Conhecendo deuses, doenças de branco e fezes de gavião-real: notas sobre aspectos classificatórios de bichos-de-pena entre os Kujubim em Rondônia

Autores

  • Gabriel Sanchez Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29i2pe157264

Palavras-chave:

Kujubim, Rondônia, Etnologia indígena, Relações humano-animal, Conhecimento

Resumo

O presente artigo diz respeito aos conhecimentos sobre os seres que nossa ciência biológica classifica como “aves” entre os Kujubim (Rondônia), a partir de suas práticas e perspectivas intelectuais, materiais e semióticas. Sendo assim, partindo das relações entre bichos-de-pena e os Kujubim, pretendo demonstrar como opera uma matriz classificatória entre o grupo, isto é, as operações intelectuais e práticas envolvidas nestas “classificações”, explorando como o conhecimento desses seres se constitui, se adquire e os organiza em determinadas categorias. Neste sentido, através do modo como os Kujubim se relacionam com as “aves”, pretendo contribuir para os estudos animais (DEMELLO, 2012; BEVILAQUA & VANDER VELDEN, 2016) partindo da seguinte questão: o que a análise do “sistema” de classificação dos Kujubim acerca das “aves” revela sobre as relações semióticas entre humanos e animais? E, ainda, o que essas relações podem nos revelar sobre os aspectos das próprias classificações e como elas se fundamentam?

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Gabriel Sanchez, Universidade Federal de São Carlos

    Graduação em Ciências Sociais (2016), com ênfase em Antropologia, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e mestrado em Antropologia Social (2019) pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da mesma instituição. Atua como membro do Laboratório de Etnologias Transespecíficas (LETS) e é membro do grupo de estudos HUMANIMALIA: Antropologia das relações humano-animais.

Referências

ALEIXO, Alexandre. (2007). “Conceitos de espécie e o eterno conflito entre continuidade e operacionalidade: uma proposta de normatização de critérios para o reconhecimento de espécies pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos”. Revista Brasileira de Ornitologia, vol.15, n.2. pp.297-310.

BERLIN, Brent. (1992). Ethnobiological classification: principles of categorization of plants and animals in traditional societies. New York: Princeton University Press.

BEVILAQUA, Ciméia; VANDER VELDEN, Felipe. (orgs). (2016). Parentes, vítimas, sujeitos: perspectivas antropológicas sobre a relação entre humanos e animais. São Carlos: EDUSFCar/ Curitiba: EDUFPR.

CABRAL DE OLIVEIRA, Joana. (2006). Classificação em cena: algumas formas de classificação das plantas cultivadas pelos Wajãpi do Amapari (AP). Dissertação de mestrado. São Paulo: PPGAS/USP.

CARRARA, Eduardo. (1997). Tsi tewara – Um voo sobre o cerrado Xavante. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PPGAS/USP.

DeMELLO, Margo. Animal and society: an introduction to human/animal studies. New York: Columbia University Press, 2012.

DESCOLA, Phillipe. (1986). La selva culta: Simbolismo y praxis en la ecología de los Achuar. Quito: Ed. Abya Yala.

DESCOLA, Phillipe. (1992). “Societies of Nature and Nature of Society”. In: KUPER, Adam. (ed.) Conceptualizing Society. London/New York: Routledge.

DESCOLA, Phillipe. (1998). “Estrutura ou sentimento: A relação com o animal na Amazônia”. Mana, vol.4, n.1. pp.23-45

DESCOLA, Phillipe. (2006). “Beyond Nature and Culture”. Proceedings of the British Academy, v.139. pp. 137-155.

DURAN, Iris Rodrigues. (2000). Descrição Fonética e Lexical do Dialeto (Kujubim) da língua Moré. Dissertação de mestrado. Guajará-Mirim: PPG-Linguística/UFRR.

FARIAS, Gilmar Beserra de; ALVES, Ângelo Chaves. (2007). “Aspectos históricos e conceituais da etnoornitologia”. Biotemas, v. 20, n. 1, p 91-100.

FAUSTO, Carlos. (2008). “Donos demais: Maestria e Domínio na Amazônia”. Mana, vol.14, n.2, p. 329-366.

GALLOIS, Dominique Tilkin (org.). (2005). Redes de relações nas Guianas. São Paulo: Associação Editorial Humanitas/FAPESP.

INGOLD, Tim. (1994). Whats is an animal? London: Routledge.

JENSEN, Arthur. (1988). Sistemas indígenas de classificação de aves: aspectos comparativos, ecológicos e evolutivos. Tese de doutorado. Campinas: PPG-Eco/Unicamp.

KIRKSEY, Eben; HELMREICH, Stefan. (2010). “The emergence of multispecies ethnography”. Cultural Anthropology, v. 25, n.4, p. 545–576.

LATOUR, Bruno. (1994). Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34.

LÉVI-STRAUSS, Claude. (2005). O Pensamento Selvagem. Rio de Janeiro: Papirus.

LIMA, Taniza Stolze. (2002). “O que é um corpo?”. Religião e Sociedade, vol.22, n.1, p. 09-19.

MALDI, Denise. (1991). “O Complexo Cultural do Marico: Sociedades Indígenas dos Rios Branco, Colorado e Mequens, afluentes do médio Guaporé”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, serie Antropologia, vol.7, n.2

NEMO, François., GRENAND, Françõise, GRENAND, Pierre & CRISTINOI, Antonia. (2017). “Etnosemântica das classificações animais – exemplos de algumas línguas amazônicas”. In: MARCHAND, Guillaume & VANDER VELDEN, Felipe (orgs.). Olhares cruzados sobre as relações entre humanos e animais silvestres na Amazônia. Manaus: EDUA.

POSEY, Darrel. (1987). “Introdução”. In: RIBEIRO, Darcy. Suma etnológica brasileira. Edição atualizada do Handbook of South America. Volume 1 – Etnobiologia. Vários autores. Ed. Vozes: Petrópolis.

SOARES-PINTO, Nicole. (2009). Do poder do sangue e da chicha: os Wajuru do Guaporé (Rondônia). Dissertação de mestrado. Curitiba: PPGAS/UFPR.

SOARES-PINTO, Nicole. (2014). Entre as teias do Marico: parentes e pajés djeoromitxi. Tese de doutorado: Brasília: PPGAS/UnB.

VANDER VELDEN, Felipe. (2010) Tupi em Rondônia: diversidade, estado do conhecimento e proposta de investigação. Revista Brasileira de Linguística Antropológica. Vol. 2, n. 1.

VANDER VELDEN, Felipe. (2012). Inquietas Companhias: sobre os animais de criação entre os Karitiana. São Paulo: Alameda.

VANDER VELDEN, Felipe. (2015). “Apresentação ao Dossiê. Animalidades Plurais”. R@u – Revista de Antropologia da UFSCar, vol.7, n.1.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. (2002). “Perspectivismo e o Multinaturalismo na América Indígena”. In: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. (2004). “Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation”. Tipití vol.2, n.1 p. 3-22.

Downloads

Publicado

2020-12-31

Edição

Seção

Artigos e Ensaios

Como Citar

Conhecendo deuses, doenças de branco e fezes de gavião-real: notas sobre aspectos classificatórios de bichos-de-pena entre os Kujubim em Rondônia. (2020). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 29(2), e157264. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29i2pe157264

Dados de financiamento