Todas as criaturas do mundo: a arte dos mapas como elemento de orientação geográfica

Autores

  • Dante Martins Teixeira Universidade de São Paulo; UFRJ; Instituto de Estudos Brasileiros; Departamento de Vertebrados

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0101-47142009000100009

Palavras-chave:

Cartografia histórica, Cartografia holandesa, Cartografia quinhentista, Cartografia seiscentista, Iconografia, Iconologia

Resumo

Vagos em seu traçado e pródigos em figuras de seres reais ou fabulosos, a iconografia dos mapas medievais cumpria papel nada desprezível para o reconhecimento de terras virtualmente desconhecidas pela Cristandade. Em um mundo sem latitude e longitude confiáveis, os acidentes da paisagem, os povos existentes e até mesmo determinados componentes da fauna e flora poderiam transformar-se em variáveis de extrema importância para a orientação geográfica. Apesar de alcançarem maior precisão nas tentativas de representar o espaço geográfico, experimentarem considerável avanço na determinação da latitude e prosseguirem na busca de um método prático para obter a longitude, os cartógrafos da época dos Grandes Descobrimentos ainda se preocuparam em figurar elementos notáveis - imaginários ou não - capazes de auxiliar na orientação dos viajantes nas mais diferentes regiões do globo. Com a crescente expansão europeia e a autêntica revolução científica em curso no século XVII, os extensos comentários e as vistosas representações da natureza e dos habitantes dos locais perderiam rapidamente o papel de referência nos mapas seiscentistas, conservando apenas seu valor estético e econômico. A chegada do século XVIII consolidaria a definitiva transformação das ilustrações em um elemento essencialmente decorativo, sem qualquer outro papel relevante em termos cartográficos. Além de menos numerosas, as figuras amiúde tendem a uma certa estilização e acentuam seu deslocamento para a periferia dos mapas, que soem apresentar alguma ornamentação apenas nas cártulas ou cartuchos. Apesar de muitas vezes conservarem algum tipo de relação com o espaço geográfico considerado, os motivos escolhidos também podem adquirir relativa independência, havendo numerosos casos de alegorias e composições com variadas figuras mitológicas, bem como representações de caráter histórico destinadas a ressaltar o poderio de um determinado ator político.

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Publicado

2009-06-01

Edição

Seção

Estudos de Cultura Material

Como Citar

TEIXEIRA, Dante Martins. Todas as criaturas do mundo: a arte dos mapas como elemento de orientação geográfica . Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 137–154, 2009. DOI: 10.1590/S0101-47142009000100009. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5508.. Acesso em: 19 abr. 2024.