Devir da fábrica: patrimônio industrial em disputa na zona leste de São Paulo

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DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28e17

Palavras-chave:

Patrimônio industrial, Reconversão econômica, Zona leste de São Paulo

Resumo

Os processos de reconversão econômica observados nas metrópoles mundiais desde a última década do século passado têm sido frequentemente analisados tendo por referência o campo da ciência econômica, cuja ênfase recai sobre as consequências da desindustrialização, permanecendo com menor problematização os destinos do ambiente construído objetivado no espaço urbano durante a atividade industrial. Em São Paulo, vive-se um crescente processo de desconcentração industrial desde o início deste milênio, sendo a zona leste a que tem sofrido seu maior impacto. Tendo disponibilizado metragens significativas, instalou-se uma disputa em torno da requalificação desse patrimônio industrial, opondo de
um lado capital imobiliário e de outro, nem sempre associados, moradores e edilidade pública, representada sobretudo nos órgãos de preservação. Abre-se, portanto, a partir desse conflito instalado, a possibilidade de propor uma análise do processo de reconversão econômica a partir da perspectiva orientada pelo campo de conhecimento do patrimônio cultural. Considerando as diretrizes internacionais para a preservação do patrimônio cultural, incluindo-se aí o papel social requerido dos museus, e do caráter multidimensional das
experiências que se tornaram paradigmáticas da salvaguarda do patrimônio industrial, se evidencia o fato de que o simples tombamento e/ou manutenção física de imóveis fabris não são ações suficientes para que se cumpra a função social do patrimônio, inclusive da perspectiva do próprio trabalho como cultura viva e processo formador de identidades. É nesse sentido que, a partir da análise de antigas fábricas refuncionalizadas na zona leste de São Paulo, o texto busca problematizar as destinações de uso dos imóveis fabris.

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Biografia do Autor

  • Clarissa Maria Gagliardi, Universidade de São Paulo. Escola de Comunicação e Artes

    Graduada e mestre em Turismo pelo Centro Universitário Ibero-Americano; mestre e doutora em Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Master em Gestão e Valorização de Centros Históricos pela Università La Sapienza di Roma. Atualmente é professora do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Museologia (PPGMus) da USP.

  • Mônica de Carvalho, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

    Graduada e mestre em Ciências Sociais pela USP, doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP. É pesquisadora do Observatório das Metrópoles-SP, vinculado a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e do Núcleo de Pesquisas Urbanas do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP.

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Publicado

2020-09-09

Edição

Seção

Estudos de Cultura Material

Como Citar

Devir da fábrica: patrimônio industrial em disputa na zona leste de São Paulo. (2020). Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 28, 1-31. https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28e17