Cartas para um ladrão de livros

um ladrido para quem corta o relato

Autores

  • Ivan Paganotti FIAM-FAAM

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2019.153755

Palavras-chave:

Cinema, documentário, bibliotecas, censura

Resumo

O artigo analisa a polêmica ao redor do documentário Cartas para um ladrão de livros. Ao expor o furto de obras raras de acervos públicos brasileiros, seus produtores sofreram ameaças de processos judiciais, o que levou à autocensura do filme. O trabalho avalia essa irônica contradição entre o retrato de um personagem perseguido pela justiça por roubar documentos públicos e vendê-los para colecionadores privados, e a ameaça judicial contra o documentário que denuncia a privatização da memória coletiva. Para isso, será analisada também a repercussão dessa denúncia automutilada: poucos meses após seu lançamento, o filme atraiu a atenção de repórteres da imprensa, que acabaram revelando nomes antes censurados de compradores das obras.

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Biografia do Autor

  • Ivan Paganotti, FIAM-FAAM

    Docente do Mestrado Profissional em Jornalismo do Fiam-Faam. Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, com estágio doutoral na Universidade do Minho, com bolsa Capes.

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Publicado

2019-12-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Cartas para um ladrão de livros: um ladrido para quem corta o relato. RuMoRes, [S. l.], v. 13, n. 26, p. 310–329, 2019. DOI: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2019.153755. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/153755.. Acesso em: 28 mar. 2024.