Contra estigmas e generalizações: o direito à voz e as estratégias de apagamento e invisibilidade do sujeito no texto jornalístico
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2021.186553Palavras-chave:
Discurso midiático, Mineração em Brumadinho, Ricardo Corrêa da Silva, Fofão da Augusta, Produção de consensoResumo
Neste artigo, desenvolvemos uma observação crítica sobre a representatividade identitária da alteridade na mídia a partir de uma abordagem transdisciplinar. Partindo de uma análise sociológica e cultural do sistema de produção de consensos em que se insere o fazer jornalístico, buscamos identificar estruturas subjacentes a ele. Metodologicamente, portanto, optamos pelo paradigma do estruturalismo. Em seguida, comparamos o tratamento e a construção do éthos do sujeito do enunciado em duas reportagens: a primeira, um desdobramento do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, mostrando como as vítimas da mineradora foram retratadas na narrativa; a segunda, um perfil de Ricardo Corrêa da Silva, pejorativamente chamado de Fofão da Augusta, por suas características físicas e pelo hábito de frequentar a famosa rua paulistana. Por fim, propomos uma discussão sobre as possibilidades de inclusão do sujeito que estava à margem, o outro, mostrando que sua individualização é possível e evita estereotipagens preconceituosas.
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