A estética do jardim na literatura: Delille, Goethe e Poe

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28e49

Palavras-chave:

Arte, Estética, Jardim, Literatura, Natureza, Paisagem

Resumo

O artigo reflete sobre os discursos literários e visuais do jardim e da natureza que há em determinadas obras dos poetas e escritores Jacques Delille, Johann Wolfgang von Goethe e Edgar Allan Poe. Inicialmente apresenta-se uma bibliografia atual dedicada a interpretar as imbricações entre a literatura e a jardinagem para, em seguida, abordar a representação dos jardins no poema “Os jardins” (1782) de Delille, no romance As afinidades eletivas (1809) de Goethe e em dois contos de Poe – O domínio de Arnheim ou o jardim-paisagem (1842) e A cottage de Landor. Um caminhante no domínio de Arnheim (1846). A narrativa do texto considera
as duas formas de jardins do século XVIII – a de “gosto francês” e o “jardim-paisagem” – como
alegorias de diferentes cosmovisões, as quais dizem respeito, sobretudo, à maneira como o ser humano se relaciona com seus pares e com a natureza. A metodologia emprega uma abordagem interdisciplinar com foco na estética, na literatura, na história da arte e na arquitetura.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Esdras Araujo Arraes, Universidade de São Paulo

    Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e doutor em Ciências pela mesma instituição. Foi pesquisador visitante no Centro de Humanidades (CHAM) da Universidade Nova de Lisboa. Concluiu pesquisa de estágio doutoral na Universidade do Algarve. Realizou estágio de pós-doutorado na Freie Universität Berlin (Peter Szondi-Institut für AVL) com bolsa FAPESP (processo 2018/19708-7). Atualmente é pós-doutorando no Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), com pesquisa supervisionada
    pelo Prof. Titular Marco Aurélio Werle.

Referências

FONTES IMPRESSAS

BACON, Francis. The Essays. New York: Charles Schibner´s Sons, 1908.

CAMPBELL, Colen. The Vitruvius Britannicus or, the British architect. London: [S. n.], 1725. t. 3.

CHAMBERS, Sir William. A dissertation on oriental gardening. London: W. Griffin, 1772.

DOWNING, Andrew Jackson. A treatise on the theory and practice of landscape gardening, adapted to North America. 6. ed. New York: A. O. Moore & CO., 1859.

GIRARDIN, Réne-Louis de. De la composition des paysage, ou des moyens d’embellir la Natur autour des Habitations, et joignant l’agléable à l’utile. Paris: P. M. Delaguette, 1777

GEßNER, Salomon. Briefe über Landschaftsmalerei. In: GEßNER, Salomon. Geßner Werke. Organizado por H. D. Frey. Berlin: Verlag von W. Speman, 1900. p. 277-292.

HAZLITT, William. On a landscape of Nicholas Poussin. In: WALLER, A. R.; GLOVER, A. (eds.). The collected works of William Hazlitt. London: J. M. Dent, 1903. p. 168-174.

HIRSCHFELD, Christian Cay Lorenz. Das Landleben. Leipzig: Siegfried Lebrecht Crusius, 1776.

HIRSCHFELD, Christian Cay Lorenz. Theorie der Gartenkunst. Leipzig: Weidmanns Erben und Reich, 1779-1785. 5 v.

HIRSCHFELD, Christian Cay Lorenz. Gartenkalender aus das Jahr 1784. Kiel: [S. n.], 1784.

MOREL, Jean-Marie. Théorie des Jardins. Paris: Chez Pissot, 1776.

MÖSER, Justus. Das englische Gärtgen. In: MÖSER, Justus. Sämtliche Werke. Oldenburg, Berlin: Stalling, 1962. 5 v.

PÜCKLER-MUSKAU, Hermann von. Tour in England, Ireland and France in the years 1828 and 1829. Tradução Sarah Augustin. Philadelphia: Carey, Lea & Blanchard, 1833. 4 v.

SCKELL, Friedrich Ludwig. Beiträge zur bildenden Gartenkunst. München: Lindauer’sche Buchhandlung, 1790.

