Epistemologia da laje

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.151262

Palavras-chave:

Favela, Urbanismo, Projeto arquitetônico, Teoria decolonial, Paradigma das mobilidades

Resumo

Inspirado pelos efeitos reflexivos que o armário produz em Epistemology of the closet, de Eve Sedgwick, e pelas críticas feitas por Ananya Roy às teorizações que se voltam ao deciframento das chamadas megacidades do Sul Global, este ensaio propõe uma epistemologia da laje. Com base no referente “favela carioca”, a hipótese sugerida é de que a laje, empírica e conceitualmente, permite deslocamentos epistêmicos que desestabilizam dualismos seculares: favela versus cidade formal, espaço privado versus espaço público, legal versus ilegal, universal versus vernacular.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Bianca Freire-Medeiros, Universidade de São Paulo

    Professora do Departamento e do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo, onde coordena o UrbanData-Brasil: Banco de dados sobre o Brasil urbano (LAPS/Centro de Estudos da Metrópole).

  • Leo Name, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

    Professor do Centro Interdisciplinar de Território, Arquitetura e Design e do Programa de Pós-graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, onde é o Líder do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de pesquisa cadastrado no CNPq.

Referências

Abreu, Maurício de Almeida. (1997), Evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Iplanrio.

Alatas, Syed Farid. (2006), “Academic dependency and the global division of labour in the Social Sciences”. Current Sociology, 51 (5): 599-613.

Arantes, Pedro Fiori. (2012), Arquitetura na era digital-financeira. São Paulo, Editora 34.

Blaut, James Morris. (1993), The colonizer’s model of the world. New York/London, Guilford Press.

Britto, Marcos Vinicius Bohmer. (2016), O lugar como estratégia de projeto: análise da relação entre espaço e lugar em Puerto Madero. Porto Alegre, dissertação de mestrado, Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Britto, Marcos Vinicius Bohmer. (2018), A boa forma da não cidade latino-americana: repensando a forma urbana através de uma perspectiva decolonial. Projeto de tese [mimeo.]. Salvador, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia.

Brown, Michael. P. (2000), Closet space. London/New York, Routledge.

Bueno, Laura Machado Mello. (2000), Projeto e favela: metodologia para projetos de urbanização. São Paulo. São Paulo, tese de doutorado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Bueno, Laura Machado Mello. (2013), “Favela: uma questão também de estética”. Oculum Ensaios, 1: 25-48.

Cardoso, Adauto Lúcio. (2007), “Avanços e desafios na experiência brasileira de urbanização de favelas”. Cadernos Metrópole, 17: 219-240.

Carmona, Matthew et al. (2012), Public places-Urban spaces. Londres, Routledge.

Compans, Rose. (2003), “A regularização fundiária de favelas no Estado do Rio de Janeiro”. Revista Rio de Janeiro, 9: 41-53.

Compans, Rose. (2007), “A cidade contra a favela: a nova ameaça ambiental”. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 1 (9): 83-99.

Connell, Raewyn. (2007). Southern theory. Cambridge, Polity.

Damatta, Roberto. ([1985] 1991), “Espaço – Casa, rua e outro mundo: o caso do Brasil”. In: Damatta, Roberto. A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.

De Soto, Hernando. (2000), The mystery of capital: why capitalism triumphs in the West and fails everywhere else? New York, Basic Books.

Dussel, Enrique. ([2000] 2005), “Europa, modernidade e eurocentrismo”. In: Lander, Edgardo (org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires, Clacso, pp. 55-70.

Dussel, Enrique. ([1977] 2011), Filosofía de la liberación. México, fce.

Escobar, Arturo. (2016), Autonomía y diseño. Popayán, Sello Editorial.

Farrés Delgado, Yasser. (2014), Críticas decoloniales a la arquitectura, el urbanismo y la ordenación del territorio: hacia una territorialización de ambientes humanos en Cuba. Granada, tesis de doctorado, Departamento de Urbanística y Ordenación del Territorio da Universidad de Granada.

Ferro, Sérgio. ([1976] 2006). “O canteiro e o desenho”. In: Ferro, Sérgio. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo, Cosac Naify.

Freire-Medeiros, Bianca. (2009a), Gringo na Laje: produção, circulação e consumo da favela turística. Rio de Janeiro, fgv.

Freire-Medeiros, Bianca. (2009b), “The favela and its touristic transits”. Geoforum, 4 (40): 580-588.

Freire-Medeiros, Bianca. (2013), Touring poverty. London, Routledge.

