Economistas e culturas econômicas no Brasil e na Argentina: notas para uma comparação a propósito das heterodoxias

Autores

  • Federico Neiburg Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000200008

Palavras-chave:

Economistas, Culturas econômicas, Inflação, Brasil, Argentina

Resumo

Este artigo propõe uma abordagem sobre a história social e cultural da economia (e em especial sobre o fenômeno da inflação) preocupada em articular (a) a lógica social que subjaz à produção de teorias econômicas (considerando as trajetórias e propriedades sociais dos profissionais da economia), (b) as modulações das esferas públicas econômicas nacionais (que servem como canais de difusão para as visões econômicas do mundo social fora do estreito círculo dos especialistas) e (c) as culturas econômicas (isto é, as formas mais gerais de representar e de agir na vida econômica). O artigo focaliza um capítulo recente da história cultural da economia marcado pela aplicação de planos de estabilização monetária reconhecidos como "heterodoxos", no Brasil e na Argentina (os planos Cruzado e Austral). A análise comparativa procura iluminar, por contraste, a consagração dos economistas como intelectuais públicos, os mecanismos por meio dos quais se exerce a pedagogia da economia e as relações entre culturas econômicas e culturas nacionais em ambos os países.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Federico Neiburg, Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia

    é professor do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS, Museu Nacional, UFRJ) e pesquisador do CNPq. Coordena o Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia (NuCEC, www.cultura-economia.com).

Referências

ARIDA, P. (1984a), “Economic stabilization in Brazil”. Working Paper, 149, Washington, Woodrow Wilson International Center for Scholars.

ARIDA, P. (1984b), “A ORTN serve apenas para zerar a inflação inercial”. Gazeta Mercantil, 19/10.

ARIDA, P. (1986), Inflação zero: Brasil, Argentina, Israel. Rio de Janeiro, Paz & Terra.

ARIDA, P. & LARA-RESENDE, A. (1985), “Inertial inflation and monetary reform in Brazil”. In: WILLIAMSON, J. (ed.). Inflation and indexation: Argentina, Brazil and Israel. Cambridge, Mass., MIT Press.

BAER, W. & KERSTENETZKY, I. (1964), Inflation and growth in Latin America. Homewood, Irwin.

BERROTARÁN, P. et al. (2004), “La construcción de un problema: los debates en torno a la inflación. Argentina (1940-1952)”. In: Intelectuales, crisis y cuestión de Estado, Argentina 1930-2000. Buenos Aires, Ediciones Al Margen.

BIDERMAN, C.; COZAC, L. F. & REGO, J. M. (orgs.). (1996), Conversas com economistas brasileiros. São Paulo, Editora 34.

BOURDIEU, P. (1977), Algérie 60: structures économiques et structures temporelles. Paris, Minuit.

BRESSER PEREIRA, L. C. (1985), “Como a Argentina acabou com sua inflação inercial”. Gazeta Mercantil, 17/7, p. 4.

BRESSER PEREIRA, L. C. (1986), “Inflação inercial e Plano Cruzado”. Revista de Economia Política, 6 (3): 9-24.

BRESSER PEREIRA, L. C. (1989), “A teoria da inflação inercial reexaminada”. In: REGO, J. M. (org.). Aceleração recente da inflação. São Paulo, Bienal.

BRESSER PEREIRA, L. C. & NAKANO, Y. (1984), “Fatores aceleradores, mantenedores e sancionadores da inflação”. Revista de Economia Política, 4 (1).

BRESSER PEREIRA, L. C. & NAKANO, Y. (1986), “Inflação inercial e choque heterodoxo no Brasil”. In: REGO, J. M. (org.). Inflação inercial, teorias sobre inflação e Plano Cruzado. Rio de Janeiro, Paz & Terra.

CALLON, M. (1998), “Introduction: the embeddedness of economic markets in economics”. In: (org.). The laws of the markets. Oxford, Blackwell, pp. 1-57.