SWITZER, Stephen. Ichnographia Rustica: or, the Nobleman, Gentleman, and Gardner´s recreation. 2. v. London: D. Browne, 1718.

WATELET, Claude-Henri. Essai sur les jardins. Paris: Prault, 1774.

WHATELY, Thomas. Observations on Modern Gardening. London: Printed for T. Payne and Son, at the Mews-Gate, 1777.

OBRAS DE DELILLE, GOETHE E POE

DELILLE, Jacque. Os jardins ou a arte de aformosear as paizagens. Tradução Manoel Maria de Barbosa du Bocage. Lisboa: Typographia Chalcographica e Literaria do Arco do Cego, 1800.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Der Triumph der Empfindsamkeit: eine dramatische Grille. Leipzig: Georg Joachim Göschen, 1787.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Johann Wolfgang von Goethe Werke. 9. v. Autobiographische Schriften I. München: Deutscher Taschenbuch Verlag, 2000.

GOETHE, Johann Wolfgang von. As afinidades eletivas. Tradução Erlon José Paschoal. São Paulo: Nova Alexandria, 2008a.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Sobre a arquitetura alemã. In: GOETHE, Johann Wolfgang von. Escritos sobre arte. Tradução Marco Aurélio Werle. São Paulo: Humanitas, 2008b.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Os sofrimentos do jovem Werther. Tradução Erlon José Paschoal. 7. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto: uma tragédia – segunda parte. Tradução Jenny Klabin Segall. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2017.

POE, Edgar Allan. El coloquio de Monos y Una. In: POE, Edgar Allan. Cuentos. Tradução Julio Cortázar. 4. ed. Madrid: Alianza Editorial, 2002. p. 197-202.

POE, Edgar Allan. El dominio de Arnheim (El jardín paisaje). In: BARJA, Juan; CALATRAVA, Juan (eds.). Edgar Allan Poe: relatos de vida y paisaje. Madrid: Abada Editores, 2018a. p. 65-84.

POE, Edgar Allan. El cottage de Landor. Un pendant de el dominio de Arnheim. In: BARJA, Juan; CALATRAVA, Juan (eds.). Edgar Allan Poe: relatos de vida y paisaje. Madrid: Abada Editores, 2018b. p. 85-100.

LIVROS, ARTIGOS E TESES

ADLER; Jeremy. “kein wissenschaftlicher Gärtner…”. Werther’s letter of 10 May and his reading of Hirschfeld’s Landsleben. In: BATLEY, Edward M. (ed.). German Studies VI. London: Institute of German Studies, 1998. p. 71-119.

ARRAES, Esdras. A paisagem e sua dimensão estética. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), vol. 24, n. 45, 2017, p. 37-57. doi: .

ARRAES, Esdras. Jardim e paisagem entre a literature e a filosofia. Rapsódia, São Paulo, n. 13, 2019, p. 47- 70. Link: <https://www.revistas.usp.br/rapsodia/article/view/165285>.

ARRAES, Esdras Araujo. Goethe diante de duas catedrais góticas. Arquitextos, São Paulo, ano 21, n. 244.04, Vitruvius, set. 2020. Link: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/21.244/7879>.

ASSUNTO, Rosario. Ontología y teleología del jardín. Madrid: Tecnos, 1991.

BARIDON, Michel. Los jardines: paisajistas, jardineros, poetas. Tradução Juan Calatrava, José Luis Lopes Jiménez. Madrid: Abada Editores, 2018. 3 v.

BARJA, Juan; CALATRAVA, Juan (eds.). Edgar Allan Poe: relatos de vida y paisaje. Madrid: Abada Editores, 2018.

BENN, Scheila. Friedrich Schiller and the English Garden: Üben den Gartenkalendar auf das Jahr 1795. Garden History, Londres, v. 19, n. 1, p. 28-46, 1991.

BENDING, Stephen. Horace Walpole and Eighteen-Century Garden History. Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, Londres, n. 57, p. 209-226, 1994.

