Associação entre sintomas depressivos, trabalho e grau de incapacidade na hanseníase

Autores

  • Bruna Janerini Corrêa Instituto Lauro de Souza Lima
  • Lúcia Helena Soares Camargo Marciano Instituto Lauro de Souza Lima
  • Susilene Tonelli Nardi Instituto Lauro de Souza Lima
  • Tatiani Marques Instituto Lauro de Souza Lima
  • Thássia Ferraz de Assis Instituto Lauro de Souza Lima
  • Renata Bilion Ruiz Prado Instituto Lauro de Souza Lima

DOI:

https://doi.org/10.5935/0104-7795.20140001

Palavras-chave:

Pessoas com Deficiência, Hanseníase, Depressão, Trabalho

Resumo

A depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum na hanseníase e com alto índice de sintomas depressivos. Objetivo: Verificar a frequência dos sintomas depressivos e sua relação com o grau de incapacidade (GI) da OMS e variáveis sociodemográficas. Método: Aplicou-se um questionário, contendo aspectos sociodemográficos, clínicos e o GI. Foi aplicada a escala original do BDI para identificar a frequência dos sintomas depressivos (21 itens) e a subescala cognitiva chamada BDI-Short Form - BDI-SF (1-13 itens), recomendada para avaliar sintomas depressivos em indivíduos com diagnóstico de alguma patologia. Foi utilizada análise estatística descritiva, com distribuição de frequência para a caracterização da casuística e para o cruzamento das variáveis, foi utilizado o Teste Chi-square-corrected (Yates), considerando resultados significantes valor - p < 0,05. Resultados: Foram avaliados 130 pacientes que tem ou tiveram hanseníase. A idade média dos pacientes foi de 49,64 (SD 14,04). Houve predomínio do sexo masculino (64,6%), dos que vivem com familiares (87,7%), com ensino fundamental incompleto (66,2%), união civil estável (61,6%), não trabalham (75,4%) e recebem aposentadoria ou auxílio saúde (63,9%). Em relação aos aspectos clínicos, 94,5% são multibacilares, 74,6% concluíram a poliquimioterapia e a maioria apresenta perda da sensibilidade protetora e/ou deformidades (31,5% grau 1 e 37% grau 2). Dentre os casos avaliados 43,1% apresentou sintomas depressivos de intensidade moderada a grave. Não houve correlação significativa entre BDI-SF e GI (valor - p = 0,950), mas, “não trabalhar” associou-se com sintomas depressivos (BDI-SF) (valor - p = < 0,05). Preocupação somática foi o sintoma mais frequente (80,7%), seguido de dificuldade no trabalho (78,5%), irritabilidade (68,5%), fadiga (67,7%), auto-acusação (62,3%) e choro fácil (60%). Conclusão: Conclui-se que sintomas depressivos moderados e graves acometeram 43,1% dos casos avaliados, independentemente de ter ou não deficiências físicas (GI 1 e 2). As pessoas que não trabalhavam foram mais acometidas por sintomas depressivos em comparação aos que exerciam alguma atividade profissional.

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Publicado

2014-03-09

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Corrêa BJ, Marciano LHSC, Nardi ST, Marques T, Assis TF de, Prado RBR. Associação entre sintomas depressivos, trabalho e grau de incapacidade na hanseníase. Acta Fisiátr. [Internet]. 9º de março de 2014 [citado 23º de abril de 2024];21(1):1-5. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103817