporativa, Sociologia das finanças, Fundos de pensão, Sociologia econômica, Cultura econômica

Resumo

Os últimos anos assistiram ao desenvolvimento da sociologia das finanças, uma nova especialidade dentro da também nova (ou renovada) sociologia econômica. O objetivo do texto é apresentar alguns aspectos da nova área, algumas comparações sobre seu desenvolvimento no espaço de interlocução anglo-saxão com as peculiaridades do seu caminho francês, para depois tentar aplicar alguns desses insights na análise da cena social brasileira contemporânea. Especial atenção é dada à análise da criação simultânea de novos produtos financeiros e novos atores sociais dotados de agendas próprias, não só na esfera econômica, mas também na esfera mais geral de regulação da sociedade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ACTES DE LA RECHERCHE EN SCIENCES SOCIALES. (2004), “Georges Soros, les sciences sociales et la régulation du marché mondial”, 151-152: 36-48.

ALLEN, J. (2002), “Deputado defende maiores mudanças na Lei das SAS”. O Estado de S. Paulo, 19 out.

BALARIN, R. (2004), “Minoritários: fundo, que votou contra união da Ambev com a Interbrew, cobra mais rapidez nas investigações – Previ critica ação da CVM em processos”. Valor Econômico, 20 maio.

BATISTA, R. (2003), “Rosa assume Previ antevendo ‘disputas’”. Valor Econômico, 25 fev.

BERLE, A. A. et al. (1932), The modern corporation and private property. Nova York, Macmillan (trad. bras. [1984], A moderna sociedade anônima e a propriedade privada. São Paulo, Abril Cultural).

BERNSTEIN, P. L. (1992), Capital ideas: the improbable origins of modern Wall Street. Nova York/Toronto, Free Press/Maxwell Macmillan Canada/Maxwell Macmillan International.

BEUNZA, D. & STARK, D. (2004), “Tools of the trade: the socio-technology of arbitrage in a Wall Street trading room”. Industrial and Corporate Change, 13 (2): 369-400.

BLAIR, M. M. (2003), “Reforming corporate governance: what history can teach us”. Research Paper nº 485663. Georgetown, University Law Center.

BOLTANSKI, L. & CHIAPELLO, E. (1999), Le nouvel esprit du capitalisme. Paris, Gallimard (NRF essais).

BOLTANSKI, L. & THÉVENOT, L. (1991), De la justification: les économies de la grandeur. Paris, Gallimard.

BOURDIEU, P. (2000), Les structures sociales de l’économie. Paris, Seuil (col. Liber).

BOYER, R. (2003), “L’anthropologie économique de Pierre Bourdieu”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 150: 65-78.

BRAGA, I. (2003), “Berzoini quer mudança nas normas que restringem investimentos dos fundos de pensão”. O Globo, 7 jan.

CANDIDO, A. (1987), Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo, Livraria Duas Cidades.

CASTELLS, M. (1996), The rise of the network society. Cambridge, MA, Blackwell Publishers.

CHANDLER, A. D. (1962), Strategy and structure: chapters in the history of the industrial enterprise. Cambridge, MIT Press.

COHEN, B. J. (1998), The geography of money. Ithaca, Cornell University Press.

COLE, R. E. (1979), Work, mobility, and participation: a comparative study of American and Japanese industry. Berkeley, University of California Press.

D’AMBROSIO, C. V. E. (2003), “Fundos multimercados voltados para o público de alta renda se multiplicam em velocidade espantosa: quase um novo produto é lançado por dia: os novos VIPS”. Valor Econômico, 16 out.

D’AMBROSIO, C. V. E. (2004), “Independentes com patrimônio de R$ 1 bi: Clube do bilhão”. Valor Econômico, 19 jan.

DÁVILA, S. (2004), “República do Leblon cresce e aparece”. Folha de S. Paulo, 18 jan.

DEZALAY, Y. (1994), “Technological warfare: the battle to control the mergers and acquisitions market in Europe”. In: DEZALAY, Y. (ed.). Professional competition and professional power. Londres, Routledge, pp. 77-103.

DEZALAY, Y. (2004), “Les courtiers de l’international: héritiers cosmopolites, mercenaires de l’impérialisme et missionnaires de l’universel”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 151-152: 5-35.

DEZALAY, Y. & GARTH, B. G. (2002a), Global prescriptions: the production, exportation, and importation of a new legal orthodoxy. Ann Arbor, University of Michigan Press.

DEZALAY, Y. & GARTH, B. G. (2002b), The internationalization of palace wars: lawyers, economists, and the contest to transform Latin American states. Chicago, University of Chicago Press (The Chicago Series in Law and Society).

DEZALAY, Y. & INSTITUT DES HAUTES ÉTUDES SUR LA JUSTICE. (1993), Batailles territoriales et querelles de cousinage: juristes et comptables européens sur le marché du droit des affaires. Paris, Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence (col.Droit et Société, 7).

