Função-historiador: o projeto Grupo Atlas como modelo contemporâneo de autoria artística

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2021.177322

Palavras-chave:

Arte contemporânea, Modelos de autoria, Memória e história, Conflitos políticos, Walid Raad

Resumo

O artigo apresenta o conceito “função-historiador” como modelo possível de autoria de uma arte da memória. Elaborado por meio de uma modulação da função-artista, de Peter Osborne, e da análise do projeto Grupo Atlas, prática artística de Walid Raad sobre as guerras civis libanesas, o termo é desenvolvido como contraposição ao modelo crítico de artista-testemunha, predominantemente utilizado nas mediações de práticas artísticas sobre conflitos políticos recentes. O enfrentamento entre essas propostas se faz a partir do distanciamento entre o sujeito-artista e uma posição de autoria artística. Essa separação permite investigar outros formatos de apresentação do artista como parte de sua produção e verificar novas abordagens dos vínculos autobiográficos e identitários nas produções artísticas contemporâneas.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Vivian Braga dos Santos, Institut National d'Histoire de l'Art

    Vivian Braga dos Santos é doutora em Artes (História, Crítica e Teoria da Arte) pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do núcleo “Histoire de l’art mondialée” no Institut National d’Histoire de l’Art (INHA, França). Seus trabalhos abordam um amplo leque de questões sobre as relações entre arte contemporânea, conflitos políticos e história e memória em diferentes contextos geopolíticos. Atualmente, desenvolve uma pesquisa sobre arte e raça no Brasil contemporâneo a partir de dois núcleos principais de investigação: o arquivo e a performance.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? Tradução de Nilceia Valdati. IIha de Santa Catarina: Outra Travessia, 2005.

AILLAGON, Jean-Jacques. Hors l’histoire, face a l’histoire. In AMELINE, Jean-Paul; BELLET, Harry (ed.). Face a l’histoire: L’artiste moderne devant l’évènement historique, 1933-1996 (catálogo da exposição). Paris: Centre George Pompidou, 1997. pp. 10-11.

ATHANASSOPOULOS, Vangelis (org). Quand le discours se fait geste: Regards croisées sur la conférence-performance. Paris: Les Presses du Réel, 2018.

BAQUÉ, Dominique. Pour un nouvel art politique : de l’art contemporain au documentaire. Paris: Flammarion, 2004.

BENJAMIN, Walter. O autor como produtor. In BENJAMIN, Walter. Magia, técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio P. Rouanet. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, [1934] 1987. pp. 120-136. v. 1. (Coleção Obras Escolhidas).

ENWEZOR, Okwui. Archive fever: uses of the document in contemporary art. Nova York: International Centre of Photography and Steidl, 2008.

FARGE, Arlette. O sabor do arquivo. Tradução de Fátima Murad. São Paulo: Edusp, 2009.

FOSTER, Hal. An archival impulse. October, Cambridge, v. 110, pp. 3-22, 2004.

FOSTER, Hal. O artista como etnógrafo. In FOSTER, Hal. O retorno do real: a vanguarda no final do século XX. Tradução de Célia Euvaldo. São Paulo: Cosac Naify, 2014. pp. 158-185.

FOUCAULT, Michel. O que é um autor? In FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos: estética – literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. pp. 264-298. v. 3.

FUNÇÃO. In DICIONÁRIO Michaelis de Português. Versão on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=fun%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 2 abr 2021.

GRAW, Isabelle. Quando a vida sai para trabalhar: Andy Warhol. Tradução de Sônia Salzstein. ARS, São Paulo, ano 15, n. 29, pp. 245-261, 2017.

GIBBONS, Joan. Contemporary art and memory: images of recollection and remembrance. Londres: I. B. Tauris, 2007.

GILBERT, Alan. A cosmology of fragments. In BORHARDT-HUME, Achim (ed.). Walid Raad: miraculous beginnings (catálogo da exposição). Londres: Whitechapel Gallery, 2010a. pp. 114-121.

GILBERT, Alan. Walid Raad (Re)invents The Archive. Aperture Archive, Nova York, n. 198, p. 63, 2010b.

HERNÁNDEZ-NAVARRO, Miguel. Materializar el pasado: el artista como historiador (benjaminiano). Murcia: Micromegas, 2012.

HUYSSEN, Andreas. Culturas do passado-presente: modernismos, artes visuais, políticas de memória. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014. pp. 11-14.

MAISON ROUGE, Isabelle. Mythologies personnelles : L’art contemporain et l’intime. Paris: Éditions Scala, 2004.

MICHALET, Judith; TRENTINI, Bruno (ed.). [Re]montages du temps en art. Revue Proteus, [s. l.], n. 12, p. 2, 2017.

MILDER, Patricia. Teaching as art: the contemporary lecture-performance. PAJ 97, Cambridge, pp. 13-27, 2011.

OLIVEIRA, Manuel (org.). Conferencia performativa: nuevos formatos, lugares, prácticas y comportamentos artísticos. León: Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y Léon, 2014.

OSBORNE, Peter. La ficción de lo contemporáneo: la colectividad especulativa de The Atlas Group. In OSBORNE, Peter. El arte más allá de la estética: ensayos filosóficos sobre el arte contemporáneo. Tradução de Yaiza Hernández Velázquez. Murcia: Cendeac, 2010. pp. 257-284.

OSBORNE, Peter. Art Time. In OSBORNE, Peter. Anywhere or not at all: philosophy of contemporary art. Nova York: Verso, 2013. pp. 175-211.

RAAD, Walid; THE ATLAS GROUP. The truth will be known when the last witness is dead: documents from the Fakhouri File in The Atlas Group Archive. Edição trilíngue: inglês, francês, árabe. Köln: Verlag der Walther König, 2004. v. 1.

RAAD, Walid; THE ATLAS GROUP. My Neck is thinner than a hair: Engines. Documents from The Atlas Group Archive. Edição trilíngue: inglês, francês, árabe. Köln: Verlag der Walther König, 2005. v. 2.

RAAD, Walid; THE ATLAS GROUP. Scratching on things I could disavow: some essays from The Atlas Group Project. Köln: Walther König, 2007.

RAAD, Walid; THE ATLAS GROUP. Ficción y acontecimiento. Dislocando la historia. Entrevista cedida a Alberto Sanchez Balmisa. Exist Express, [s. l.], n. 43, seção de arte, pp. 6-13, 2009.

RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa 3: o tempo narrado. Tradução de Claudia Berliner. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

RÜSEN, Jörn. Razão histórica – teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Tradução de Estevão de Rezende Martins. Brasília, DF: Editora UnB, 2010.

SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SCOTT, Joan W. Experiência. In SILVA, Alcione Leite da; SOUZA, Mara Coelho de Lag; RAMOS, Tânia Regina Oliveira (org.). Falas de gênero. Florianópolis: Mulheres, 1999. pp. 21-55.

SPIEKER, Sven. The big archive: art from bureaucracy. Cambridge, MA: The MIT Press, 2008.

YOUNG, James Edward. The texture of memory: holocaust memorials and meaning. New Haven: Yale University, 1993.

YOUNG, James Edward. At memory’s edge: after-images of the holocaust in contemporary art and architecture. New Haven: Yale University, 2000.

Downloads

Publicado

2021-04-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Função-historiador: o projeto Grupo Atlas como modelo contemporâneo de autoria artística. (2021). ARS (São Paulo), 19(41), 213-264. https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2021.177322