O Filtrado do Mycobacterium de Stefansky na Lepra Murina

Autores

  • J. M. Gomes Instituto de Higiene de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2359-537X.v0i84p3-21

Resumo

Existe no M. de Stefanski e possivelmente nos Mycobacteria, em geral, uma forma granular filtravel. Muitos bacilos passam através dos filtro~ bacteriológicos, mas o que interessa neste trabalho é a parte finamente granular dos mesmos germes. A existência dessa forma filtravel demonstra- se, no M. tuberculosis, por exemplo, pelas lesões que determina, pois tem uma patologia própria. Na lepra humana parece ser a responsavel por certos fenômenos verificados na lepra incipiente, mas ainda não há provas definidas a tal respeito. Na lepra murina mostramos sua existência filtrando em Seitz uma suspensão de leproma conservado em glicerina e água distilada, partes iguais, e inoculando em ratos. A glicerina afeta a virulência do bacilo de tal sorte que, num material assim conservado durante 30 dias, os germes lavados e reduzidos o mais possível à forma bacilar não filtravel e inoculados em ratos, foram logo destruidos. Entretanto, os animais injetados com filtrado apresentaram, na maior parte dos casos, grande proliferação de bacilos. Os filtrados resistem tambem melhor à irradiação ultra-violeta do que os bacilos lavados. Por todas estas razões não é nossivel negar a existência, no M. de Stefanski. de uma forma infra-microbiana filtravel. Noutra série de experiência mostramos que esse tipo de germe elimina-se pela narina do rato previamente inoculado com filtrado, mesmo na ausência dos bacilos organizados. Procurando saber que funcão exerceriam os elementos filtraveis, vimos que, inoculados até 60 dias antes da injeção de uma suspensão de leproma ativo, promovem maior infecciosidade parecendo ter uma "ação preparadora". Notou-se porem, que intervalando de 90 dias, a dispersão dos germes foi menor do que nos contrôles, sendo, no entanto, mais volumoso o leproma inicial. Com a inoculação de filtrado irradiado, observou-se fato semelhante, mas a toxicidade é menor. Com estes elementos buscamos, enfim, verificar como se processaria a infecção leprótica. Inoculamos filtrado de M. de Stefansk1 numa série de ratos e lO dias depois bacilos lavados. Os contrôles só receberam bacilos lavados. No fim de 6 meses só houve dispersão de germes e começo de lepra progressiva nos primeiros; os segundos nada ou muito pouco apresentaram. Há a impressão que a lepra se faz em dois tempos: a) infecção pelos elementos filtraveis (elementos preparadores) e b) infecção pelos bacilos organizados. Para conclusões definitivas, há entretanto, necessidade de pesquisas mais numerosas em tempo mais dilatado de observacão .

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Publicado

1945-03-15

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O Filtrado do Mycobacterium de Stefansky na Lepra Murina. (1945). Boletim Do Instituto De Higiene De São Paulo, 84, 3-21. https://doi.org/10.11606/issn.2359-537X.v0i84p3-21