Educação diferenciada e trajetórias profissionais femininas

Autores

  • Graziela Perosa Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702008000100003

Palavras-chave:

Famílias de elite, Escola privada, Profissionalização feminina

Resumo

Este artigo tem como objetivo examinar os usos e os efeitos da passagem pelo sistema de ensino, focalizando estratégias desenvolvidas por famílias de dirigentes paulistas para controlar a educação escolar de suas filhas, em uma cidade em acelerado processo de urbanização, crescimento demográfico vertiginoso e de industrialização crescente como era São Paulo nas décadas de 1950 e 1960. Constituiu em objeto de estudo as trajetórias socioprofissionais de um grupo de mulheres, ex-alunas de três escolas católicas da cidade, para interrogar-se sobre a gênese dos investimentos femininos no mundo social. Os procedimentos de pesquisa incluiram uma pesquisa de campo, a aplicação de questionários e a realização de entrevistas biográficas com ex-professoras, diretoras das escolas e ex-alunas. Os resultados sugerem que o investimento diferenciado dessas mulheres sobre a esfera profissional está relacionado com a estrutura de patrimônio das famílias, as formas de estruturar a experiência escolar das meninas e os padrões de alianças matrimoniais realizadas por esse grupo de mulheres.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AGUIAR, Neuma. (1979), “Mulheres na força de trabalho na América Latina”. Trabalho apresentado no III Encontro Nacional da Anpocs, Caxambu.

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. (2001), Metrópole e cultura: São Paulo no meio do século XX. Bauru, SP, Edusc.

BARROSO, Carmem & MELLO, Guiomar N. de. (1977), “O acesso da mulher ao ensino superior”. Cadernos de Pesquisa, 15: 47-75, São Paulo.

BAUDELOT, Christian & ESTABLET, Roger. (1992), Allez les filles. Paris, Seuil.

BERGER, Peter & LUCKMANN. (1994), A construção social da realidade. Petrópolis, Vozes.

BOURDIEU, Pierre. (1980), Le sens pratique. Paris, Minuit.

BOURDIEU, Pierre. (1989), La noblesse d’état. Paris, Minuit.

BOURDIEU, Pierre. (1996), As regras da arte. São Paulo, Companhia das Letras.

BOURDIEU, Pierre. (1999), “Sistemas de ensino e sistemas de pensamento”. In: A economia das trocas simbólicas. São Paulo Perspectiva, pp. 203- 230.

BOURDIEU, Pierre. (2000), “L’inconscient d’école”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 135:3-5, dez., Paris.

BLAY, Eva. (1978), Trabalho domesticado. São Paulo, Ática.

BRUSCHINI, Cristina. (1978), “Mulher e trabalho: engenheiras, enfermeiras e professoras”. Cadernos de Pesquisa, 27 (1): 3-17, São Paulo.

CARELLI, Mário. (1988), Carcamanos e comendadores: os italianos de São Paulo, da realidade à ficção. São Paulo, Ática.

COOKSON, Peter & PERSELL, Caroline. (1985), Preparing for power. Nova York, Basic.

DURKHEIM, Emile. (1922), Éducation et sociologie. Paris, PUF.

ELIAS, Norbert. (2000), Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.

FAGUER, Jean-Pierre. (1997a), “Esposa e colaboradora”. In: BOURDIEU, Pierre (org.). A miséria do mundo. Petrópolis, Vozes.

FAGUER, Jean-Pierre. (1997b), “Os efeitos de uma ‘educação total’: um colégio jesuíta, 1960”. Educação e Sociedade, 58: 9-53.

FAUSTO, Boris. (1997), Negócios e ócios: histórias da imigração. São Paulo, Cia. das Letras.

FREIRE, F. H. M. A. et al. (2005), “Dinâmica da nupcialidade: casamento, divórcio, viuvez e re-casamento no Nordeste”. Anais do I Encontro sobre Famílias e Políticas Públicas no Brasil. Belo Horizonte, Abep.

FREUD, Sigmund. (2006), “Um distúrbio de memória na Acrópole”. In: Obras Completas de Sigmund Freud. Vol. 22: Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos (1932-1936). Rio de Janeiro, Imago, pp. 237-245.