BERUETE, Santiago. Jardinosofía: una historia filosófica de los jardines. Madrid: Turner Publicaciones, 2016.

BILMAN, Emily. Modern ekphrasis. Bern: Peter Lang, 2013.

BREDEKAMP, Horst. Leibniz und die Revolution der Gartenkunst: Herrenhausen, Versailles und die Philosophie der Blätter. Berlin: Verlag Klaus Wagenbach, 2013.

CLÉMENT, Gilles. Una breve historia del jardín. Tradução Cristina Zelich. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2019.

CONLOGUE, William. Working the garden: American writers and the industrialization of agriculture. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2001.

DISPONZIO, Joseph. From garden to landscape: Jean-Marie Morel and the transformation of garden design. AA Files, Londres, n. 44, p. 6-20, 2001.

FARIELLO, Francesco. La arquitectura de los jardines: de la Antigüedad al siglo XX. Tradução Jorge Sainz. Barcelona: Reverté, 2008.

FARR, Judith. The gardens of Emily Dickinson. Cambridge: Harvard University Press, 2004.

GAMPER, Michael. “Die Natur ist republikanisch”: zu den ästhetischen, antropologischen und politischen Kozepten der deutschen Gartenliteratur im 18. Jahrhundert. Wüzburg: Königshausen und Neumann, 1998.

HERMAND, Jost. Rousseau, Goethe, Humboldt: their influence on later advocates of nature garden. In: WOLSHKE-BULMAHN, Joachim (ed.). Nature and Ideology: natural garden design in the twentieth century. Washington, DC: Dumbarton Oaks Research Library and Collection, 1997. p. 35-57.

HUNT, John Dixon. The picturesque Garden in Europe. London: Thames & Hudson, 2002.

JACOBS, Robert D. Poe’s earthly Paradise. American Quartely, Baltimore, v. 12, n. 3, p. 404-413, 1960.

JEANNEL, Bernard. Le Nôtre. Tradução Juan Calatrava Escobar. Madrid: Ediciones Akal, 2003.

KANT, Immanuel. Crítica da faculdade de julgar. Tradução Fernando Costa Mattos. Petrópolis: Vozes, 2016.

KEHLER, Joel R. New lights on the genesis and progress of Poe’s landscape fiction. American Literature, Durham, v. 47, n. 2, p. 173-183, 1975.

THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudança de atitude em relacão às plantas e animais (1500-1800). São Paulo: Companhia de Bolso, 2010

LJUNGQUIST, Kent P. The Grand and the Fair: Poe’s landscape aesthetics and pictorial techniques. Potomac: Scripta Humanistica, 1984.

LJUNGQUIST, Kent P. Poe’s landscapes, picturesque and ideal. In: KENNEDY, Gerald; PEEPLES, Scott (eds.). The Oxford Handbook of Edgar Allan Poe. Oxford: Oxford University Press, 2018. p. 286-303.

LOVEJOY, Arthur O. Essays in the history of ideas. Baltimore: John Hopkins Press, 1948.

LUKÁCS, Georg. Goethe y su época. Barcelona: Ediciones Grijalbo, 1968.

MATTOS, Cláudia Valladão de. A pintura de paisagem entre arte e ciência: Goethe, Hackert, Humboldt. Terceira imagem, Rio de Janeiro, v. 10, p. 152-169, 2004.

MOLDER, Maria Filomena. O pensamento morfológico de Goethe. Lisboa: Imprensa NacionalCasa da Moeda, 1995.

MOORE, Charles W. et al. A poética do jardim. Tradução Gabriela Celani. Campinas: Editora da Unicamp, 2011.

NIEDERMEIER, Michael. Rara zu Theorie des frühen Landschaftsgartens. Zandera, Berlim, v. 9, n. 1, p. 1-18, 1994.

OELSCHLAEGER, Max. The idea of wilderness: from prehistory to the age of ecology. New Haven: Yale University Press, 1991.

