O assalto à educação pelos economistas

Autores

  • Ana Maria F. Almeida Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702008000100008

Palavras-chave:

Educação e desigualdade, Circulação internacional, Economistas e educadores

Resumo

O artigo examina o processo pelo qual a educação passou, a partir dos anos de 1970, a ser considerada variável explicativa central da desigualdade de renda brasileira e instrumento de política pública a cargo dos economistas. Esse processo foi tributário: (1) da luta, entre os anos de 1930 e 1950, dos educadores profissionais para produzir um saber de Estado sobre a educação; e (2) do sucesso obtido pelos economistas em impor seus modelos de interpretação da realidade nacional nos anos de 1960, alijando os educadores. Em ambos os períodos, a circulação internacional de pessoas e idéias facilitada por governos e agências transnacionais foi um recurso manipulado pelos envolvidos nessa competição.

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Publicado

2008-01-01

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Educação

Como Citar

Almeida, A. M. F. (2008). O assalto à educação pelos economistas . Tempo Social, 20(1), 163-178. https://doi.org/10.1590/S0103-20702008000100008