Sítios urbanos na redemocratização: novas demandas e caminhos para ampliação das práticas de preservação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d2e33

Palavras-chave:

Patrimônio urbano, Redemocratização, Demandas sociais, Cidade-documento, Historicidade urbana

Resumo

Este artigo trata das respostas às demandas de proteção das cidades feitas por novos agentes sociais à instituição federal de preservação, hoje o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de 1979 até 1989, durante o processo de redemocratização do Brasil. Problemas urbanos, intensificados na década de 1970, envolvendo a destruição de áreas das cidades, assim como transformações nos sítios tombados, provocaram mudanças na valorização desses bens culturais, uma vez que as demandas de proteção não necessariamente correspondiam aos padrões até então usados para proteção das cidades pela instituição federal de preservação. Até então as ações de preservação se estruturavam tendo como agentes sociais intelectuais modernistas e uma visão hegemônica do que seria a representação de uma identidade nacional: arquitetura colonial brasileira e imóveis considerados excepcionais. No atendimento aos novos pedidos de proteção, foram adotados outros valores de patrimônio, admitindo-se uma heterogeneidade de estilos arquitetônicos nos sítios, a historicidade urbana e assumindo o conceito cidade-documento na superação do critério estilístico de valoração das cidades. A instituição aproximou-se dos habitantes dos sítios tombados e promoveu ações de produção de conhecimento para o estabelecimento de parâmetros e normas de análise das intervenções solicitadas por eles. Destaca-se a Constituição
Federal de 1988, por ser a primeira que definiu um conceito orientador das práticas de preservação
e por ter os grupos sociais como protagonistas da valorização dos bens culturais.

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Biografia do Autor

  • Lia Motta, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

    Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em Conservação e Restauração de Sítios e Monumentos Históricos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e doutora em Urbanismo pela UFRJ. Atualmente é docente do Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural do Iphan.

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PROCESSOS DE TOMBAMENTO

ARQUIVO CENTRAL DO IPHAN - SEÇÃO RIO DE JANEIRO

-T-1962 Avenida Koeler. (Extensão do tombamento 1980 e 1982). Petrópolis/RJ.

-T-1973 Lençóis/BA

-T-1980 Largo das Mercês e área de entorno. Belém/PA.

-T-1982 Xapuri/AC.

-T-1982 Vila Porto Acre/AC.

-T-1982 Cidade Velha e Campina. Belém/PA

-T-1983 Paranaguá/PR.

-T-1984 Vila Operária em Delmiro Gouveia. Delmiro Gouveia/AL.

-T-1984 Natividade/GO [TO].

-T-1984 Laguna/SC.

-T-1984 Distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras. Serro/MG.

-T-1985 São Francisco do Sul/SC.

-T-1985 Cuiabá/MT.

-T-1985 Corumbá/MS.

-T-1986 Penedo/AL.

-T-1986 Praça Fausto Cardoso e Av. Barão do Rio Branco. Aracajú/SE.

-T-1986 Distrito de Ribeirão da Ilha. Florianópolis/SC.

-T-1987 Vila das Ferradas. Itabuna/BA.

-T-1987 Vila Operária em Fernão Velho. Maceió/AL.

-T-1987 Jardim América, Jardim Europa, Jardim Paulista e Jardim Paulistano. São Paulo/SP.

-T-1987 Vila Ferroviária de Paranapiacaba. Santo André/SP.

-T-1987 Vila da Estrela e Vila Inhomirim. Magé/RJ.

-T-1988 Paranaguá/PR.

-T-1988 Distrito de Ribeirão da Ilha. Florianópolis/SC.

-T-1989 Laranjeiras/SE.

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Publicado

2020-12-14

Edição

Seção

ECM/Dossiê: Democracia, Patrimônio e Direitos: a década de 1980 em perspectiva

Como Citar

Sítios urbanos na redemocratização: novas demandas e caminhos para ampliação das práticas de preservação. (2020). Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 28, 1-33. https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d2e33