Perspectivas feministas na Amazônia indígena

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193718

Palavras-chave:

Feminismos indígenas, Movimentos de mulheres, Cosmopolíticas, Igualitarismo, Diferença, Violência

Resumo

Esta introdução apresenta os seis artigos reunidos no dossiê e destaca temas que foram proeminentes na oficina Perspectivas Feministas na Amazônia Indígena, realizada em junho de 2021. O que antropólogas e mulheres indígenas na Amazônia precisam da epistemologia feminista hoje? Como experientes e emergentes pesquisadoras estão reconciliando perspectivas centradas na alteridade dos sistemas de parentesco e cosmologias indígenas amazônicas, que têm sido extraordinariamente produtivos e criativos para os amazonistas e para a antropologia mais ampla, nesta era em que a violência colonial e pós-colonial estão na vanguarda das agendas políticas e experiências cotidianas de muitas mulheres indígenas? As mulheres estão enfrentando empresas petrolíferas, se organizando em resposta a novas formas de misoginia e exclusões (da riqueza do Estado, educação, tomadas formais de decisão) e se valendo das novas oportunidades conferidas pela mobilidade, pela reconfiguração das funções masculinas e pelo ensino superior. Esta introdução apresenta algumas das maneiras pelas quais antropólogas e mulheres indígenas estão descobrindo o que pode ser uma perspectiva feminista na Amazônia indígena.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Aline Regitano, Universidade de São Paulo

    Aline Regitano é doutoranda em antropologia social pela Universidade de São Paulo, pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios - CEstA/USP. Mestra em antropologia social pela Universidade Estadual de Campinas, com período sanduíche na University of St. Andrews.

  • Chloe Nahum-Claudel, University of Manchester

    Chloe é lecturer em Antropologia Social na University of Manchester, no Reino Unido. Entre 2006 e 2013, durante seu doutorado na Universidade de Cambridge, conduziu um trabalho de campo de 18 meses com os Enawenê-nawê no estado de Mato Grosso, no Brasil, numa época em que várias barragens hidrelétricas estavam sendo construídas em suas águas pesqueiras. Vital Diplomacy: the ritual everyday on a dammed river in Amazonia (Berghahn 2018) é sobre a resposta ritualizada da comunidade à ruptura implícita na captura de recursos, conceituada em termos de diplomacia. Além de seu trabalho sobre o potencial político da atividade ritual e sobre a diplomacia indígena, ela trabalhou nas relações humanas com o meio ambiente, gênero e parentesco, e estruturalismo e semiótica. Desde 2015 pesquisa a caça às bruxas na área central das terras altas de Papua Nova Guiné, o que a levou a adotar uma epistemologia mais explicitamente feminista, abrindo novas perspectivas para seu trabalho na Amazônia.

Referências

ANDERSON, Kim. 2010. “Affirmations of an indigenous feminist”. In : SUZACK, Cheryl; HUHNDORF, Shari M.; PERREAULT, Jeanne; BARMAN, Jean. Indigenous Women and Feminism: Politics, Activism, Culture. Vancouver: UBC Press

AURORA, Braulina. 2019. “A Colonização sobre as mulheres indígenas: Reflexões sobre cuidado com o corpo”. Interethnica - Revista de Estudos em Relações Interétnicas |, vol. 22, n. 1: 109–115

BACIGALUPO, Ana Mariella. 1998. "Les chamanes mapuche et l'expérience religieuse masculine et féminine". Anthropologie et Sociétés, vol. 22, n. 2: 123-143. DOI 10.7202/015540ar

BECKERMAN, Michael. 1989. Kayapo, Out of the Forest, BBC Disappearing Worlds Series

BELAUNDE, Luisa Elvira. 2005. El recuerdo de Luna: género, sangre y memoria entre los pueblos amazónicos. Lima: Fondo Editorial de la Facultad de Ciencias Sociales UNMSM.

BONILLA, Oiara; FRANCHETTO, Bruna; DUARTE, Nelly; BENITES, Sandra. 2015 “‘Os antropólogos contam tudo errado! Nós somos as autoras das nossas falas’ 011 — entrevista com Nelly Duyarte e Sandra Benites”. Revista DR, vol. 2, dossiê: falas e falhas da universidade

BRACONNIER, Olivia; WALACOU, Sylvie. 2021. “Ce que la descente du hamac dit du genre chez les Wayãpi de Camopi". Cadernos de Campo, vol. 30, n. 2: e193360. DOI 10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193360

BRAVO DÍAZ, Andrea. 2021. “Nangui tereka, hablando duro en la vida política de las mujeres Waorani”. Cadernos de Campo, vol. 30, n. 2: e193463. DOI 10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193463

COHN, Clarice. 2019. “Fazendo Pessoas, fazendo coletivos: as mulheres Xikrin do Bacajá”. Amazônica - Revista de Antropologia, vol. 11, n. 2: 549-581. DOI 10.18542/amazonica.v11i2.7554

COLPRON, Anne-Marie. 2005. “Monopólio Masculino do Xamanismo Amazônico: o contra-exemplo das mulheres xamã Shipibo-Conibo” Mana – estudos de Antropologia Social, vol.11, n. 1: 95–128. DOI 10.1590/S0104-93132005000100004

DAVIS, Angela. 1984. “Racism, birth control and reproductive rights”. In: DAVIS, Angela. Women, Race and Class. New York: Random House, pp.207-271.

