NOVOS ESTUDOS SÔBRE AMEBAS ENCONTRADAS EM ESGÔTO, COM REFERÊNCIA ESPECIAL A UMA ENDAMEBA (E. MOSHKOVSKII) SEMELHANTE À ENDAMOEBA HISTOLYTICA

Autores

  • Rubens Azzi Leal
  • A. Dacio F. Amaral

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v4i2p125-134

Resumo

Os autores analisam os trabalhos publicados na Rússia, Estados Unidos e Inglaterra, sôbre urna endarneba (E. moshkorskii), morfologicamente semelhante à E. histolytica, e isolada de esgôto e de águas servidas, naqueles países. Os autores que, em 1948, já haviam isolado a E. Moshkovskii de lôdo digerido de esgôto de uma das estações de tratamento da cidade de São Paulo, Brasil, retomaram suas investigações, tendo encontrado novamente aquela endameba em material oriundo de 2 outras unidades de tratamento de esgôto da mesma cidade. Ao lado desta Endamoeba. desenvolveu-se nas culturas uma Hartmannella. Verificaram que ambas se cultivam em temperaturas variando entre 6 e 42°C, sendo, entretanto, que o melhor desenvolvimento se dá entre 15 e 37°C. De lôdo digerido com 78,5% e 41% de umidade os autores isolaram a. Endamoeba e a Hartmannella. Entretanto, quando o grau de umidade foi reduzido a 9%, apenas crescia esta última, o que foi igualmente observado com lôdo contendo 7,3% de umidade e conservado no laboratório há 4 anos. Apesar da resistência desta Hartmannella à dessecação e ao tempo, ela foi afetada em sua vitalidade, quando associada à E. Moshkovskii, pois ao cabo de cerca de 7 meses de repicagens sucessivas, desapareceu das culturas. Um relativo grau de anaerobiose · provocada ·no meio de cultura parece dificultar a multiplicação das duas referidas amebas. Os autores tentaram a implantação da E. moshkovskii em cobaias por meio de injeção intra-cecal de cultura, tendo encontrado trofozoítos no conteúdo dêsse segmento intestinal apenas nos animais sacrificados até 8 horas após a inoculação. O exame histo-patológico de fragmentos do ceco das cobaias inoculadas não revelou qualquer lesão. Tendo sido considerada pelos autores a hipótese de o homem ingerir acidentalmente cistos de E. moshlwvskii e posteriormente eliminá-los com as fezes (fato que viria falsear resultados de inquéritos coprológicos, dada a impossibilidade de distinção morfológica com a E. histolytica), tentaram isolar de fezes humanas aquela endameba de vida livre. Para tal, as culturas, com material de eliminadores de cistos, eram conservadas em temperatura ambiente, pôsto que nessas condições o desenvolvimento da E. moshkovskii se faz satisfatOriamente. Os resultados até o momento têm sido negativos. Em 2 casos, entretanto, de 16 estudados, houve crescimento de uma ameba de vida livre do gênero Hartman nella. Os autores puderam excluir com segurança a hipótese de ser a endameba por êles isolada à E. histolytica ou a E. Ranarum. Finalmente, chamam a atenção dos analistas e epidemiologistas para que, nos casos de pesquisa de E. histolytica em material exposto ao tempo na natureza, tenham presente a possibilidade de contaminação pela E. moshkovskii, dada sua grande ubiqüidade, pôsto que tem sido assinalada em águas de poços, de rios e de esgotos. Em tais circunstâncias, as dúvidas podem ser afastadas pelas provas de natureza biológica, já que morfologicamente não é possível fazer o diagnóstico diferencial entre os cistos e trofozoítos da E. histolytica e os da E. moshkovskii.

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Publicado

1950-12-01

Edição

Seção

Não Definida

Como Citar

NOVOS ESTUDOS SÔBRE AMEBAS ENCONTRADAS EM ESGÔTO, COM REFERÊNCIA ESPECIAL A UMA ENDAMEBA (E. MOSHKOVSKII) SEMELHANTE À ENDAMOEBA HISTOLYTICA. (1950). Arquivos Da Faculdade De Higiene E Saúde Pública Da Universidade De São Paulo, 4(2), 125-134. https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v4i2p125-134