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Pesquisa revela o papel da música no estímulo do desenvolvimento cerebral, na busca de um aprendizado multidisciplinar

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP

Escutar música não é apenas lazer, a música também tem efeitos terapêuticos, é parte de algumas das estratégias de estímulo das áreas do cérebro que despertam potenciais de aprendizagens nos âmbitos cognitivos, sociais e fisiológicos. Diferentes tipos de música despertam diferentes emoções, sentimentos, lembranças, provocando uma série de respostas no corpo humano. É o que o artigo da revista Literartes aborda: “a contribuição da Neurologia para o desenvolvimento na Educação Musical”, a relação entre a música e o desenvolvimento neurológico atuando como fator de melhora em doenças como depressão ou Alzheimer. Dessa maneira, o autor convoca arte-educadores, músicos e educadores para observar a criança e/ou participar com ela do “processo de construção de linguagem, de maneira a encontrar respostas para as dificuldades e para a inclusão dessa criança, seja pedagógica ou social”.

O estudo mostra que a neurociência trata da “objetividade dos dados” e com “os sinais que mapeiam o funcionamento cerebral“, e, de outro lado está a música, “que não pode ser entendida sem levarmos em conta a subjetividade, o envolvimento lúdico e a transitividade que caracterizam a arte“. Quando escutamos música, nosso batimento cardíaco, nossa frequência respiratória e nossos ritmos elétricos cerebrais mudam conforme o ritmo e a melodia, em outras palavras, “dançam conforme a música“. Isso porque a música não apenas é processada no cérebro, mas afeta seu funcionamento. E os benefícios da mais emocional das artes não param aí: a música intensifica também as capacidades linguísticas.

O artigo elucida que as crianças normalmente se expressam melhor pelo som e pela música do que pelas palavras, verificando-se que aquela pode ser “uma ferramenta única” para crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, depressão, esquizofrenia e outras disfunções cerebrais. Mas transtornos como a demência, por exemplo, não afetam os talentos musicais, ou mesmo até contribuem para suavizar o problema. A música pode, também, “facilitar a intimidade e a aproximação física dos indivíduos com seus cuidadores, com maior engajamento em tarefas e melhor modulação positiva do humor“. A proposta do autor é sugerir, para os cuidadores, um trabalho que apresente sentimentos compartilhados e convergentes a partir de uma experiência emocional, estética e artística”.

Segundo o autor, os tratamentos realizados tendo como instrumento principal a música são conhecidos e utilizados desde tempos ancestrais. A música estimula o cérebro musical, aumentando “a flexibilidade mental e a coesão social”, e, para isso, são utilizados recursos como a dança e jogos musicais, potencializando-se “as técnicas de restabelecimento físico e cognitivo“. A inteligência musical é um traço compartilhado e mutável que pode estar presente em grau até acentuado, mesmo em crianças com deficiência intelectual. Não é só as crianças que se beneficiam com a música, os adolescentes também, atuando, essa arte, como fator de auxílio ao jovem na difícil fase de transição, em que ele se depara ”com mudanças não apenas hormonais, mas neurobiológicas e mudanças impulsividade, agilidade motora e períodos de humor oscilante e de tédio“.

Na atual era digital, principalmente os adolescentes se relacionam, em geral,virtualmente, sem estabelecerem contatos reais e relações que propiciem experiências de compartilhamento, de vivências com o outro para poderem dividir problemas e questões que melhor se resolvem quando há vínculo afetivo. O artigo, em função das questões apresentadas, propõe um trabalho multidisciplinar em que músicos, neurologistas e professores possam levar em conta a importância da música no desenvolvimento cerebral e mental, trazendo para os alunos e pacientes atividades e possibilidades sensíveis, criativas e tearapêuticas que a música nos oferece, buscando-se, nas palavras do autor, “uma poética musical inclusiva“.

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Artigo

MUSZKAT, M. Música e Neurodesenvolvimento: em busca de uma poética musical inclusiva. Literartes, São Paulo, v. 1, n. 10, p. 233-243, 2019. ISSN: 2316-9826. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9826.literartes.2019.163338. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/literartes/article/view/163338. Acesso em: 01 dez. 2019. 

Contato

Mauro Muszkat – Coordenador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Interdisciplinar Infantil (NANI) do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP, professor no Programa de Educação e Saúde da Infância e Adolescência (UNIFESP) e líder do Grupo de Pesquisa em Reabilitação e Ensino em Neurociência Educacional do CNPq. e-mail: contato@cpnsp.com.br

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