A Folha de Ipiaú, situada na Região Granulítica do Sul da Bahia, foi objeto de trabalhos de sensoriamento remoto, seguido de reconhecimento de campo e estudos petrográfícos. Isto permitiu a elaboração de um mapa geológico na escala 1:100.000. A partir da análise fotogeológica e estudos de campo, a área estudada foi dividida em três domínios: (i) Domínio da Costa Atlântica compreendendo a parte leste da área, sendo formado por metatonalitos/trondhjemitos, metagabros, faixas de supracrustais intercaladas, além de corpos dispersos de ultramafitos e charnockitos; (ii) Domínio de Ipiaú, na parte central da área, sendo formado por ortognaisses graníticos/granodioríticos/tonalíticos com bandas de anfibolitos subordinadas além dos corpos graníticos de Itajibá e Dário Meira e, (iü) Domínio Jequié-Mutuipe, situado na porção NW da área sendo litologicamente representado por rochas charnockíticas e charnoenderbíticas. O primeiro e terceiro Domínios estão equilibrados na fácies granulito enquanto o segundo é da fácies anfibolito alto. Estes três domínios foram afetados no mínimo por duas fases de deformação dúctil, que imprimiram nas litologias uma estrutura gnaíssica típica. Admite-se que a primeira fase (F1) represente uma tectônica de baixo ângulo cujas evidências foram quase que completamente mascaradas pelo evento subseqüente. A fase (F2) desenvolveu dobras apertadas a isoclinais com planos axiais subverticais. Nas zonas de deformação mais intensa, esta fase evoluiu até transposição incluindo um componente de cisalhamento transcorrente sinistrai, que colocou lado a lado, níveis crustais de profundidades variadas e blocos de rochas de naturezas diferentes. O metamorflsmo granulítico é de idade transamazônica e contemporâneo às duas fases tectônicas. Finalmente deve-se ressaltar que a interpretação de diferentes produtos de sensoriamento remoto, seguida de checagem de campo, permitiu identificar os corpos máficos-ultramáficos de Mirabela, Floresta e Palestina, portadores de mineralizações, que penetraram em sítios extensionais ligados à etapa final do evento (F2). Estes sítios estruturais merecem, portanto, estudos de maior detalhe, do ponto de vista da prospeção mineral.