FLORES ROJAS, Maria Ximena. 2021. ““El toé te cura bonito”: modos femeninos de dar salud en el pueblo Awajún (Amazonía peruana)”. Cadernos de Campo, vol. 30. N. 2: e193520. DOI 10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193520

FRANCHETTO, Bruna. 1996. “Mulheres entre os Kuikúro”. Estudos Feministas, Vol. 4, N. 1: 35-54. DOI 10.1590/%25x

HUGH-JONES, Christine. 1975. From the Milk River: Spatial and Temporal Processes in Northwest Amazonia. Cambridge: Cambridge University Press.

IRELAND, Emilienne. 2021. “The Incomplete Domestication of Wauja Women”. Cadernos de Campo, vol. 30, n. 2: e193357. DOI 10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193357

KAINGANG, Jozileia. 2016. Mulheres Kaingang, seus caminhos, políticas e redes na TI Serrinha. Florianópolis, Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina.

LASMAR, Cristiane. 1999. “Mulheres Indígenas: Representações”. Revista Estudos Feministas; Vol. 7, N. 1-2: 1-17. DOI 10.1590/%25x

LASMAR, Cristiane. 2008. “Irmã de índio, mulher de branco: Perspectivas femininas no alto Rio Negro”. Mana - Estudos de Antropologia Social, vol. 14: 429-454. DOI 10.1590/S0104-93132008000200006.

LEA, Vanessa R. 2012. Riquezas Intangíveis de Pessoas Partíveis: Os Mẽbêngôkre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: Edusp.

MAIZZA, Fabiana. 2017. "Persuasive Kinship: Human–Plant Relations in Southwest Amazonia". Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America: Vol. 15: n°.2: 206-220.

MCCALLUM, Cecilia. 2001. How Real People Are Made: Gender and Sociality in Amazonia. Oxford: Berg. 208 pp

MOHANTY, Chandra. 1984. “Under Western Eyes: Feminist Scholarship and Colonial Discourses”. Boundary 2, vol. 12, n.3:

NAHUM-CLAUDEL, Chloe. 2018. Vital Diplomacy: The Ritual Everyday on a Dammed River in Amazonia. Oxford: Berghahn Books

NAHUM-CLAUDEL, Chloe. 2019. “The Curse of Souw among the Amazonian Enawenê-nawê”. In: PITARCH, Peter; KELLY, Jose. (Eds). The Culture of Invention in the Americas: Anthropological Experiments with Roy Wagner. Hereford: Sean Kingston, pp. 211-233

NAHUM-CLAUDEL, Chloe. no prelo. “"Cuisiner avec Lévi-Strauss et les femmes Enawenê-nawê : à la recherche de la condition humaine dans les détails de l'expérience quotidienne in Claude Lévi-Strauss. Penser le monde autrement". Cahiers d'Anthropologie Sociale n° 20.

OVERING KAPLAN, Joanna. 1975. The Piaroa, a People of the Orinoco Basin. Oxford: Clarendon Press.

OVERING, Joanna. 1986. “Men control Women? The 'Catch 22' in the Analysis of Gender”. International Journal of Moral and Social Studies, vol. 1, n.2: 135–156.

REGITANO, Aline. 2019. “Cuida direitinho”: cuidado e corporalidade entre o povo Mehinako, Campinas, Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas.

RUBIN, Gayle. 1975. ‘“The traffic in women”: Notes on the political-economy of sex’. In: REITER, Rayna. (ed.). Towards an Anthropology of Women. New York; London: Monthly Review Press, pp 157-210.

SEGATO, Laura Rita. 2014. Las nuevas formas de la guerra y el cuerpo de las mujeres. Puebla: Pez en el árbol.

SILVEIRA, Maria Luiza. 2018. Mapulu, a mulher pajé: a experiência Kamaiurá e os rumos do feminismo indígena no Brasil. São Paulo, Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

SIMPSON, Audra. 2014. Mohawk Interruptus: political life across the borders of settler states. Durham and London: Duke University Press

SOARES, Ana Manoela Primo dos Santos. 2021. “Mulheres Originárias: Reflexões com movimentos de indígenas mulheres sobre as existências e inexistências de feminismos indígenas”. Cadernos de Campo, vol. 30, n. 2: 190396. DOI 10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe190396.

STRATHERN, Marilyn. 1988. The Gender of the gift: Problems with Women and Problems with Society in Melanesia. Berkeley: University of California Press.

TAYLOR, Anne Christine. 2000 “Le Sexe de la Proie: Représentations Jivaro du Lien de Parenté.” L’Homme, vol. 154/155:309–334.

VALENTINA NIETO, Juana. 2021. “‘Andarilhas’: agência, mobilidade e rebeldia na experiência colonial das mulheres Murui”. Cadernos de Campo, vol. 30, n. 2: e193595 DOI. 10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193595

VILACA, Aparecida. 2002. “Making kin out of others in Amazonia”. Journal of the Royal Anthropological Institute, vol. 8, n. 2: 347-365. DOI 10.1111/1467-9655.00007

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2001. “GUT feelings about Amazonia: potential affinity and the construction of sociality”. In: RIVAL, Laura; WHITEHEAD, Neil L. (Eds.). Beyond the Visible and the Material: thee Amerindianization of Society in the Work of Peter Riviere. Oxford: Oxford University Press, pp.19-43.

WARDLOW, Holly. 2014. Wayward Women: Sexuality and agency in a New Guinea Society. Berkeley: university of California Press.

WAURÁ, Piratá. 2021.Wauja Onapã (Wauja Song). Directed by, Associação Indígena Tulukai.

Publicado

2021-12-30

Edição

Seção

Especial

Como Citar

Perspectivas feministas na Amazônia indígena. (2021). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 30(2), e193718. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193718