Mineralogia e cristalografia do diamante do Triângulo Mineiro

Autores

  • Cirano Rocha Leite Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-8978.v3i0p101-160

Resumo

O presente trabalho procura caracterizar o diamante do Triângulo Mineiro, através de sua morfologia, figuras e estruturas de superfície, propriedades espestroscópicas (absorção ao IV e fluorescência ao UV) e, principalmente, pelas inclusões minerais, estudo que poderá conduzir, com maior segurança, os trabalhos geológicos futuros, em busca da matriz primária, ainda desconhecida. O estudo morfológico revelou a predominância do hábito rombododecaédrico, entre as formas simples presentes, sendo também freqüentes os geminados (33% do total). A predominância da forma rombododecaédrica, com faces arredondadas, é explicada, aqui, como resultado de dissolução natural, em ambientes oxidantes. O rombododecaedro - forma de equilíbrio durante tal processo - foi deduzido pela variação de velocidade de dissolução, levando-se em conta a estrutura cristalina do diamante. As figuras de superfície são, em linhas gerais, as mesmas já observadas em diamantes de outras procedências, tendo-se notado somente algumas estruturas e figuras superficiais ainda não descritas. A origem destas figuras pode ser admitida como conseqüência de corrosão natural do diamante, o que se confirma pela sua presença em sólidos de clivagem. Os diagramas de absorção ao infravermelho, acusaram uma freqüência anômala de diamantes do tipo Ib, raros entre os diamantes naturais. Esta observação deve ser confirmada por estudos futuros, e talvez constitua uma das principais características do diamante do Triângulo Mineiro. As inclusões minerais, identificadas através da dif ração de raios X (método da precessão): forsterita, piropo, magnesiocromita e pentlandita, sugerem processos genéticos ligados ao magmatismo ultrabásico. A presença de efeitos secundários no hospedeiro (birrefringência anômala e fraturas de tensão, além do fato de estas inclusões ocorrerem epitàxicamente orientadas no diamante, afastam qualquer hipótese de preenchimento secundário. A paragênese primária, indicando o equilíbrio forsterita + espinélio + coesita ;piropo talvez permita estimar as condições de pressão e temperaturas ambientes durante a cristalização do diamante.

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Publicado

1972-12-01

Edição

Seção

nao definida