Paradoxos do trabalho associado

Autores

  • Jacob Carlos Lima Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Sociologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702009000100007

Palavras-chave:

Cooperativas de trabalhadores, Trabalho associado, Autogestão, Precarização do trabalho, Vulnerabilidade social

Resumo

Este artigo visa discutir a heterogeneidade do trabalho associado em cooperativas e empresas autogestionárias, e dois de seus paradoxos originários: integração ou alternativa ao mercado capitalista, e trabalho autônomo ou subordinado. Apresentamos alguns dilemas enfrentados pelo trabalho associado a partir de experiências concretas que refletem contextos, lugares, possibilidades e limites. Mais que uma forma de trabalho atípico ante o trabalho assalariado regular, o trabalho associado apresenta peculiaridades que refletem a própria dinâmica recente do capitalismo flexível e sua busca constante por redução de custos. Procura-se discutir as cooperativas e empresas autogestionárias em sua positividade como possibilidade efetiva de autonomia dos trabalhadores; em sua negatividade, como resultante da precarização entendida como perda de direitos sociais vinculados ao trabalho; e, numa terceira perspectiva, como alternativa de inserção social para trabalhadores excluídos ou nunca inseridos no mercado de trabalho formal.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ANTEAG. (2000), Autogestão: construindo uma nova cultura de relações de trabalho. São Paulo, Anteag.

CABRAL, Guilherme R. E. (2004), Uma tentativa de implantação de uma cooperativa autogerida: o desafio da participação na Cooperativa dos trabalhadores têxteis de confecção e vestuário de Pernambuco Ltda. Dissertação de mestrado, UFPE.

CAVALCANTI, Clóvis (org.). (1988), No interior da economia oculta: estudos de caso de uma pesquisa de avaliação do desenvolvimento de base no Norte e no Nordeste do Brasil. Recife, Fundação Joaquim Nabuco/Massangana.

CLARO, Mauro. (2004), Unilabor: desenho industrial, arte moderna e autogestão operária. São Paulo, Editora Senac.

CORNFORTH, Chris. (2004), “The Governance of Cooperatives and Mutual Associations: a Paradox Perspective”. Annals of Public and Cooperatives Economics, 75 (1): 11-32.

DAMATTA, Roberto. (1987), A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro, Guanabara.

GEORGES, Isabel & FREIRE, Carlos. (2007), “A naturalização da precariedade: trabalho informal, ‘autônomo’ e ‘cooperativado’ entre costureiras em São Paulo”. In: LIMA, J. C. (org.), Ligações perigosas: trabalho flexível e trabalho associado. São Paulo, Annablume.

GUTIÉRREZ, Alfonso C. Morales. (1992), “Workers’ Cooperatives: Are They Intrinsically Inefficient?”. Economic and Industrial Democracy, 13: 431-436.

HERRANZ, Roberto & HOSS, Dietrich. (1991), “División del trabajo entre centro y periferia: cooperativas e industrialización difusa en Galicia”. Sociología del Trabajo, Nueva Época, 11, inverno de 1990-1991.

HOLZMANN, Lorena. (2001), Operários sem patrão: gestão cooperativa e dilemas da democracia. São Carlos, Editora da UFSCar.

KASMIR, Sharryn. (2007), “O modelo Mondragón como discurso pós-fordista”. In: LIMA, J. C. (org.), Ligações perigosas: trabalho flexível e trabalho associado. São Paulo, Annablume.

LIMA, Jacob C. (1998), “Cooperativas de produção industrial: autonomia e subordinação”. In: CASTRO, Nadya A. & DEDECCA Cláudio S. A ocupação na América Latina: tempos mais duros. São Paulo/Rio de Janeiro, Alast.

LIMA, Jacob C. (2004), “O trabalho autogestionário em cooperativas de produção: o paradigma revisitado”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 19 (56): 45-74, out.

LIMA, Jacob C. (2007), “Trabalho flexível e autogestão: estudo comparativo entre cooperativas de terceirização industrial”. In: LIMA, J. C. (org.), Ligações perigosas: trabalho flexível e trabalho associado. São Paulo, Annablume.

LUXEMBURGO, Rosa de. (2001), Reforma o revolución. Buenos Aires, Longseller.

MARTINS, Sérgio P. (2003), Cooperativas de trabalho. São Paulo, Atlas.

MARX, Karl. (1977), “Manifesto de lançamento da Associação Internacional dos trabalhadores, 1864”. In: MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Textos 3. São Paulo, Edições Sociais.

MONDADORE, Ana Paula C. (2007), “As fases e faces de uma cooperativa autogestionária”. In: LIMA, J. C. (org.), Ligações perigosas: trabalho flexível e trabalho associado. São Paulo, Annablume.

NASCIMENTO, Maria de Fátima M. (1993), “O próximo e o distante: histórias e estórias de um bairro e uma fábrica de João Pessoa”. João Pessoa, Dissertação de mestrado em Ciências Sociais, UFPB.

OLIVEIRA, Fábio de. (2007), “Os sentidos do cooperativismo de trabalho: as cooperativas de mão-de-obra à luz da vivência dos trabalhadores”. Psicologia & Sociedade, 19 (1): 75-83, edição especial.

PEREIRA, Maria Cecília C. (2007), Experiências autogestionárias no Brasil e na Argentina. Campinas, Dissertação de mestrado, Unicamp.

ROSENFIELD, C. (2007), “A autogestão e a nova questão social: repensando a relação indivíduo-sociedade”. In: LIMA, J. C.(org.), Ligações perigosas: trabalho flexível e trabalho associado. São Paulo, Annablume.

SIMMEL, Georg. (1983), Sociologia. São Paulo, Ática.

SOUZA, André Ricardo. (2006), Igreja, política e economia solidária: dilemas entre a caridade, a autogestão e a teocracia. São Paulo, Tese de doutorado, FFLCH-USP.

VIEITEZ, Candido & DAL RI, Neusa Maria. (2001), Trabalho associado: cooperativas e empresas de autogestão. Rio de Janeiro, DP&A.

Downloads

Publicado

2009-01-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Lima, J. C. (2009). Paradoxos do trabalho associado . Tempo Social, 21(1), 113-132. https://doi.org/10.1590/S0103-20702009000100007