Estudo sobre as características da dor em pacientes com lesão medular

Autores

  • Adriana Vieira Rodrigues Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Wesley Araújo Sampaio Vidal Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Joseane Andréa Lemes Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Carolina Spagnuolo Gôngora Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Thalita Correa Neves Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Suhaila Mahmoud Smaili Santos Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Roger Burgo de Souza Universidade Estadual de Londrina - UEL

DOI:

https://doi.org/10.5935/0104-7795.20120027

Palavras-chave:

Atividades Cotidianas, Dor/complicações, Traumatismos da Medula Espinal

Resumo

Além da perda da funcionalidade após a lesão medular (LM), a dor é tida como uma das principais complicações mais incapacitantes e vivenciadas no processo de reabilitação, mesmo com o avanço significativo na compreensão da fisiopatologia e tratamento da dor, a abordagem desse sintoma ainda é precária na lesão medular. Objetivo: Descrever as características do quadro álgico nessa população e associar a dor com o tipo de lesão, interferência nas atividades de vida diária (AVD’s) e o seu aparecimento. Método: Trata-se de estudo transversal com um roteiro de entrevista semiestruturado aplicado a 77 pacientes. Foram calculadas a média e desvio padrão, frequências absolutas e relativas, para a associação entre as variáveis qualitativas foi utilizado teste Qui-quadrado (χ²). Resultados: A idade foi de 38,26 ± 12,43 anos, sendo 84,4% homens e 80,5% de paraplégicos. Trinta e um foram por acidente automobilístico e 29 por ferimento de arma de fogo, sendo 61,0% com lesão medular completa. Quanto à dor, 44,2% relataram dor severa e 29,8% a moderada, em 50,6% não sentiam dor acima da lesão e 58,4% sentiam-na abaixo. Trinta e nove relataram sentir dor em queimação, 40,0% relataram que a dor surgiu no primeiro ano após a LM. A intensidade da dor foi de 5,44 ± 3,18 pontos, sendo 5,20 ± 3,07 nos homens, 6,75 ± 3,54 nas mulheres, 4,13 ± 3,18 nos tetraplégicos e 5,76 ± 3,12 nos paraplégicos. Para 27 pacientes a dor piorou permanecendo na mesma posição, para 22 melhorou realizando fisioterapia e para 21 com a mudança de posição. Para 68,8% a dor não interferiu nas AVD’s. Vinte e oito utilizaram medicação analgésica. Houve associação significativa de que a presença de dor abaixo da lesão interfere nas AVD’s (p = 0,04) e surge no primeiro ano após a lesão acima e abaixo da lesão (p = 0,05 e p = 0,01), respectivamente. Conclusão: A dor foi prevalente nos lesados medulares, mais evidenciada nas mulheres e na maioria surgiu no primeiro ano após a lesão e interfere AVD’s. A fisioterapia e a mudança de posição diminuíram a dor. Portanto, as orientações e intervenções por parte da equipe multiprofissional devem ser imediatas após a lesão, pois a prevenção ou diminuição desta complicação refletirá na melhoria da qualidade de vida e na readaptação do paciente à sua vida familiar e social.

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Publicado

2012-09-09

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Rodrigues AV, Vidal WAS, Lemes JA, Gôngora CS, Neves TC, Santos SMS, et al. Estudo sobre as características da dor em pacientes com lesão medular. Acta Fisiátr. [Internet]. 9º de setembro de 2012 [citado 18º de abril de 2024];19(3):171-7. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103711