CAMPOS, R. (1986), “Two views of inflation”. In: HIRSCHMAN, A. (org.). A economia como ciência moral e política. São Paulo, Brasiliense (1 ed. 1961).

DE L’ESTOILE, B., NEIBURG, F. & SIGAUD, L. (2002), “Antropologias, impérios e Estados nacionais: uma abordagem comparativa”. In: (orgs.). Antropologia, impérios e Estados nacionais. Rio de Janeiro, Relume Dumará.

DELFIM NETTO, Antonio. (1985), “Alfonsin substitui demagogia por coerência”. Revista de Economia e Política, 5 (4).

DEZALAY, Y. & GARTH, B. (2002), The internationalization of palace wars: lawyers, economists, and the contest to transform Latin American states. Chicago, University of Chicago Press.

DIXON, K. (1998), Les évangélistes du marché. Paris, Raison d’Agir.

DRAKE, P. W. (1994), Money doctors, foreign debts, and economic reforms in Latin America from the 1890s to the present. Wilmington, SR Books.

FOURCADE-GOURINCHAS, M. (2001), “Politics, institutional structures and the rise of economics: a comparative study”. Theory and Society, 30.

FOURCADE-GOURINCHAS, M. & BABB, S. (2002), “The rebirth of the liberal creed: paths to neoliberalism in four countries”. American Journal of Sociology, 108 (3):533-579.

FRENKEL, R. (1979), “Decisiones de precios en alta inflación”. Desarrollo Económico, 19 (75).

GUDEMAN, S. (1986), Economics as culture. Londres, Routledge & Kegan Paul.

GUDIN, E. (1967), “A institucionalização da inflação”. Digesto Econômico, 163.

HALL, P. (ed.). (1989), The political power of economic ideas: keynesianism across nations. Cambridge, Harvard University Press.

HEYMANN, Daniel. (1986), Tres ensayos sobre inflación y políticas de estabilización. Buenos Aires, Cepal.

HEYMANN, Daniel. (1987), “The Austral Plan”. The American Economic Review, 77 (2): 284-287.

HEYMANN, D. & LEIJONHUFVUD, A. (1995), High inflation. Oxford/Nova York, Oxford University Press.

HIRSCHMAN, A. (1963), “Inflation in Chile”. In: Journeys toward progress: studies of economic policy-making in Latin America. Nova York, Norton, pp. 159-223.

HIRSCHMAN, A. (1984), “La matriz social y política de la inflación: elaboración sobre la experiencia latinoamericana”. In: De la economía a la política y más allá. México, Fondo de Cultura Económica, pp. 225-267 (1 ed. 1981).

KAYE, J. (1988), “The impact of money on the development of fourteenth-century scientific thought”. Journal of Medieval Studies, 14: 251-270.

LARA-RESENDE, A. (1984a), “A moeda indexada: uma proposta para eliminar a inflação inercial”. Texto para Discussão, 5, Rio de Janeiro, PUC-RJ, Departamento de Economia.

LARA-RESENDE, A. (1984b) “A moeda indexada nem mágica nem panacéia”. Gazeta Mercantil, 26, 27 e 28 de setembro.

LEBARON, F. (2000), La croyence économique: les économistes entre science et politique. Paris, Seuil.

LOPES, F. (1984), Choque heterodoxo: combate à inflação e reforma monetária. Rio de Janeiro, Campus.

LOUREIRO, M. R. (1997), Os economistas no governo. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas.

LOVE, J. (1994), “Economic ideas and ideologies in Latin America since 1930”. In: BETHELL, L. (ed.). Ideas and ideologies in twentieth century Latin America. Nova York, Cambridge University Press.

MACKENZIE, D. & MILLO, Y. (2003), “Negotianting a market, performing theory: the historical sociology of a financial derivatives exchange”. American Journal of Sociology, 109 (1): 107-146.

