A alegoria da paisagem cultural brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1982-02672023v31e25

Palavras-chave:

Paisagem, Paisagem Cultural, Patrimônio Cultural, Iphan

Resumo

O texto discute a proteção da paisagem cultural brasileira levando em conta a intenção de regulamentação de um instrumento de preservação patrimonial e as implicações conceituais da paisagem como patrimônio cultural. Toma-se como pontos de inflexão a suspensão do instrumento da chancela da Paisagem Cultural Brasileira em 2014, bem como o reconhecimento de quatro paisagens culturais do Brasil pela Unesco entre 2012 e 2021, quando este instrumento ainda está em discussão no âmbito do órgão nacional de preservação patrimonial. Neste sentido, o texto propõe uma reflexão crítica sobre o instrumento da paisagem cultural brasileira no campo do patrimônio cultural, ao lado das raízes que formam a cultura brasileira, questão associada ao contexto mais amplo que atravessa a formação nacional e, consequentemente, a regulamentação das políticas de preservação do patrimônio no Brasil. A crítica almeja atrelar a paisagem cultural brasileira àquela que emerge da luta e da resistência do povo brasileiro, portanto, a uma
paisagem mestiça, que precisa ser assimilada numa perspectiva inclusiva de todos os sujeitos.

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Biografia do Autor

  • Mirela Carina Rêgo Duarte, Universidade Federal de Pernambuco

    Professora assistente do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesquisadora do Laboratório da Paisagem. É arquiteta e urbanista pela UFPE, mestra em desenvolvimento urbano pela mesma instituição. Doutoranda em arquitetura e urbanismo na área de concentração paisagem e ambiente na Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do grupo de pesquisa do CNPq Pensar Paisagem. E-mail: mireladuarte@gmail.com.

  • Ana Rita Sá Carneiro, Universidade Federal de Pernambuco

    Professora titular do curso de arquitetura e urbanismo e do Programa de Pós--graduação em Desenvolvimento Urbano da UFPE e coordenadora do Laboratório da Paisagem. É arquiteta e urbanista pela UFPE, mestra em desenvolvimento urbano pela mesma instituição e doutora em arquitetura pela Oxford Brookes University. Líder do grupo de pesquisa do CNPq Jardins de Burle Marx e pesquisadora do grupo de pesquisa do CNPq Pensar Paisagem. E-mail: anaritacarneiro@hotmail.com.

  • Milena Torres de Melo Silva, Universidade Federal de Pernambuco

    Mestra e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da UFPE. É arquiteta e urbanista pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), onde integrou o Laboratório das Paisagens Culturais, e atualmente é pesquisadora do Laboratório da Paisagem da UFPE. E-mail: mi.torresms@gmail.com.

  • Ítalo César de Moura Soeiro, Universidade Federal de Pernambuco

    Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA-UFPE) e
    doutorando em desenvolvimento urbano pela mesma instituição. É licenciado em geografia pela UFPE e pesquisador do Laboratório da Paisagem da UFPE. E-mail: italosoeiro@gmail.com.

  • Mariana Silva Rossin, Universidade Federal de Pernambuco

    Mestra em ambiente construído pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e doutoranda em desenvolvimento urbano pela UFPE. É arquiteta e urbanista pela UFJF, professora substituta do Departamento de Expressão Gráfica da UFPE e pesquisadora do Laboratório da Paisagem da UFPE. E-mail: mariana.rossin@ufpe.br.

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Publicado

2023-10-23

Edição

Seção

Estudos de Cultura Material

Como Citar

DUARTE, Mirela Carina Rêgo; SÁ CARNEIRO, Ana Rita; SILVA, Milena Torres de Melo; SOEIRO, Ítalo César de Moura; ROSSIN, Mariana Silva. A alegoria da paisagem cultural brasileira. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 31, p. 1–31, 2023. DOI: 10.11606/1982-02672023v31e25. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/207933.. Acesso em: 27 abr. 2024.