Florística e aspectos fitogeográficos dos "campos" do Parque Estadual do Jaraguá, São Paulo, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9052.v36i1p1-22Palavras-chave:
campo, cerrado, conservação, Mata Atlântica, florísticaResumo
As formações campestres e savânicas no Domínio da Mata Atlântica na região metropolitana de São Paulo são bem documentados mas ainda pouco estudados. O Parque Estadual do Jaraguá (PEJ), localizado na cidade de São Paulo, possui uma formação campestre em sua porção mais alta, entre 905 a 1125 m de altitude, vulnerável à perturbação antrópica. O primeiro levantamento florístico realizado no PEJ constatou 55 espécies arbustivo-arbóreas na formação denominada “campos”, sugerindo mais estudos na área. A recente descoberta da presença no PEJ de populações de uma espécie rara, Baccharis trineura Soria & Zardini, motivou este novo levantamento da flora vascular, buscando aprofundar a amostragem sobretudo no componente herbáceo-subarbustivo. A lista de espécies foi então comparada com inventários disponíveis de outras áreas com campos e cerrados de topo de morro das proximidades, inseridas no Domínio da Mata Atlântica. O presente estudo buscou ainda investigar se os campos do PEJ têm origem antrópica ou autóctone, e detectar se sua flora é mais relacionada à da Mata Atlântica circundante ou à do Cerrado. Ao longo de um ano, coletas quinzenais foram realizadas nos 37 hectares de campos do PEJ. Este levantamento registrou 242 espécies nativas de 50 famílias vasculares, dentre as quais 112 são típicas de cerrado e 34 são ruderais. A comparação desses dados com as outras listas florísticas mostra que a vegetação campestre do PEJ apresenta 51 espécies em comum com os do Parque Estadual do Juquery, 20 com o Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar, 28 com a Estação Ecológica de Santa Bárbara, 16 com a Reserva Biológica de Moji Guaçu e 11 com o Parque das Furnas do Bom Jesus. Os resultados corroboram a suposição de que os campos do PEJ sejam autóctones, pelo contraste do elevado número de espécies nativas com a baixa taxa de espécies ruderais e exóticas, além da presença de espécies ameaçadas ou vulneráveis. O elevado número de espécies típicas da flora do Cerrado e a alta similaridade do PEJ com outras vegetações savânicas já estudadas na região, além do expressivo índice de pirófitas, indicam que a formação campestre do PEJ provavelmente constitua uma área disjunta de cerrado, um notório pirobioma. Uma breve discussão sobre provável natureza relictual essa formação campestre é apresentada.
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