O projeto MAMNBA: contexto político institucional, desdobramentos conceituais e técnicos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d2e29

Palavras-chave:

Projeto MAMNBA, Patrimônio afro-brasileiro, Política de preservação

Resumo

O artigo aborda o projeto Mapeamento de Sítios e Monumentos Religiosos Negros da Bahia (MAMNBA) como um indicador importante de dois movimentos convergentes que tomam corpo a partir nos anos 1980 no Brasil: o da emergência do “patrimônio nacional” como um campo de luta política apropriado por movimento sociais negros de afirmação de direitos culturais e de quebra do monopólio luso-brasileiro nas representações da história do país; e o da ampliação da antiga noção de patrimônio histórico e artístico, com sua paulatina substituição pela noção de patrimônio cultural. Aborda, ainda, o modo como a Constituição Federal de 1988 recepcionou esses movimentos e como suas diretrizes relativas ao patrimônio afro-brasileiro foram absorvidas na política de preservação do patrimônio cultural, especialmente no âmbito federal. Tomando esta esfera do poder público como foco, o artigo trata também dos desdobramentos conceituais, metodológicos e práticos que a proteção e salvaguarda desse patrimônio produziu no âmbito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a partir do tombamento de diversos terreiros de candomblé na Bahia e em outros estados do país. Por fim, o artigo aborda os conflitos e contradições que emergiram a partir da gestão e do dia a dia da preservação desses bens culturais, entre as concepções da área técnica do Iphan sobre a sua conservação e a visão das comunidades de culto sobre o que é o seu patrimônio cultural e como este deve ser preservado nesses sítios.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marcia Sant'Anna, Universidade Federal da Bahia

    Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB), mestra e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente é professora adjunta da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia e professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da mesma instituição. É ainda professora permanente do Mestrado Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos da UFBA e professora colaboradora, desde 2010, do Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio (PEP-MP) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Referências

LIVROS, ARTIGOS E TESES

CHUVA, Marcia. Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930-1940). Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.

CHUVA, Marcia. Possíveis narrativas sobre duas décadas de patrimônio: de 1982 a 2002. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 35, 2017, p. 79-103.

FALCÃO, Joaquim. A política cultural de Aloísio Magalhães. In: MAGALHÃES, A. E Triunfo? A questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985, p. 19-20.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ: IPHAN, 1997.

FRANCISCO, Dalmir. Negro, Etnia, Cultura e Democracia. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 25, 1997, p. 185-197.

MAGALHÃES, A. E Triunfo? A questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.

MAPEAMENTO dos Terreiros de Salvador. Jocélio Teles dos Santos (coord.). Salvador: UFBA/Centro de Estudos Afro-Orientais, 2008.

MATOS, Denis Alex Barboza de. A casa do Velho: o significado da matéria no candomblé. Salvador: EDUFBA, 2019.

RISÉRIO, Antônio. Carnaval Ixejá: notas sobre afoxés e blocos do novo carnaval afro-baiano. Salvador: Currupio, 1981.

RISÉRIO, Antônio. A utopia brasileira e os movimentos negros. São Paulo: 34, 2007.

SANT’ANNA, Marcia. O tombamento de terreiros de candomblé no âmbito do Iphan: critérios de seleção e de intervenção. In: AMORIM, Carlos et al. O patrimônio cultural dos templos afro-brasileiros. Salvador: Oiti, 2011, p. 27-33.

SANTOS, Joel Rufino dos. Culturas Negras, Civilização Brasileira. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 25, 1997, p. 5-9.

SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a Morte: Pàde, Àsèsè e o Culto Égun na Bahia. Petrópolis: Vozes, 1986.

SERRA, Ordep. O tombamento do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho – Ilê Axé Iyá Nassô Oká. In: AMORIM, Carlos et al. O patrimônio cultural dos templos afro-brasileiros. Salvador: Oiti, 2011, p. 37-51.

SERRA, Ordep. Os olhos negros do Brasil. Salvador: EDUFBA: PPG-AU/UFBA, 2014.

VELAME, Fábio Macêdo. Arquiteturas da Ancestralidade Afro-brasileira; o Omo Ilê Agboulá – um templo de culto aos Egum no Brasil. Salvador: EDUFBA: PPG-AU/UFBA, 2019.

VELHO, Gilberto. Patrimônio, negociação e conflito. In: AMORIM, Carlos et al. O patrimônio cultural dos templos afro-brasileiros. Salvador: Oiti, 2011, p. 53-65.

VELHO, Gilberto. Antropologia e Patrimônio Cultural. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 20, 1984, p. 37-39.

Downloads

Publicado

2020-12-14

Edição

Seção

ECM/Dossiê: Democracia, Patrimônio e Direitos: a década de 1980 em perspectiva

Como Citar

O projeto MAMNBA: contexto político institucional, desdobramentos conceituais e técnicos. (2020). Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 28, 1-17. https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d2e29