Conservação de instrumentos científicos no Brasil: estudo de caso da definição dos critérios de intervenção na luneta Bamberg do Mast

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DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28e35

Palavras-chave:

Conservação de bens móveis, Objetos metálicos, Patrimônio científico, Luneta meridiana acotovelada Bamberg, Mast

Resumo

A construção do novo complexo arquitetônico do Observatório Nacional foi concluída em 1927, incluindo os pavilhões de observação astronômica, um dos quais abriga a luneta nº 10.783 de Bamberg. Todo o conjunto arquitetônico, as coleções e os fundos arquivísticos foram objeto de tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (em 1986) e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (em 1987). Nesse sentido, integram este artigo o diagnóstico e a definição das intervenções nessa luneta do acervo do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). Considerando a transversalidade da pesquisa do conservador, que
vai além da materialidade para valorar os danos e as peças de reposição antes de qualquer intervenção, o diagnóstico da luneta – a partir da classificação em quatro graus de deterioração, tomando como parâmetro tácito o manuscrito riscado no verniz da coluna do elevador de inversão – revelou percentagem não desprezível de superfícies metálicas desprotegidas, alguma corrosão localizada em estágio bastante avançado, mas camada fina de corrosão uniforme em considerável percentagem geral. Os danos mais simbólicos da luneta nº 10.783 de Bamberg são justamente os que impuseram mínima intervenção e discussões quanto ao que seria mais prudente fazer diante das condições adversas de sua preservação in situ.

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Biografia do Autor

  • Márcia Pinheiro Ferreira, Fundação Casa de Rui Barbosa

    Conservadora-restauradora, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). Tecnologista em conservação de bens móveis do Museu Casa de Rui Barbosa e professora na Coordenação de Arquivo e Preservação de Documentos do Centro de Memória da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro. Membro pesquisador dos grupos de pesquisa Perspectivas Conceituais, Memória e Preservação em Museus-Casas (Fundação Casa de Rui Barbosa) e História e Memória da Educação na Rede Faetec; e membro técnico do grupo de pesquisa Museologia e Preservação de Acervos Culturais (Mast).

  • Marcus Granato, Museu de Astronomia e Ciências Afins

    É graduado, mestre e doutor em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tecnologista sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). Professor e vice-coordenador do curso de mestrado profissional em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia (Mast) e do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Mast). É bolsista de produtividade 1C do CNPq. 

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Publicado

2020-10-07

Edição

Seção

Conservação e Restauração

Como Citar

Conservação de instrumentos científicos no Brasil: estudo de caso da definição dos critérios de intervenção na luneta Bamberg do Mast. (2020). Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 28, 1-47. https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28e35