DEZALAY, Y. & SUGARMAN, D. (1994), Professional competition and professional power. Londres/Nova York, Routledge.

DIMAGGIO, P. (2001), The twenty-first-century firm: changing economic organization in international perspective. Princeton, Nova Jersey, Princeton University Press.

DUARTE, S. (2004), “Securitização: fundos de recebíveis se revelam como alternativa barata de captação para as companhias”. Revista Capital Aberto, fev.

ELDER, G. H. (1999), Children of the great depression: social change in life experience. Boulder, Colorado, Westview Press.

FAMA, E. F. (1980), “Agency problems and the theory of firm”. Journal of Political Economy, 88 (2): 288-307.

FAORO, R. (1975), Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre, Editora Globo, 2 vols.

FLIGSTEIN, N. (1990), The transformation of corporate control. Cambridge, Mass., Harvard University Press.

FLIGSTEIN, N. (2001), “The architecture of markets: an economic sociology of twenty-firstcentury capitalist societies”. Princeton, Nova Jersey.

FLIGSTEIN, N. & FRIEDLAND, R. (1995), “Theoretical and comparative perspectives on corporate governance”. Annual Review of Sociology, pp. 21-43.

FORTUNATO, D. (2003), “Fundos de pensão divergem sobre investimento em private equity: Pimentel, presidente da Abrapp, defende investimentos de menor risco para os fundos de pensão”. Valor Econômico, 8 ago.

FROUD, J. et al. (2000), “Shareholder value and the political economy of late capitalism”. Economy and Society, 29 (1): 1-12.

GALBRAITH, J. K. (1978), The new industrial state. Boston, Houghton Mifflin (trad. bras. [1982], O novo estado industrial. São Paulo, Abril Cultural).

GALVÃO, F. (2004), “Saiba como funcionam os chamados fundos de recebíveis, o novo fenômeno do mercado financeiro no Brasil”. Istoé Dinheiro, 17 mar.

GAZETA MERCANTIL. (2001), “Crédito cresce para classes populares”, 29 nov.

GRANOVETTER, M. S. (1995), Getting a job: a study of contacts and careers. Chicago, University of Chicago Press.

GRANOVETTER, M. S. & SWEDBERG, R. (1992), The sociology of economic life. Boulder, Westview Press.

GRÜN, R. (1999). “Modelos de empresa, modelos de mundo: sobre algumas características culturais da nova ordem econômica e da resistência a ela”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 14: 121-140.

GRÜN, R. (2003a), “Atores e ações na construção da governança corporativa brasileira”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 18 (52): 121-143.

GRÜN, R. (2003b), “Fundos de pensão no Brasil do final do século XX: guerra cultural, modelos de capitalismo e os destinos das classes médias”. Mana, 9 (2): 7-38.

GRÜN, R. (2003c), “A promessa da ‘inserção profissional instigante’ da sociedade em rede: a imposição de sentido e a sua sociologia”. Dados – Revista de Ciências Sociais, 46 (1): 5-37.

GRÜN, R. (no prelo). “A evolução recente do espaço financeiro no Brasil e alguns reflexos na cena política”. Dados – Revista de Ciências Sociais, 47 (1): 5-47.

GUEX, S. (2003), “La politique des caisses vides État, finances publiques et mondialisation”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 146-147: 51-61.

GUILHOT, N. (2004), “Une vocation philanthropique: George Soros, les sciences sociales et la régulation du marché mondial”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 151-152, pp. 36-48.

GUILLÉN, M. (2000), “Corporate governance and globalization: is there convergence across countries?”. Advances in Comparative International Management, 13: 175-204.

GUILLÉN, M. F. (1994), Models of management: work, authority, and organization in a comparative perspective. Chicago, University of Chicago Press.

HILFERDING, R. (1981), Finance capital: a study of the latest phase of capitalist development. Londres/Boston, Routledge & Kegan Paul (trad. bras. [1985], O capital financeiro. São Paulo, Abril Cultural).

HOLLINGSWORTH, J. R. & BOYER, R. (1997), Contemporary capitalism: the embeddedness of institutions. Cambridge/Nova York, Cambridge University Press (Cambridge studies in comparative politics).

JACKSON, H. (2001), “An emerging market for corporate control? The Mannesmann takeover and German corporate governance”. Trabalho para discussão. Köln, Max Planck Institute for the Development of Societies.

KNORR-CETINA, K. & BRUEGGER, U. (2002), “Inhabiting technology: the global lifeform of financial markets”. Current Sociology, 50 (3): 389-405.

KOCH, C. (2001), “Enterprise resource planning: information technology as a steamroller for management politics?”. Journal of Organizational Change Management, 14 (1):64-78.

LAIER, P. A. (2004), “Fiesp e BB fecham acordo para desconto de recebíveis”. Valor Econômico, 23 abr.