Freire-Medeiros, Bianca et al. (2018), “Por uma teoria social on the move”. Tempo Social, 30 (2): 1-16.

Freire-Medeiros, Bianca & Name, Leo. (2015), “‘Peace, love & fun’: an aerial cable car and the traveling favela”. In: Cidell, Julie & Prytherch, David (orgs.). Transport, mobility, and the production of urban space. Nova York/Londres, Routledge, pp. 263-280.

Frehse, Fraya. (2013), “A rua no Brasil em questão (etnográfica)”. Anuário Antropológico, 2012-II: 99-129.

Gehl, Jan & Svarre, Birgitte. (2013), How to study public life. Washington d.c., Island Press.

Gutiérrez Borrero, Alfredo. (2015a), “El Sur del diseño y el diseño del Sur”. In: Santos, Boaventura de Sousa & Cunha, Teresa. Actas Colóquio Internacional Epistemologias do Sul: aprendizagens globais Sul-Sul, Sul-Norte e Norte-Sul. Coimbra, Centro de Estudos Sociais – Laboratório Associado.

Gutiérrez Borrero, Alfredo. (2015b), “Resurgimientos: sures como diseños y diseños otros”. Nómadas, 43: 113-129.

Hannam, Kevin et al. (2006), “Editorial: mobilities, immobilities and moorings”. Mobilities, 1 (1): 1-22.

Holanda, Aurélio Buarque. (2009), Dicionário Aurélio. Salvador, Positivo.

Jacques, Paola. Berenstein. (2001), Estética da ginga. Rio de Janeiro, Casa da Palavra.

Joseph, Isaac. (1993), “L’espace public comme lieu de l’action”. Annales de la Recherche Urbaine, 1 (57): 211-217.

Klintowitz, Danielle Cavalcanti. (2008), A (re)invenção da praça: a experiência da Rocinha e suas fronteiras. Campinas, dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Koury, Mauro Guilherme Pinheiro. (2015), “Gilberto Velho e a antropologia das emoções no Brasil”. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 41 (14): 22-37.

Lander, Edgardo (org.). ([2000] 2005), A colonialidade do saber. Buenos Aires, Clacso.

Lynch, Kevin. ([1960] 1997), A imagem da cidade. São Paulo, Martins Fontes.

Lynch, Kevin. ([1981] 2007), A boa forma da cidade. Lisboa, Edições 70.

Lugones, María. (2008), “Colonialidad y género”. Tabula Rasa, 9: 73-101

Lugones, María. ([2010] 2016), “Hacia un feminismo descolonial”. La Manzana de la Discordia, 6 (2): 105-117.

Maricato, Ermínia. (2003), “Metrópole, legislação e desigualdade”. Estudos avançados, 48 (17): 151-166.

Martín Alcoff, Linda. ([2011] 2016). “Uma epistemologia para a próxima revolução”. Sociedade e Estado, 1 (31): 129-143.

Martínez Espinal, Harold. ([1989] 2013). “El taller de diseño en la cultura y el espacio latinoamericano”. In: Martínez Espinal, Harold. Habitabilidad terrestre y diseño. Santiago de Cali, Programa Editorial Universidad Del Valle, pp. 51-63.

Menega, Elizete. (2009), “Crise urbana na atualidade: indagações a partir do fenômeno da concentração espacial dos pobres em assentamentos ilegais”. In: Encarte Clacso: Cadernos da América Latina. Cochabamba, Clacso.

Mignolo, Walter. D. ([1995] 2010), The darker side of the Renaissance. Michigan, University of the Michigan Press.

Mignolo, Walter. D. (2002), “The geopolitics of knowledge and the colonial difference”. The South Atlantic Quarterly, 1 (101): 57-96.

Mignolo, Walter. D. & Escobar, Arturo (orgs.). (2010), Globalization and the decolonial option. Londres, Routledge.

Moassab, Andréia. (2013), “Por um ensino insurgente fincado no seu tempo/espaço: o projeto pedagógico do cau Unila, a América Latina e o século xxi”. In: Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo, 31, Cadernos de Resumos. Goiânia, abea, pp. 70 - 87.

Name, Leo. (2012), “Das redes às ruas: notas sobre novas tecnologias de informação e comunicação, mobilização social e manifestações políticas no espaço público”. In: Rheingantz, P.A. & Pedro, R. (orgs.). Qualidade do lugar e cultura contemporânea. Rio de Janeiro, Proarq, pp. 199-221.

