Patrimônio ambiental urbano, cidade e memória: uma dimensão política da preservação cultural na década de 1980

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d2e28

Palavras-chave:

Patrimônio cultural, Planejamento urbano, Políticas públicas

Resumo

A partir da experiência de São Paulo, pretende-se abordar as relações entre cidade e memória, traduzidas no conceito de patrimônio ambiental urbano, e as políticas de preservação na década de 1980. Em um momento de ebulição das problemáticas sociais, acentuava-se a importância da reforma urbana e da gestão democrática da cidade, ao mesmo tempo em que o campo do patrimônio cultural se redefinia como memória. Na década de 1980, novas formas de abordagem do patrimônio cultural lançaram um outro olhar sobre as relações entre cidade, memória e sociedade. A base conceitual dessas experiências encontrava-se nas ideias desenvolvidas nos anos 1970, quando setores da sociedade passaram a se preocupar com os efeitos negativos dos processos da industrialização, metropolização e renovação urbana sobre a qualidade de vida na cidade. O conceito de patrimônio ambiental urbano encontrava-se no cerne daquelas ideias, gestado no campo do planejamento econômico e territorial, com a contribuição do campo da preservação do patrimônio, no contexto dos governos militares. Em
São Paulo, o conceito de patrimônio ambiental urbano passa da política de planejamento, nos anos 1970, para a política estadual e municipal de preservação do patrimônio na década de 1980. Nos órgãos estadual e municipal de preservação em São Paulo, as preocupações que então se delineavam foram traduzidas em experiências inovadoras de aproximação com o campo do planejamento, de valorização das memórias sociais e de interação com a sociedade.

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Biografia do Autor

  • Andréa de Oliveira Tourinho, Universidade São Judas Tadeu

    Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
    São Paulo (FAU-USP), mestra em Estética e Teoria das Artes pela Universidad Autónoma de Madrid, e Arquiteta e Urbanista pela Universidade Mackenzie. Atualmente, é docente do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu e do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu. Trabalhou com políticas públicas na Prefeitura Municipal de São Paulo, nas áreas de preservação do patrimônio e de desenvolvimento urbano. Líder do Grupo de Pesquisa “Patrimônio Cultural e Urbanismo: discursos e práticas”, certificado pelo CNPq.

  • Marly Rodrigues, Memórias Assessoria e Projetos

    Doutora em História. Especializou-se no curso Architectural Conservation no Iccrom – Unesco. Foi historiógrafa no Condephaat-SEC e exerceu no Condephaat-SEC e no Iphan-SP coordenadorias técnicas. Lecionou no Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAAP e atualmente ministra cursos no CPC-USP, CPFP-Sesc e exerce atividades de consultoria e assessoria em Patrimônio Cultural, História e Memória.

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Publicado

2020-12-14

Edição

Seção

ECM/Dossiê: Democracia, Patrimônio e Direitos: a década de 1980 em perspectiva

Como Citar

TOURINHO, Andréa de Oliveira; RODRIGUES, Marly. Patrimônio ambiental urbano, cidade e memória: uma dimensão política da preservação cultural na década de 1980. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1–32, 2020. DOI: 10.1590/1982-02672020v28d2e28. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/165469.. Acesso em: 18 abr. 2024.