MALÁRIA NO AMAPÁ. OBSERVAÇÕES SÔBRE O COMPORTAMENTO ANÔMALO DO PLASMODIUM FALCIPARUM EM FACE DO TRATAMENTO PELAS 4-AMINOQUINOLINAS

Autores

  • Augusto Leopoldo Ayroza Galvão
  • Hermelino Herbster Gusmão
  • Edmundo Juarez
  • Ary Walter Schmid
  • Antônio Ricci
  • Javan Vale de Mello

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v16i0p201-244

Resumo

Os autores descrevem 99 casos de infecção pelo Plasmodiurn falciparum que tiveram um comportamento anômalo em face do tratamento curativo ou supressivo com Amodiaquina associada à Primaquina (Camoprim) ou isoladamente (Camoquin) ocorridos nas populações de duas vilas industriais da companhia de mineração de manganês "Indústria e Comércio de Minérios" - ICOMI - situadas no Território Federal do Amapá, Município de Macapá. A primeira, Serra do Navio, conta com 1. 974 habitantes, e a outra, denominada Vila Amazonas,1.561. Os 99 casos de comportamento anômalo do P. falciparurn foram observados dentre 440 doentes, que eram todos empregados da Companhia, ou seus familiares, que sofreram um ou mais ataques de malária por P.'vivax ou P. falciparurn, casos êstes registrados de 1-7-1961 a 28-2-1962 e seguidos até março do corrente ano em Serra do Navio e até maio na Vila Amazonas. O problema parece ser idêntico ao observado por Moore e Lanier (1961) na Colômbia e por Silva e colaboradores (1961) no Brasil. As duas vilas, onde reside a maior parte dos empregados, estão localizadas em zona endêmica de malária e têm sofrido fortes reflexos desta situação dado o intenso intercâmbio de sua população com a que vem se localizando nas suas adjacências, fora dos limites da Companhia, em uma região na qual existem numerosos criadouros de Anopheles darlingi. Dos 440 pacientes que pudemos observar até 28 de fevereiro de 1962, 243 eram de P. vivax e 227 de P. falciparurn, sendo que 30 pessoas sofreram ataques das duas espécies. Dos pacientes infectados pelo P. falciparurn, contam-se 99 com evidências de resistência ou tolerância à Amodiaquina, cujos resultados foram os seguintes: 53 resistiram a doses de 4-aminoquinolinas habitualmente consideradas como promovendo a cura radical das infecções por êste plasmódio e que foram tratadas em seguida, na sua maioria, com doses supressivas semanais de dois comprimidos de Camoprim. Ao todo, apresentaram sinal de resistência ao tratamento curativo ou supressivo 49 pacientes de Vila Amazonas (52,8% do total de casos de P. falciparum ocorridos nesta vila) e 50 em Serra do Navio (37,3%). O P. falciparum provocou um ou mais ataques novos (recaídas ou novas infecções) em 35% das infecções, ao passo que o P. vivax apenas em 19%; portanto, houve uma inversão no que se deveria esperar com estas duas espécies de Plasmodium em relação ao uso das 4-aminoquinolinas. Houve 38 casos em que as infecções pelo P. falciparum ocorreram a despeito do tratamento supressivo em ciclos quinzenais de dois comprimidos de Camoprim. Em 30 exemplos êste hematozoário não obedeceu ao tratamento supressivo com doses semanais de Camoprim, sendo que em 8 casos o medicamento foi dado antes do ataque primário e em 22 entre os ataques. Por êstes dados, é de se supor que a raça de P. falciparum resistente às 4-aminoquinolinas, estudada por Silva e col. (1961) no Brasil,esteja altamente difundida.

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Biografia do Autor

  • Augusto Leopoldo Ayroza Galvão
    Professor da Cadeira
  • Hermelino Herbster Gusmão
    Médico-chefe da Divisão de Saúde da Indústria c Comércio de Minérios S.A.
  • Edmundo Juarez
    Médico da Divisão de Saúde da Indústria e Comércio de Minérios S.A.
  • Ary Walter Schmid
    Assistente e Docente-livre da Cadeira
  • Antônio Ricci
    Médico da Divisão de Saúde da Indústria e Comércio de Minérios S.A.
  • Javan Vale de Mello
    Médico da Divisão de Saúde da Indústria e Comércio de Minérios S.A.

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Publicado

1962-12-01

Edição

Seção

Não Definida

Como Citar

MALÁRIA NO AMAPÁ. OBSERVAÇÕES SÔBRE O COMPORTAMENTO ANÔMALO DO PLASMODIUM FALCIPARUM EM FACE DO TRATAMENTO PELAS 4-AMINOQUINOLINAS. (1962). Arquivos Da Faculdade De Higiene E Saúde Pública Da Universidade De São Paulo, 16, 201-244. https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v16i0p201-244