Pesa, logo existe: por uma antropologia que corra (perigo)

Autores

  • Amanda Horta Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
  • Renato Jacques Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29i2pe171329

Palavras-chave:

Teoria antropológica, Antropologia do corpo, Etnologia ameríndia, Descolonização epistêmica, Antropologia da dança

Resumo

Este artigo se dá na interseção entre dois trabalhos de campo, um entre indígenas do Território Indígena do Xingu que habitam a cidade de Canarana, Mato Grosso, outro com grupos de danças contemporâneas na cidade de São Paulo. Nossa intenção é ressaltar os importantes efeitos de se levar a sério a possibilidade de que outros mundos levem a outros modos de conhecimento, estabelecendo, desde a perspectiva do corpo e de seus poderes modulatórios, uma crítica a abordagens estritamente intelectuais de saberes que chamam à experiência direta. O que sugerimos aqui é uma radicalização da proposta de se levar a sério a verdade de nossas interlocutoras e interlocutores de pesquisa, não apenas escutando suas verdades como verdades para elas, mas escutando-as como verdades que definem, ela mesmas, os limites de sua extensão.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Amanda Horta, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

    Graduada em Ciências Sociais pela UFMG (2010), mestre e doutora em antropologia social pelo Museu Nacional da UFRJ (2013 e 2018), Amanda Horta desenvolve pesquisa junto às populações do Território Indígena do Xingu, com ênfase nas experiências indígenas no espaço urbano de Canarana.

  • Renato Jacques, Universidade de São Paulo

    Graduado em Ciências Sociais pela UFMG (2009), mestre em Antropologia Social pela USP (2014) e doutorando em Antropologia Social, também pela USP. Desde 2009, Renato Jacques vem atuando como pesquisador e colaborador em projetos de pesquisa e criação em teatro, artes plásticas, dança contemporânea e literatura.

Referências

BAITELLO, Norval. (2012). O pensamento sentado. Sobre glúteos, cadeiras e imagens. São Leopoldo, RS: Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

BELAUNDE, Luisa Elvira. (2016). Corpo terra - Tempo lua: Reflexões sobre o chão e a incerteza entre os Quechua-lamas da Alta Amazônia Peruana. In: Incerteza Viva. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo.

BECHELANY, Fabiano Campelo. (2017). Suasêri: a caça e suas transformações com os Panará. Tese de Doutorado em Antropologia. Brasília: Brasília: PPGAS-UNB.

CASTAÑEDA, Carlos. (1971). Uma estranha realidade. Rio de Janeiro: Editora Record.

CORREA XAKRIABÁ, Célia Nunes. (2018). O Barro, o genipapo e o giz no fazer epistemológico de autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. Dissertação de Mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais. Brasília: PPG-Sustentabilidade, UNB.

COELHO DE SOUZA, Marcela Stockler. (2014). Conhecimento indígena e seus conhecedores: uma ciência duas vezes concreta. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela; CESARINO, Pedro. (Orgs.). Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Cultura Acadêmica.

COELHO DE SOUZA, Marcela Stockler. (2017). Uma irritante duplicidade: breve nota sobre a contramestiçagem e os Kisêdjê. In: R@U - Revista de Antropologia da UFSCar, vol.9, n.2.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix. (1992). O que é a Filosofia? Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. São Paulo: Editora 34.

DICIO. (2020). Dicionário Online de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/costume/ Último acesso em junho de 2020.

FAVRET-SAADA, Jeanne. (1977). Les mots, la mort, les sorts. Paris: Gallimard.

GOLDMAN, Marcio. (2016). Mais alguma antropologia: ensaios de geografia do pensamento antropológico. São Paulo: Ponteio.

GUSS, David. (1989). To Weave and Sing: Art, Symbol and Narrative in the South American RainForest. Berkeley: University of California Press.

GUERREIRO, Antônio. (2012). Ancestrais e suas sombras: Uma etnografia da chefia kalapalo e seu ritual mortuário. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Brasília: PPGAS-UnB.

HORTA, Amanda. (2018). Relações indígenas em Canarana. Tese de doutorado em Antropologia Social. Rio de Janeiro: PPGAS Museu Nacional-UFRJ.