MANTEGA, G. & REGO, M. (1999), Conversas com economistas brasileiros II. São Paulo, Editora 34.

MIROWSKI, P. (ed.). (1994), Natural images in economic thought. Cambridge/Nova York, Cambridge University Press.

MODIANO, E. (1986), “O choque argentino e o dilema brasileiro”. Revista de Economia Política, 6 (2).

NEIBURG, F. (1997), Os intelectuais e a invenção do peronismo. São Paulo, Edusp.

NEIBURG, F. & PLOTKIN, M. (2004), “Internationalisation et développement. ‘Les Di Tella’ et la nouvelle économie en Argentine”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 151-52: 57-67.

OLIVERA, J. G. (1960), “Teoría no monetaria de la inflación”. Trimestre Económico, XXXVII.

OLIVERA, J. G. (1967), “Aspectos dinámicos de la inflación estructural”. Desarrollo Económico, 7 (27).

PANTALEÓN, J. (2004), “El surgimiento de la nueva economía argentina: el caso Bunge”. In: NEIBURG, F. & PLOTKIN, M (orgs.). Intelectuales y expertos: la construcción del conocimiento social en la Argentina. Buenos Aires, Paidós, cap. 6.

PEIRANO, M. (org.). (2001), O dito e o feito: ensaios de antropologia dos rituais. Rio de Janeiro, Relume Dumará/NuAP.

RANGEL, I. (1963), A inflação brasileira. São Paulo, Brasiliense.

REGO, J. M. (org.). (1986), Inflação inercial, teorias sobre inflação e o Plano Cruzado. Rio de Janeiro, Paz & Terra.

SARDENBERG, C. A. (1987). Aventura e agonia: nos bastidores do cruzado. São Paulo, Companhia das Letras.

SIGAL, S. & KESSLER, G. (1997), “La hiperinflación en Argentina: comportamientos y representaciones sociales”. In: CANTON, D. & JORRAT, J. R. (orgs.). La investigación social hoy. Buenos Aires, CBC/UBA, pp. 155-187.

SIKKINK, K. (1991), Ideas and institutions: developmentalism in Brazil and Argentina. Ithaca, Cornell University Press.

SIMONSEN, M. H. (1964), A experiência inflacionária do Brasil. Rio de Janeiro, APEC.

SIMONSEN, M. H. (1970), Inflação: gradualismo x tratamento de choque. Rio de Janeiro, APEC.

SNOWDON, B. (2004), “Outside the mainstream: an interview with Axel Leijonhufvud”. Macroeconomic Dynamics, 8 (1): 117-145.

SOLA, L. (1991), “Heterodox shock in: Brazil. Técnicos, politicians and democracy”. Journal of Latin American Studies, 20.

SPITTA, A. (1988), “La cultura de la inflación en la Argentina: observaciones cotidianas de un extranjero”. In: BOTANA, N. & WALDMANN, P. (orgs.). El impacto de la inflación en la sociedad y la política. Buenos Aires, Tesis, ITDT, pp. 125-150.

SUNKEL, O. (1958), “La inflación chilena: un enfoque heterodoxo”. El Trimestre Económico, 25 (4).

WEIR, M. & SCOKPOL, T. (1989), “State structures and the possibilities for ‘keynesian’ responses to great depression in Sweden, Britain and the United States”. In: EVANS, P.; RUESCHEMEYER, D. & SKOCPOL, T. (eds.). Bringing the state back in. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 107-163.

WILLIAMSON, John. (1985), Inflation and indexation: Argentina, Brazil and Israel. Cambridge, MIT Press.

ZELIZER, V. (1994), The social meaning of money: pin money, paychecks, poor relief and other currencies. Nova York, Basic Books.

Downloads

Publicado

2004-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Neiburg, F. (2004). Economistas e culturas econômicas no Brasil e na Argentina: notas para uma comparação a propósito das heterodoxias . Tempo Social, 16(2), 177-202. https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000200008