Name, Leo. (2016), “Paisagens para a América Latina e o Caribe famintos: paisagismo comestível com base nos direitos humanos e voltado à justiça alimentar”. In: Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, 13, Anais. Salvador, pp. 1-12.

Name, Leo & Freire-Medeiros, Bianca. (2017), “Teleféricos na paisagem da ‘favela’ latino-americana: mobilidades e colonialidades”. got, Revista de Geografia e Ordenamento do Território, 11: 263-282, junho.

Name, Leo & Freitez Carrillo, Oswaldo Francisco. (2019), “Cartografias alternativas decoloniais: gênero, sexualidades e espaços em uma universidade em área transfronteiriça”. Arquitextos, (no prelo).

Name, Leo & Moassab, Andréia. (2014), “Por um ensino de paisagismo crítico e emancipatório na América Latina: um debate sobre tipos e paisagens dominantes e subalternos”. In: Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, 12, Anais. Vitória.

Novaes, André Reyes. (2014). “Favelas and the divided city: mapping silences and calculations in Rio de Janeiro’s journalistic cartography”. Social & Cultural Geography, 2 (15): 201-225.

Onu. (2005), “Press Briefing by Special Rapporteur Right to Adequate Housing”. Disponível em <https://www.un.org/press/en/2005/kotharibrf050511.doc.htm>, acesso em 5.7.2018.

Ortiz, Renato. (1991), Cultura e modernidade. São Paulo, Brasiliense.

Ortiz, Renato. (1994), Mundialização e Cultura. São Paulo, Brasiliense.

Quijano, Aníbal. ([2000] 2005), “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”. In: Lander, E. (org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires, Clacso, pp. 227-278.

Rodrigues, Liebert. (2016), “Os mapas jornalísticos sobre as Unidades de Polícia Pacificadora como representação visual do favelismo”. Espaço e Cultura, 39: 179-204.

Roy, Ananya. (2011), “Slumdog cities: rethinking subaltern urbanism”. International Journal of Urban and Regional Research, 2 (35), 223-238.

Santos, Boaventura de Sousa & Meneses, Maria Paula. (2009), “Introdução”. In: Santos, B.S. & Meneses, M.P. (orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra, ces, pp. 9-19.

Sedgwick, Eve Kosofsky. ([1993] 2007), “A epistemologia do armário”. Cadernos Pagu, 28: 19-54.

Sedgwick, Eve Kosofsky. ([1990] 2008), Epistemology of the closet. Berkeley/Los Angeles/Londres, University of California Press.

Sevcenko, N. (1998), “A capital irradiante: técnica, ritmos e ritos do Rio”. In: Sevcenko, N. & Novais, F. A. (orgs.). História da vida privada no Brasil: República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo, Companhia das Letras, vol. 3, pp. 513-619.

Sheller, Mimi & Urry, John. (2006), “The new mobilities paradigm”. Environment and Planning A, 2 (38): 207-226.

Silva, Jailson & Barbosa, Jorge Luiz. (2005), Favela: alegria e dor na cidade. Rio de Janeiro, Senac-Rio.

Sousa, Jessé de. (2000), “A sociologia dual de Roberto DaMatta: descobrindo nossos mistérios ou sistematizando nossos autoenganos?” Revista Brasileira de Ciências Sociais, 45 (16): 47-67.

Szerszynski, Bronislaw & Urry, John. (2002), “Cultures of cosmopolitanism”. The Sociological Review, 4 (50): 461-481.

Szerszynski, Bronislaw & Urry, John. (2006), “Visuality, mobility and the cosmopolitan: inhabiting the world from afar”. The British Journal of Sociology, 1 (57): 113-131.

Telles, Vera da Silva. (2010), A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte, Argvumentvm.

Telles, Vera da Silva. (2013), “Prospectando a cidade a partir de suas margens: notas inconclusas”. Contemporânea, Revista de Sociologia da UFSCAR, 3 (2): 359-373.

Urry, John. (2007), Mobilities. Cambridge, Polity.

Valladares, Lícia do Prado. (2005), A invenção da favela: do mito de origem a favela.com. Rio de Janeiro, FGV.

Velho, Gilberto. (1994), Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro, Zahar.

Wallerstein, Immanuel. (1997), “Eurocentrism and its avatars: The dilemmas of social science”. Sociological Bulletin, 1 (46): 21-39.

Downloads

Publicado

2019-04-17

Edição

Seção

Dossiê: Pensar a cidade (no Brasil): Espaços e tempos