HORTA, Amanda. (2017). Indígenas em Canarana: notas citadinas sobre a criatividade Parque-Xinguana. In: Revista de Antropologia, n.60, v. 1.

INGOLD, Tim. 2008. Pare, olhe, escute! Visão, audição e movimento humano. In: Ponto Urbe, n.3.

JACQUES, Renato. (2015). Dançando estruturas: Lévi-Strauss, Alfred Gell e a dança contemporânea. In: Cadernos de Campo, n.24, v.24.

JACQUES, Renato. (2015). Ensaio ao pé da letra: etnografando processos criativos de danças contemporâneas. São Paulo: Editora Biblioteca 24 Horas.

JACQUES, Renato. (2019). Ensaiando corpos: a dança contemporânea, o improviso e a indomesticação (co)movente do pensamento. In: Revista Tessituras, n.2, v.7.

LAGROU, Els. (2007). A fluidez da forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica (Kaxinawa, Acre). Rio de Janeiro: TopBooks.

LAPLANTINE, François. (2015). The life of the senses: Introduction to a modal anthropology. New York: Bloomsbury.

LATOUR, Bruno. (2000). Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP.

LATOUR, Bruno. (2004). Políticas da natureza: Como fazer ciência na democracia. Tradução de Carlos Aurélio Mota de Souza. Bauru: Edusc.

LÉVI-STRAUSS, Claude. (1989). O Pensamento selvagem. Campinas: Papyrus.

LIGIÉRO, Zeca. (2011). O conceito de “motrizes culturais” aplicado às práticas performativas afro-brasileiras. Revista Pós Ciências Sociais, vol.8, n.16.

LIMA, Tânia Stolze. (1995). A parte do Cauim: Etnografia juruna. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Rio de Janeiro: PPGAS Museu Nacional - UFRJ.

LIMA, Tânia Stolze. (2002). O que é um corpo? In: Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, vol.22, n. 1.

LIMA, Tânia Stolze. (2005). Um Peixe olhou para mim: O povo Yudja e a perspectiva. São Paulo: UNESP/ ISA/ NUTI.

MERLEAU-PONTY, Maurice. (1968). The Visible and the Invisible, followed by working notes. Evanston, Northwestern: University Press.

OLIVEIRA, Joana Cabral de. (2012). Entre plantas e palavras: Modos de constituição de saberes entre os Wajãpi. Tese de Doutorado em Antropologia Social. São Paulo: PPGAS USP.

SEEGER, Anthony; DA MATTA, Roberto; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. (1979). A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. In: Boletim do Museu Nacional, vol.32.

STRATHERN, Marilyn. (2006). O Gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Tradução de André Villalobos. Campinas: Editora da Unicamp.

STENGERS, Isabelle. (2011). Cosmopolitics II. Translated by Robert Bononno. Minneapolis: University of Minnesota Press.

STENGERS, Isabelle. (2017). Reativar o animismo. Tradução de Jamille Pinheiro. Belo Horizonte: Chão de Feira;

TAYLOR, Anne-Christine. (1996). The Soul’s body and its states: An Amazonian perspective of being human. In: The Journal Of The Royal Anthropological Institute. Vol. 2, No. 2.

VILAÇA, Aparecida. (2005). Chronically unstable bodies: Reflexions on Amazonian corporalities. In: The Journal of the Royal Anthropological Institute, vol.11, n.3.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. (2002). A Inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. (2012). “Transformação” na antropologia, transformação da “antropologia”. In: Mana vol.18, n.1.

WACQUANT, Loïc. (2002). Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

WAGNER, Roy. (1972). Habu: The innovation of meaning in Daribi Religion. Chicago: The University of Chicago Press.

WOLPERT, Daniel. (2011). A razão para os cérebros existirem. (17m59s). TED. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7s0CpRfyYp8&t=427s Último acesso 7/11/2021.

Downloads

Publicado

2020-12-31

Edição

Seção

Artigos e Ensaios

Como Citar

Pesa, logo existe: por uma antropologia que corra (perigo). (2020). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 29(2), e171329. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29i2pe171329