A “lógica da intervenção” e a questão da circulação: as remoções de favelas como forma de gerir o espaço urbano no Rio de Janeiro dos Jogos Olímpicos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.143694

Palavras-chave:

Favelas, Remoção, Intervenção, Circulação, Jogos Olímpicos

Resumo

As remoções de favelas no Rio de Janeiro voltaram à agenda estatal. Desde 2009, aproximadamente 21 mil famílias foram retiradas de seus locais originais de moradia. Neste artigo busco apresentar, com base na descrição etnográfica, duas dimensões interconectadas que estruturam esse processo: a da “lógica da intervenção” e a questão da circulação. Tal empreendimento analítico se apoiará na experiência dos moradores de uma favela da Zona Oeste da cidade, removida entre os anos de 2010 e 2011 em função da construção de uma obra (uma via segregada para ônibus) incluída no rol daquelas que preparariam a cidade para os Jogos Olímpicos de 2016.

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Biografia do Autor

  • Alexandre Magalhães, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Mestre em sociologia pelo Iuperj, doutor em sociologia pelo Iesp-Uerj, realizou pós-doutorado em antropologia social no Museu Nacional/UFRJ. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Publicado

2019-08-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A “lógica da intervenção” e a questão da circulação: as remoções de favelas como forma de gerir o espaço urbano no Rio de Janeiro dos Jogos Olímpicos. (2019). Tempo Social, 31(2), 221-242. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.143694