“Da porta da cozinha pra lá”: gênero e mudança social no filme Que horas ela volta?

Autores

  • Lígia Lana Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2016.110278

Palavras-chave:

Que horas ela volta?, família, gênero, trabalho doméstico, Brasil.

Resumo

O filme Que horas ela volta? (2015), de Anna Muylaert, narra a perturbação do cotidiano de uma família da elite paulistana depois da chegada da filha de sua empregada doméstica. Este artigo analisa os modos como o filme narra vivências íntimas, pessoais e emocionais de homens e mulheres no Brasil hoje, marcadas pelas mudanças sociais dos últimos dez anos. O artigo retoma estudos da antropologia sobre o trabalho doméstico e alguns aspectos históricos da constituição da família brasileira. No filme, a linguagem melodramática e a sugestão de um final feliz trazem um olhar benevolente para as transformações recentes do país. As conclusões sugerem que o empoderamento da mulher brasileira, celebrado pelo filme, precisa ser visto com cautela, já que, apesar da redução dos abismos econômicos no país, ainda permanecem entre nós intensas desigualdades sociais.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Lígia Lana, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Brasil.

    Pesquisadora de Pós-Doutorado (PNPD/FAPERJ-CAPES) no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Doutora (2012) e mestre (2007) em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
    ligialana@gmail.com.

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. Melodrama egípcio: uma tecnologia do sujeito moderno? Cadernos Pagu, n.21, p. 75-102, 2003.

BRITES, Jurema. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. In: Cadernos Pagu, n.29, p.91-109, jul.-dez. 2007.

COELHO, Maria Claudia. Sobre agradecimentos e desagrados: trocas materiais, relações hierárquicas e sentimentos. In: VELHO, Gilberto; KUSCHNIR, Karina (orgs.). Mediação, Cultura e Política. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001. p.267-291.

COLEN, Shellee. Like a mother to them: stratified reproduction and West Indian Childcare workers and employers in New York. In: GINSBURG, F. e RAPP, R. Conceiving the new world order: the global politics at reproduction. Berkley: University California Press, 1995. p.78-102.

FAGUNDEZ, Ingrid. Não aprendi muito com 'Que Horas Ela Volta?', diz representante de patrões. São Paulo, Folha de S. Paulo, 04 out. 2015. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2015/10/1689476-nao-aprendi-muito-com-que-horas-ela-volta-diz-representante-de-patroes.shtml. Acesso em 25 jan. 2016.

FONSECA, Claudia. Apresentação: de família, reprodução e parentesco: algumas considerações. Cadernos Pagu, n.29, p. 9-35, 2007.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. São Paulo: Global, 2012.

GOLDSTEIN, Donna. The Aesthtics of Domination: Class, Culture, and the Lives of Domestic Workers. In: Laughter out of place: race, class and sexuality in a Rio Shanytown. Berkeley: University of California Press, 2003. p.58-101.

HAHNER, June. Mulheres da elite: honra e distinção das famílias. In: PINSKY, Carla; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2013. p.43-64.

HOCHSCHILD, Arlie. The Managed Heart: commercialization of human feeling. Berkeley; Los Angeles: University of California Press, 2003.

MCROBBIE, Angela. The aftermath of feminism: gender, culture and social change. London: Sage, 2009.

MELLO, Xênia. Eu fui a filha da doméstica que entrou na Universidade. Blogueiras Feministas, 09 set. 2015. Disponível em: http://blogueirasfeministas.com/2015/09/eu-fui-a-filha-da-domestica-que-entrou-na-universidade/. Acesso em 28 out. 2015.

ROLLINS, Judith. Entre Femmes: les domestique et leur patronnes. Actes de la Recherche, no 84, p.63-77, 1990.

SOARES, Luiz Eduardo. A Duplicidade da Cultura Brasileira. In: SOUZA, Jessé (org.). O Malandro e o Protestante: a tese weberiana e a singularidade cultural brasileira. Brasília: Editora Unb, 1999. p. 223-235.

SOUZA, Jessé. Gilberto Freyre e a singularidade cultural brasileira. In: Tempo Social, Revista Sociologia da USP. São Paulo, n.12, vol. 1, p. 69-100, mai. 2000.

VELHO, Gilberto. O patrão e as empregadas domésticas. In: Sociologia, Problemas e Práticas, n. 69, p. 13-30, 2012.

Downloads

Publicado

2016-07-07

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

“Da porta da cozinha pra lá”: gênero e mudança social no filme Que horas ela volta?. RuMoRes, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 121–137, 2016. DOI: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2016.110278. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/110278.. Acesso em: 24 abr. 2024.