Chamada de artigos - Dossiê "Como se proíbe uma planta? Sobre plantas que se tornam drogas"

2021-11-09

Coca, maconha, papoula, cogumelos, cactus e iboga; plantas que em estado natural ou com distintos graus de transformação têm sido estritamente proibidas por supostamente causarem danos à saúde humana. A aplicação punitiva destas disposições jurídico-legislativas têm sido colocadas em prática principalmente pelas vias policial e militar. Por outro lado, essas plantas são agentes centrais nas práticas políticas, terapêuticas e agrícolas - de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, camponesas, bem como de coletivos urbanos de religiosidades diversas -e nos posicionam diante de modos outros de relacionar-se e de produzir.

A relação plantas-drogas tem sido objeto de abundantes estudos sobre seus múltiplos usos alimentícios e farmacêuticos para a cura de males contemporâneos. Ao mesmo tempo, essa associação tem sido objeto e justificativa para a construção de um enorme universo proibicionista - a Guerra contra as drogas - que permite executar ações de guerra química e necropolíticas que produzem o extermínio de populações rurais e urbanas ao redor da América Latina.

A elaboração de um circuito onde fluem plantas e drogas é um processo global, e literalmente enraizado. Presente e oculto. Vital e mortal. Sujeito aos mais cruéis ataques das mais diversas frentes. Estes circuitos que plantas e drogas criam, sustentam e nos quais se expandem é poroso e desfrutam de uma grande capacidade de reconfiguração e resiliência. Por isso também sua análise é desafiadora e esquiva.

Assim, queremos propor neste dossiê a reunião de pesquisadoras e pesquisadores para compartilhar análises antropológicas sobre plantas que se tornam drogas. Produções que pensem a partir de distintas regiões latinoamericanas, não exclusivamente espaços nacionais, mas translocais, observando diversos cenários e contextos empíricos: como a terra, a mão que cultiva, o escritório, a política pública, as armas, as praças, as festas dentre outros.

As propostas de artigos para compor a seção devem ser enviadas até 28 de fevereiro de 2022 por meio do sistema eletrônico da revista Cadernos de Campo, obedecendo às normas editoriais. Os textos devem ser desidentificados, respeitar os princípios éticos de pesquisa em Antropologia e não serem maiores que 9000 palavras. Dúvidas e sugestões ao longo do processo podem ser encaminhadas para cadcampo@gmail.com