Monitorar, negociar e confrontar: as (re)definições na gestão dos ilegalismos em favelas “pacificadas”

Autores

  • Palloma Valle Menezes Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.133202

Palavras-chave:

Ilegalismos, Favela, Pacificação, Tráfico de drogas, Polícia

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as (re)definições que ocorreram na gestão diferencial dos ilegalismos em favelas cariocas a partir da inauguração das Unidades de Polícia Pacificadoras. Com base em uma pesquisa etnográfica realizada nas duas primeiras favelas “pacificadas”, mapeio os impactos da upp nas modalidades de presença, nos modos de ação e de interação entre policias e jovens que atuam no comércio varejista de drogas ilegais. Defendo a hipótese de que monitorar, negociar e confrontar são as principais modalidades da gestão dos ilegalismos em favelas cariocas. E sugiro que analisar as variações e combinações entre essas modalidades é fundamental para compreender os campos de forças presentes em favelas “pacificadas” e, consequentemente, analisar o processo de ascensão e queda das UPPs.

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Biografia do Autor

  • Palloma Valle Menezes, Universidade Federal Fluminense

    Professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2018-12-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Menezes, P. V. (2018). Monitorar, negociar e confrontar: as (re)definições na gestão dos ilegalismos em favelas “pacificadas”. Tempo Social, 30(3), 191-216. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.133202