Anelídeos poliquetas do nordeste do Brasil: I - poliquetas bentônicos da costa de Alagoas e Sergipe

Autores

  • Edmundo F Nonato Universidade de São Paulo; Instituto Oceanográfico
  • José Audísio C Luna Universidade Federal de Pernambuco; Laboratório de Ciências do Mar

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1679-87591970000100004

Resumo

Num trabalho anterior (NONATO & LUNA, 1969) discutimos as espécies de poliquetas de escama que fazem parte de uma coleção proveniente de dragagens executadas pelo Laboratório de Ciências do Mar da Universidade Federal de Pernambuco, no Nordeste do Brasil. No atual, são tratadas as espécies desprovidas de escamas, em número de 71. Informações sobre a área amostrada estão contidas nos trabalhos de CAVALCANTI & colab. e de MABESOONE & TINOCO, 1967. Espécies pequenas e delicadas que constituem parte ponderável das populações bentônicas foram muito raras nesta área. Isto pode ser devido a condições eventualmente adversas ou, muito mais provavelmente, é conseqüência de sua destruição durante a coleta e triagem. Os fundos duros predominantes, com superfície irregular e constituídos em grande parte por blocos ou cascalho de algas calcárias e corais, tornam particularmente árdua a amostragem biológica. Nessas condições é difícil preservar a integridade de seres de corpo delicado como os poliquetas, da ação trituradora, dentro dos aparelhos de coleta. Devemos ter em conta essa circunstância ao avaliar a densidade aparente da fauna. Os poliquetas não devem ser tão pouco freqüentes como indica o resultado da prospecção atual. Acreditamos que o uso de melhores técnicas permitirá apreciar a sua verdadeira densidade e conhecer melhor sua distribuição. A pesca noturna, com luz submersa, por exemplo, poderá ser um excelente método para atrair espécies do substrato ou de habitats de outra forma inaccessíveis. Das 71 espécies, apenas uma foi considerada como nova para a ciência. Scoloplis agrestis sp. nov. assemelha-se a S. robustus Rullier e a S. madagascarensis Fauvel, diferindo de ambas pelo número de setígeros torácicos e pelo número reduzido de cerdas aciculares dos neuropódios torácicos. Os Eunicea são o grupo melhor representado, com 26 espécies, das quais a mais comum é Eunice longicirrata Webster (108 exemplares em 19 estações). Diopatra spiribranchis Augener e Hypsicomus elegans Webster são consideradas boas espécies. Somente dois Flabelligerideos foram capturados em toda a área; um deles é um espécimem bem conservado de Pherusa scutigera (Ehlers) e o outro um Piromis sp. A maior parte das espécies desta coleção é constituída por formas semelhantes às encontradas na região das Antilhas, como, aliás, seria de se esperar. Porém, algumas aproximam-se de espécies do Pacífico e do Indico, como é o caso de Glycera longipinnis Grube, Onuphis litoralis Monro e Vermiliopsis acanthophora Augener, cujas características concordam perfeitamente com as descrições a que tivemos acesso.

Downloads

Publicado

1970-01-01

Edição

Seção

nd