A prisão fora e acima da lei

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.161053

Palavras-chave:

Prisão, Tortura, Direitos humanos, Defensoria Pública, Rio de Janeiro

Resumo

As fronteiras da prisão também erodem quando centros de poder e decisão se deslocam para fora dos muros e para cima de estruturas administrativas; quando injunções legais crescentemente condicionam as atividades do staff prisional, e o interior do cárcere é, cada vez mais, devassado por mecanismos diversos de prevenção e combate à tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos e degradantes. A partir de análise qualitativa dos relatórios produzidos pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro, no âmbito de seu programa de monitoramento do sistema carcerário, procuro discernir dinâmicas que caracterizam esse mais amplo processo neste contexto específico, bem como informam sobre seus alcances e limites.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rafael Godoi, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Mestre e doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo, pós-doutorando no Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ e pesquisador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (Necvu).

Referências

Austin, John. (1962), How to do things with words. Londres, Oxford University Press.

Barak-Glantz, Israel. (1981), “Toward a conceptual schema of prison management styles”. The Prison Journal, 61 (2): 42-60.

Cejus, Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça. (2015), iv Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil. Brasília, Ministério da Justiça.

Chantraine, G. & Kaminski, D. (2008), “La politique des droits en prison: police institutionnelle, militantisme juridique, luttes démocratiques”. Champ penal /Penal Field, Seminaire Innovations Pénales, https://journals.openedition.org/champpenal/2581, consultado em 14/8/2019.

Cliquennois, Gaëtan & Snacken, Sonja. (2018), “European and United Nations monitoring penal and prison policies as a source of na inverted panopticon?” Crime, Law and Social Change, 70 (1): 1-18.

Cunha, Manuela. (2014), “The ethnography of prisons and penal confinement”. Annual Review of Anthropology, 43 (1): 217-233.

Daems, Tom. (2017) “Slaves and statues: torture prevention in contemporary Europe”. British Journal of Criminology, 57: 627-643.

Das, Veena. (2007), Life and words: violence and the descente into the ordinary. Berkeley, University of California Press.

Depen, Departamento Penitenciário Nacional. (2016), Levantamento nacional de informações penitenciárias. Brasília, Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Feeley, Malcolm & Swearingen, Van. (2004), “The prison conditions cases and the bureaucratization of American corrections: influences, impacts and implications”. Pace Law Review, 24 (2): 433-475.

Foucault, Michel. (2014), Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes.

Galembert, Claire & Rostaing, Corinne, (2014), “Ce que les droits fondamentaux changent à la prison. Présentation du dossier”. Droit et Société, 87 (2): 291-203.

Godoi, Rafael. (2017a), Fluxos em cadeia: as prisões em São Paulo na virada dos tempos. São Paulo, Boitempo.

Godoi, Rafael. (2017b), “Tortura difusa e continuada”. In: Mallart, Fábio & Godoi, Rafael (orgs.). Br 111: a rota das prisões brasileiras. São Paulo, Veneta, pp. 117-126.

Guetzkow, Joshua & Schoon, Eric. (2015), “If you build it, they will fill it: the consequences of prison overcrowding litigation”. Law & Society Review, 49 (2): 401-432.

Gupta, Akhil. (2012), Red tape: bureaucracy, structural violence and poverty in India. Londres, Duke University Press.

Jacobs, James. (1980), “The prisoners’ rights movement and its impacts, 1960-80”. Crime and Justice, 2: 429-470.

Jesus, Maria Gorete. (2010), O crime de tortura e a justiça criminal. São Paulo, ibccrim.

Jesus, Maria Gorete et al. (2016), Jurisprudência do crime de tortura nos tribunais de justiça do Brasil (2005-2010). Revista de Estudos Empíricos em Direito, 3 (1): 79-97.

Kaminski, Dan. (2002), “Les droits des détenus au Canadá et en Angleterre: entre révolution normative et légitimation de la prison”. In: Schutter, Olivier & Kaminski, Dan. (orgs.). L’institution du droit pénitentiaire: enjeux de la reconnaissance des droits des détenus. Paris/Bruxelles, lgdj/Bruylant, pp. 91-112.

Malvezzi Filho, Paulo. (2018), “Entre engrenagens e mecanismos: para uma crítica das políticas de prevenção da tortura no sistema prisional”. In: Pastoral Carcerária. Tortura em tempos de encarceramento em massa. São Paulo, cnbb, pp. 76-88.

Marques, Adalton. (2018), Humanizar e expandir: uma genealogia da segurança pública em São Paulo. São Paulo, ibccrim.

Morgan, Rod. (2000), “Developing prison standards compared”. Punishment & Society, 2 (3): 325-342.

Relatório de Visita à Unidade Prisional Evaristo de Moraes. 30 de abril e 12 de maio de 2015.

Salla, Fernando. (2005), “O Brasil e o protocolo facultativo à Convenção das Nações Unidas contra a Tortura”. Revista Brasileira de Ciências Criminais, 57 (13): 213-247.

Salle, Grégory & Chantraine, Gilles. (2009), “Le droit emprisonné? Sociologie des usages du droit em prison”. Politix, 87: 93-117.

Schoenfeld, Heather. (2010), “Mass incarceration and the paradox of prison conditions litigation”. Law & Society Review, 44 (3/4): 731-768.

Simon, Jonathan. (2013), “Courts and the Penal State: lessons from California’s decades of prison litigation and expansion”. California Journal of Politics and Policy, 5 (2): 252-265.

Stanchi, Malu & Dias, João. (2018), “Necropolítica nas prisões cariocas: análise das tecnologias de produção da morte a partir dos relatórios de vistoria da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro”. Paper apresentado no IV Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão. Dourados, Universidade Federal da Grande Dourados.

Teixeira, Alessandra. (2009), Prisões da exceção: política penal e penitenciária no Brasil contemporâneo. Curitiba, Juruá.

Zaffalon, Luciana. (2018), A política da justiça: blindar as elites, criminalizar os pobres. São Paulo, Hucitec.

Zyl Smit, Dirk van. (2010), “Regulation of prison conditions”. Crime and Justice, 39 (1): 509-563.

Downloads

Publicado

2019-12-18

Edição

Seção

Dossiê - Punição, prisão e cidade: contextos transversais