INQUERITO SÔBRE O ESTADO DE NUTRIÇÃO DE UM GRUPO DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO. III - Investigação sôbre a ocorrência de hipovitaminoses do Complexo B (tiamina, riboflavina e niacina)

Autores

  • Yaro Ribeiro Gandra

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v9i1-2p29-112

Resumo

Foi examinada clínica e bioquimicamente uma coletividade de 4208 indivíduos que se tinham como normais e constituída por acompanhantes de pessoas que se utilizavam dos serviços dos Centros de Saúde da Capital.No presente trabalho examinamos os resultados pertinentes às deficiências do complexo B, isto é, à deficiência de tiamina, de riboflavina e de niacina. Foi lembrado o relativo valor patognomônico de cada um dos sinais e sintomas das deficiências do complexo B. a) Tiamina Sinais e sintomas relacionados ao sistema nervoso, ao aparelho digestivo e ao cardiovascular foram pesquisados e os resultados encontram-se no Quadro XXI e XXII. Pesquisamos a sensação vibratória em 2336 indivíduos, com um diapasão de 256 C.P.S. e obtivemos o que consta do Quadro XX. Procuramos ver se nos indivíduos que já apresentavam sintomas ou sinais tidos como os mais representativos da hipotiaminose a incidência de outras manifestações de deficiências era mais alta que nos restantes. Associando sintomas e sinais ligados aos distúrbios do sistema nervoso (veja págs. 45, 46 e 47) encontramos coeficientes de Pearson, x2, que traduziram associações altamente significantes e coeficient:s de Yule, Q, indicando associações positivas. As probabilidades, P, de um indivíduo que tenha uma ou mais das manifestações do sistema nervoso ter outras ligados à hipovitaminose B1 foram sendo cada vez maiores. Associando sintomas e sinais ligados às perturbações do aparelho digestivo (veja-se págs. 48 e 49) obtivemos valores de x2 altamente significantes e os de Q indicando associação positiva. Finalmente, tentando associações de alguns sintomas e sinais ligados ao sistema cardiovascular e que mais freqüentemente ocorrem no período prodrômico de deficiência de tiamina (veja-se págs. 50 e 51) verificamos que, no que se refere às intercorrências dos sintomas entre si, houve associações altamente significantes e positivas. Com relação, entretanto, ao sinal "edema dos membros inferiores", obtivemos para x2, um valor não significante ao nível de 5%. Êste achado é corroborado pelo valor muito baixo de Q, assim como pelo valor da probabilidade, P, próximo de 50%. Medimos a excreção urinária de tiamina em 165 indivíduos de nossa amostra e os resultados, divididos em grupos, estão representados no Quadro XXIII. A média da eliminação urinária foi de 248,18 y de tiamina por grama de creatinina excretada e ainda o desvio padrão S = 238,384 e o êrro padrão da média = 18.623. A distribuição da incidência de sintomas e sinais de hipovitaminose B1 nos grupos cuja eliminação foi maior ou menor de 150 y de tiamina por grama de creatinina está resumida no Quadro XXIV. Por êste quadro verificamos que as maiores percentagens de ocorrência de sintomas e sinais de hipotiaminose. entretanto, estão localizadas, indiferentemente, nos dois grupos considerados e isto nos leva a crer que, pelo menos em relação à vitamina B1 , não houve correlação entre a excreção urinária de tiamina e o aparecimento maior de sintomas e sinais tidos como característicos da deficiência de vitamina 81. Tudo nos levou a crer que a dosagem da excreção urinária de tiarnina nos dá apenas a situação do indivíduo no momento em que se faz a coleta de urina, enquanto que a análise dos sinais e sintomas desta deficiência, traduz melhor a história da nutrição da coletividade. b) Riboflavina. Sinais e sintomas cutâneos, oculares, labiais e linguais ligados à deficiência de riboflavina em nossa coletividade, foram pesquisados e os resultados, expressos em percentagens, acham-se resumidos no Quadro XXVI. A ocorrência de seborréia facial, sua distribuição percentual segundo a localização e segundo o gráu acha-se no Quadro XXV. Mais de 90% das seborréias faciais encontradas foram classificadas no gráu 1, isto é, muito leves. Também no que se refere a incidência de estomatite angular, 92,59/'é dos portadores desta lesão apresentavam-na no gráu 1, isto é, com maceração e descamação leves dos ângulos comissurais. Encontramos maior incidência de sinais e sintomas de arriboflavinose em indivíduos que já possuíam um sinal considerado como dos mais típicos nesta deficiência. Vejam-se para isso os Quadros XXVII, XXVIII, XXIX, XXX e XXXI e os gráficos respectivamente correspondentes VI, VII, VIII,IX e X. Estudando as associações das intercorrências crescentes entre sinais e sintomas, achamos o que se encontra nas páginas 81 e 82 dêste trabalho. Medimos a excreção urinária de riboflavina em 125 indivíduos e os resultados, divididos em grupos, acham-se no Quadro XXXII. A média foi de 119,46, o desvio padrão S = 157,78 e o êrro padrão da média = 14,111.Os resultados desta medida nos indicam que 84,80% dos indivíduos que foram submetidos a êste exame apresentaram urna excreção de riboflavina tida como resultante de dieta insuficiente nesta vitamina. A distribuição da incidência de sintomas e sinais rle arriboflavinose, nos grupos cuja eliminação de vitamina 82 foi maior ou menor que 200 y por grama de creatinina excretada, está resumida no Quadro XXXIII e representada no gráfico XI. Vemos que a incidência de manifestações de arriboflavinose foi mais alta naqueles indivíduos que, sujeitos às respectivas dietas habituais, apresentaram excreção urinária inferior a 200 y de riboflavina por grama de creatinina excretada.c) Niacina Nesta mesma coletividade, pesquisando as manifestações clínicas tidas como pertinentes ao quadro da deficiência de niacina obtivemos os resultados, expressos em percentagem, que estão no Quadro XXXIV. Tentando estudo de associação entre os sintomas e sinais de deficiência de niacina obtivemos resultados que se encontram resumidos nos Quadros XXXV, XXXVI e XXXVII e nos gráficos respectivamente correspondentes XII, XIII e XIV. Obtivemos geralmente associações baixas e probabilidades próximas ao valor 50% entre as manifestações tidas como características da deficiência de niacina.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Downloads

Publicado

1955-12-01

Edição

Seção

Não Definida

Como Citar

INQUERITO SÔBRE O ESTADO DE NUTRIÇÃO DE UM GRUPO DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO. III - Investigação sôbre a ocorrência de hipovitaminoses do Complexo B (tiamina, riboflavina e niacina). (1955). Arquivos Da Faculdade De Higiene E Saúde Pública Da Universidade De São Paulo, 9(1-2), 29-112. https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v9i1-2p29-112