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Olhando para os não visíveis –  A atenção à saúde para a realidade do morador de rua

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP

Quem mora na rua faz parte da “população de vulneráveis” e, dessa forma, é uma população que precisa de assistência, de cuidados de saúde por parte dos órgãos competentes. O projeto Consultório na rua é uma iniciativa do Ministério da Saúde, criada em 2012, ocasião em que vários municípios do Brasil todo aderiram ao projeto, inclusive São Paulo. Dentro do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde), vinculado à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e à Secretaria Municipal de Saúde, nasce a parceria para que os alunos de graduação, de todos os semestres, pudessem ter contato com os serviços da rede durante a formação. Nessa perspectiva  foi criado o PET Saúde de Populações Vulneráveis, no qual a população de rua se enquadra, bem como a equipe de Consultório na rua.

Esse é o assunto tratado pelo artigo da revista Saúde e Sociedade, no relato dessa experiência que permitiu um olhar “de perto” para os “invisíveis”, “a realidade social na qual o morador de rua está inserido e aprender sobre as particularidades da atenção à saúde deste grupo populacional“. A Lei Orgânica n. 8.080/1990 do Sistema Único de Saúde (SUS) com a Rede de Atenção à Saúde objetiva integração entre ensino e serviços de saúde que engloba gestores, docentes profissionais e população. “A formação profissional em saúde hoje comporta uma educação técnica, humanística e comprometida com a mudança sociossanitária da população brasileira“.

O PET-Saúde, iniciativa do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde apoia “essa reorganização nas graduações em saúde“, estimulando a formulação de estratégias pedagógicas de ensino-aprendizagem em realidades concretas das práticas assistenciais dos serviços do SUS. Nessa perspectiva, essas ações procuram descobrir os fatores sociais a justificarem problemas de saúde, “identificar políticas públicas e ações de saúde destinadas aos grupos em vulnerabilidade“; encontrar essa temática na graduação da Faculdade; “reconhecer a Rede de Proteção Social à população em situação de vulnerabilidade do centro da cidade de São Paulo“; e procurar criar “ações de proteção da saúde dessas populações“.

Muitas vezes a falta de higiene, o uso de “substâncias psicoativas e a criminalidade” acabam por marginalizar essas populações vulneráveis que, via de regra, ocupam ruas, cortiços e “ocupações irregulares“. Na população de rua a questão se agrava, pois muitos serviços de saúde não respondem às urgências de socorro que esses moradores requerem, visto as numerosas doenças agravadas por um deteriorado estado emocional, aumentando o risco de morte. O “Consultório na Rua tem como premissa ser porta de entrada do sistema de saúde“, abarcando consultas médicas e de enfermagem, além de outras especialidades apoiadas também pelos profissionais de fonoaudiologia e medicina do PET-Saúde Populações Vulneráveis da Faculdade que se inseriram, proporcionando ações sobre educação e vigilância em saúde, “parceria com equipamentos sociais (abrigo, higiene, alimentação, documentações, capacitações para o trabalho etc.)“.

O processo de acompanhamento de cada caso, estando presente um agente comunitário de saúde, estimula discussão na equipe, funcionando como processos de aprendizagem compartilhados. A integração ensino-serviço parte do conhecimento sobre estratégias de cuidado e a rede de proteção social.  “Pode-se afirmar que os alunos desenvolveram senso crítico e refletiram sobre a efetivação das políticas públicas, na perspectiva da garantia de direitos sociais e humanos.

Os alunos, na convivência com os moradores de rua, contaram com a oportunidade de ampliar sua visão de mundo e, por sua vez, aos moradores se descortinou a possibilidade de experimentar mudanças para situações delicadas e tornar mais amena a realidade das ruas. O resultado gerou contribuições importantes e efetivas para a formação social e humanística de profissionais mais preparados pelo aprimoramento do processo de trabalho da equipe de saúde por meio do diálogo entre ensino e serviço, qualificando, desse modo, o Sistema Único de Saúde. 

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Artigo

CAMPOS, A. População de rua. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 27, n. 4, p. 997-1.003, 2018. ISSN: 10.1590. DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-12902018180908. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/153067. Acesso em: 29 maio 2019.

Contatos

Ariane Campos – Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, dentro do CAPS AD III na região da Brasilândia, em São Paulo, por meio da Associação Saúde da Família. e-mail: arianegracadecampos@gmail.com

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