LANE, C. (2003), “Changes in corporate governance of German corporations: convergence to the Anglo-American model?”. Competition and Change, 7 (2-3): 79-100.

LEBARON, F. (2000), La croyance économique: les économistes entre science et politique. Paris, Seuil (Collection Liber).

LEONARDO ATTUCH, R. (2004), “A guerra das ações da Ambev: CPI no Congresso, investigação na CVM, reação dos minoritários: o segundo round da fusão das cervejas”. Istoé Dinheiro, 24 mar.

LORDON, F. La politique du capital. Paris, Odile Jacob.

MACKENZIE, D. (2003a), “An equation and its worlds: bricolage, exemplars, disunity and performativity in financial economics”. Social Studies of Science, 33 (6): 831-868.

MACKENZIE, D. (2003b), “Long-term capital management and the sociology of arbitrage”. Economy and Society, 32 (3): 349-380.

MACKENZIE, D. (2003c), “Opening the black box of global finance”. Texto apresentado no workshop “Approaches to Global Finance”, University of Warwick, 6-7 dez. 2002.

MACKENZIE, D. & MILLO, Y. (2003), “Constructing a market, performing theory: the historical sociology of a financial derivatives exchange”. American Journal of Sociology, 109 (1): 107-145.

MELLO, E. C. (1995), A fronda dos mazombos: nobres contra mascates, Pernambuco,1666-1715. São Paulo, Companhia das Letras.

MURPHY, P. (2002), “Esquerda e Bovespa fazem aliança estratégica: para presidente da Bolsa, ‘muro de Berlim caiu’ com a inédita visita de Lula ao pregão”. O Estado de S. Paulo, 1 jul.

OECD Forum for the Future. (2001), Governance in the 21st century. Paris, Organisation for Economic Co-operation and Development (Future studies).

ORLÉAN, A. (1999), Le pouvoir de la finance. Paris, O. Jacob.

PAUL HIRSCH, S. M. & FRIEDMAN, Ray. (1990), “Clean models vs. dirty hands: why economics is different from sociology”. In: DIMAGGIO, P. (ed.). Structures of capital: the social organization of the economy. Nova York, Cambridge University Press, pp. 39-56.

POWELL, W. W. (2001), “The capitalist firm in the twenty-first-century: emerging patterns in Western enterprise”. In: DIMAGGIO, P. (ed.). The twenty-first-century firm: changing economic organization in international perspective. Princeton, Princeton University Press, pp. 33-67.

POWELL, W. W. & DIMAGGIO, P. (1991), The new institutionalism in organizational analysis. Chicago, University of Chicago Press.

RINGER, F. K. (1969), The German inflation of 1923. Nova York, Oxford University Press.

RIO, C. V. (2004a), “AmBev rebate acusações”. Valor Econômico, 6 maio.

RIO, C. V. (2004b), “Gestoras encerram atividades com fundos”. Valor Econômico, 19 maio.

ROE, M. J. (1994), Strong managers, weak owners: the political roots of American corporate finance. Princeton, Princeton University Press.

ROE, M. J. (2003), Political determinants of corporate governance: political context, corporate impact. Nova York, Oxford University Press.

SAES, F. A. M. (1986), Crédito e bancos no desenvolvimento da economia paulista, 1850-1930. São Paulo, Instituto de Pesquisas Econômicas.

SCHUMPETER, J. A. (1991), The economics and sociology of capitalism. Nova Jersey, Princeton University Press.

STREECK, W. (2001), “La transformation de l’organisation de l’entreprise en Europe: une vue d’ensemble”. In: SOLOW, R. M.(ed.). Institutions et croissance: les chances d’un modèle économique européen. Paris, Albin Michel, pp. 175-230.

STREECK, W. & CROUCH, C. (1997), Political economy of modern capitalism: mapping convergence and diversity. Londres/Califórnia, Thousand Oaks/Sage.

THE ECONOMIST. (1994). “Ready to take on the world”, 15 jan., pp. 65-66.

THE ECONOMIST. (2004), “Minority shareholders in Brazil: a big brewing merger prompts a rethinking of shareholders’ rights”, 4 mar.

VALOR ECONÔMICO. (2003a), “Representantes do fundo rebatem as acusações”, 1 out.

VALOR ECONÔMICO. (2003b), “Brasil estudará menor compulsório, cadastro positivo e autonomia do BC”, 16 dez.

VIEIRA, H. M. E. C. (2003), “Briga na telefonia: Sérgio Rosa aponta os desacertos entre os sócios e o fundo de investimentos na Brasil Telecom: Previ e BNDES buscam adesões contra Opportunity”. Valor Econômico, 1 out.

WEBER, M. (1987), La Bolsa: introducción al sistema bursátil. Barcelona, Ariel (1 ed.1898).

Downloads

Publicado

2004-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A sociologia das finanças e a nova geografia do poder no Brasil . (2004). Tempo Social, 16(2), 151-176. https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000200007