GOUVEIA, Aparecida Joly. (1968), “Democratização do ensino superior”. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 112: 232-244, Brasília.

HEILBORN, M. L. & SORJ, B. (1999), “Estudos de Gênero no Brasil”. In:MICELI, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970- 1995). São Paulo, Sumaré, pp. 183-222.

KNIBIEHLER, Yvone. (2001), Maternité, affaire privée, afaire publique. Paris, Bayard.

LEBARON, Frédéric. (1998), La croyance économique. Paris, Seuil.

LE WITA, Béatrix. (1988), Ni vue, ni connue: aproach etnographique de la culture bourgeoise. Paris, Maison des Sciences de l’Homme.

MANOEL, Ivan. (1996), Igreja e educação feminina: 1859-1919. São Paulo, Unesp.

MARCHETTI, Domingos & POLINÉSIO, Julia M. (1999), Memórias a duas vozes. São Paulo, Annablume.

MICELI, Sergio. (1979), Intelectuais e classe dirigente no Brasil. Rio de Janeiro, Difel.

MICELI, Sergio. (1988), A elite eclesiástica brasileira. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

MORSE, Richard. (1970), Formação histórica de São Paulo: de comunidade a metrópole. São Paulo, Difel.

MUEL DREYFUS, Francine. (1975), “L’école obligatoire et l’invention de l’enfance anormale”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 1: 60-74, jan., Paris.

MUEL DREYFUS, Francine. (1996), Vichy et l’éternel féminin. Paris, Seuil.

PASTORE, José. (1972), O ensino superior em São Paulo. São Paulo, Companhia Editora Nacional/Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo.

PEROSA, Graziela. (2005), Três escolas para meninas. Campinas. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação da Unicamp.

PINÇON, Michel & PINÇON-CHARLOT, Monique. (2003), Sociologie de la bourgeoisie. Paris, La Decouverte.

PINÇON, Michel & PINÇON-CHARLOT, Monique. (1997) Voyage en grande bourgeoisie. Paris, Quadrige/PUF.

QUEIROZ, Luis Cesar de & LAGO, Luciana Corrêa. (2000), “O espaço social das grandes metrópoles brasileiras: São Paulo Rio de Janeiro e Belo Horizonte”. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (Anpur), 3 (2): 111-129, nov., Recife.

RINGER, Fritz. (2003), “La segmentation des systèmes d’enseignement”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 149: 6-20, set., Paris.

RINGER, Fritz. (1979), Education and society in modern Europe. Bloomington/Londres, Indiana University Press.

SAINT-MARTIN, Monique de. (1990), “Une ‘bonne’ éducation: les oiseaux, à Sèvres”. Ethnologie Française, (20): 60-70, Paris.

SAFIOTTI, H. (1981), Do artesanal ao industrial: a exploração da mulher. São Paulo, Hucitec.

SCOTT, Joan. W. (1990), “L’ouvrière, mot impie, sordide... le discours de l’économie politique française sur les ouvrières (1840-1860)”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 83: 2-15, jun., Paris.

THÉBAUD, Françoise. (2001), “Féminisme et maternité: les configurations du siècle” In: KNIBIEHLER, Yvone. (2001). Maternité, affaire privée, afaire publique. Paris, Bayard.

TRIGO, Maria Helena Bueno. (1997), Espaços e tempos vividos: estudo sobre os códigos de sociabilidade e relações de gênero na Faculdade de Filosofia da USP (1934-1970). São Paulo. Tese de Doutorado. FFLCH, USP.

VILLAÇA, Flávio. (1998), Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo, Fapesp.

WEINSTEIN, Bárbara. (1995), “As mulheres trabalhadoras em São Paulo: de operárias não qualificadas a esposas profissionais”. Cadernos Pagu, (4): 143-171.

Downloads

Publicado

2008-01-01

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Educação

Como Citar

Perosa, G. (2008). Educação diferenciada e trajetórias profissionais femininas . Tempo Social, 20(1), 51-68. https://doi.org/10.1590/S0103-20702008000100003