PARSHALL, Linda. Hirschfeld, Pückler, Poe: the literary modeling of nature. GHI Bulletin Suplement, Washington, DC, v. 4, p. 149-169, 2007.

PINHEIRO, Maria Lucia Bressan; D'AGOSTINO, Mario Henrique Simão. A noção de pitoresco no debate cultural das primeiras décadas do século XX no Brasil. Desígnio – Revista de História da Arquitetura e do Urbanismo, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 119-128, 2004.

PITTE, Jean Robert. Histoire du paysage français. 2. ed. Paris: Tallandier, 1989.

PORTER, David. Beyond the bounds of truth: cultural translation and William Chambers’s chinese Garden. Mosaic: an Interdisciplinary critical Journal, Winnipeg, v. 37, n. 2, p. 41-58, 2004.

POSSIN, Hans-Joachim. Natur und Landschaft bei Addison. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 1965.

RAMOS, Manuel João. Drawing the lines: the limitations of intercultural ekphrasis. In: ALFONSO, Ana Isabel; KURTI, Laszlo; PINK, Sarah. Working images: visual research and representation in Ethnography. London: Routledge, 2004. p. 147-156.

RANCIÈRE, Jacques. Le temps du paysage. Paris: La Fabrique Éditions, 2020.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Julie, or the new Heloise. London: New England University Press, 1997.

ROTH, Ludger. Ästhetischer Holismos: ein neuer Typus philosophischer Theoriebildung nach Kant. Siegen: Tectum, 2014.

SALVÁN, Paula M (ed.). El espíritu del lugar: jardín y paisaje en la Inglaterra moderna. Madrid: Abada Editores, 2006.

SCHILLER, Friedrich. Poesia ingênua e sentimental. São Paulo: Iluminuras, 1991.

SCHILLER, Friedrich. Über den Gartenkalender auf das Jahr 1795. In: SCHILLER, Friedrich. Sämtliche Werke in 5 Bänden. 5. v. München: Carl Hanser Verlag, 2004. p. 884-891.

SCHLEGEL, August Wilhelm. Doutrina da arte: cursos sobre literatura bela e arte. Tradução Marco Aurélio Werle. São Paulo: Edusp, 2014.

SCHLICK, Werner. Goethe’s Die Wahlverwandschaften: a middle-class critique of aesthetic aristocratism. Heidelberg: Winter, 2000.

SEGAWA, Hugo. Amor do público: jardins no Brasil. São Paulo: Fapesp, 1996.

THALMANN, Marianne. Der romantische Garten. The journal of English and Germanic Philology, Champaign, v. 48, n. 3, p. 329-342, 1949.

TROTHA, Hans von. Der englische Garten: eine Reise durch seine Geschichte. Berlin: Verlag Klaus Wagenbach, 1999.

VIEIRA, Maria Elena Merege. O jardim e a paisagem: espaço, arte, lugar. São Paulo: Annablume, 2007.

WIEDE, Jochen. Abendländische Gartenkultur: die Sehnsucht nach Landschaft seit der Antike. Wiesbaden: Maxrix Verlag, 2015.

WOLFS, Rein. Parkomanie: ein Rundgang auf Haupt- und Nebenwegen. In: WOLFS, Rein. Parkomanie: die Gartenlandschaft des Fürsten Pückler in Muskau, Babelsberg und Branitz. München: Prestel, 2016. p. 16-22.

WUNDERLICH, Heike (ed.). Landschaft und Landschaften im achtzehnten Jahrhundert. Heidelberg: Winter, 1995.

SITE

GALLICA. Disponível em: <https://bit.ly/3n0OSSf>. Acesso em: 12 abr. 2020.

Downloads

Publicado

2020-11-30

Edição

Seção

Estudos de Cultura Material

Dados de financiamento

Como Citar

ARRAES, Esdras Araujo. A estética do jardim na literatura: Delille, Goethe e Poe. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1–41, 2020. DOI: 10.1590/1982-02672020v28e49. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/168709.. Acesso em: 20 abr. 2024.